Mês dos Beatles: Os Beatles como tema no cinema
Depois de falar sobre os Beatles no Cinema, vamos continuar com filmes dos Beatles mas de outra forma.
Hoje vamos falar a respeito dos Beatles no cinema como tema, como pano de fundo. E olha, são vários filmes com o nosso quarteto favorito envolvido como inspiração! Curiosos? Então vamos lá!
O Garoto de Liverpool (2009)
Para começar vamos falar do que veio “antes” da origem dos Beatles. Dirigido por Sam Taylor-Johnson, O Garoto de Liverpool, é baseado no livro Imagine: Crescendo Com Meu Irmão John Lennon, escrito por Julia Baird meia irmã do músico.
No filme vemos um John Lennon (Aaron Johnson) jovem que não aceita bem as regras impostas na escola e dentro de casa. Abandonado pela mãe quando tinha cinco anos, ele vive com seus tios George (David Threfall) e Mimi (Kristin Scott Thomas). Quando George morre, Lennon é obrigado a viver com Mimi, extremamente austera e sisuda. No funeral do tio ele vê sua mãe (Anne-Marie Duff), que se mantém afastada. Seu primo consegue o endereço dela, o que faz com que Lennon resolva visitá-la. O reencontro com o filho é a realização de um sonho para Julia, que passa cada vez mais seu tempo com ele. Animada e um tanto quanto inconsequente, ela apresenta ao filho o rock’n’roll. Logo, desperta nele a vontade de montar uma banda de rock.
Ou seja, o filme tem por objetivo, retratar a vida de John antes dos Beatles, e o que o levou a querer montar uma banda. Embora Paul apareça, em nenhum momento os Beatles são citados, mas sabemos o que o futuro reservava para aqueles dois amigos John e Paul. O filme foi indicado a 3 BAFTAs e recebeu boas críticas. O filme é imprescindível para entender John, conhecer os primórdios dos Beatles, e principalmente para os Beatlemaníacos e fãs de John Lennon.
Os Cinco Rapazes de Liverpool (1994)
O próximo filme da nossa lista é a continuação direta de O Garoto de Liverpool, embora o filme tenho sido lançado 15 anos antes. Dirigido pelo inglês Iain Softley, Os Cinco Rapazes de Liverpool, mostra a história dos Beatles em início de carreira, quando ainda eram um quinteto, na viagem a Hamburgo citada por Lennon em O Garoto de Liverpool.
No filme John Lennon (Ian Hart) e Stuart Sutcliffe (Stephen Dorff) organizam uma viagem a Hamburgo para tocar com Paul McCartney (Gary Bakewell), George Harrison (Chris O’Neill) e Ringo Starr (Paul Duckworth) em bares. Após o músico e artista plástico Klaus Voormann (Kai Wiesinger) assistir uma de suas apresentações ele fica entusiasmado com a banda, já batizada de The Beatles, e convence sua namorada, Astrid (Sheryl Lee), a apresentá-los para o circuito alternativo da cidade. Aos poucos Sutcliffe se aproxima de Astrid e se afasta cada vez mais da banda, que acaba recebendo um convite para gravar seu primeiro disco.
Assim como seu antecessor nessa lista, Os Cinco Rapazes de Liverpool é um filme pouco conhecido do grande público, mas fez um grande sucesso na Inglaterra, sendo indicado a 3 BAFTAS, tendo ganhado o prêmio de Melhor Filme Musical em cima dos clássicos O Rei Leão, Quatro Casamentos e um Funeral e Priscila a Rainha do Deserto. Contando a história de como tudo começou, Os Cinco Rapazes de Liverpool é outro filme obrigatório para qualquer beatlemaníaco, e para entendermos como e porque os Beatles se tornaram esse fenômeno mundial.
Febre de Juventude (1978)
Primeiro filme de Robert Zemeckis, que ficou internacionalmente famoso por De Volta Para o Futuro, Febre de Juventude, em inglês I Wanna Hold Your Hand, é um dos melhores e mais divertidos filmes sobre os Beatles. Clássico da Sessão da Tarde, o filme conta uma história fictícia, mas ao mesmo tempo muito real nos Estados Unidos de 1964, no auge da beatlemania.
Febre de Juventude conta a história de 6 jovens de Nova Jersey (4 garotas e 2 garotos) que ao saberem que os Beatles vão tocar no Ed Sullivan partem para Nova York na esperança de ver seus ídolos tocar. Mas eles têm um pequeno problema, estão sem ingressos para o programa. Na busca por ingressos eles se metem nas maiores confusões enquanto uns querem acabar com o show, outros querem só uma foto e outros querem realmetne assistir ao show dos Beatles.
Febre de Juventude é um filme bem família, divertido e um dos melhores filmes dos Beatles, embora eles apareçam apenas nas imagens gravadas do show na época. Já estou caindo na mesmice, por falar que os filmes são indispensáveis, mas esse realmente é ainda mais por um pequeno motivo, é o primeiro filme de Robert Zemeckis. E aqui já conseguimos ver algumas facetas do diretor que começava sua carreira cinematográfica. Além de ser a chance de ver a atriz Nancy Allen, de Robocop, em um papel bem diferente do que estamos acostumados a vê-la.
Tudo Entre Nós (2000)
Agora na lista temos um filme interessante e talvez o mais difícil de se encontrar dessa lista. Tudo Entre Nós, em inglês Two of Us, dirigido por Michael Lindsay-Hogg, o mesmo diretor de Let It Be, é um filme feito para TV que mostra um fictício mais possível encontro entre Paul McCartney e John Lennon em 1976 em Nova York.
Tudo Entre Nós se passa em um único dia de 1976, o dia 24 de outubro. Naquele dia o produtor do Saturday Night Live, Lorne Michaels, ofereceu US$ 3.000,00 para que os Beatles se reunissem no palco do programa. Em uma entrevista a Playboy em 1980 Lennon disse que Paul estava em sua casa naquele dia e estavam assistindo ao programa juntos, e fizeram piada com isso. Paul em uma outra entrevista confirmou isso. E com base nisso o diretor e o roteirista criaram uma história fictícia do que teria acontecido nesse dia.
No filme, que logo no início informa que o que veremos é uma total ficção, Paul McCartney, em um intervalo de sua turnê com os Wings, aparece sem avisar na porta de John enquanto Yoko não estava presente. Eles saem disfarçados, fumam, tocam, bebem e o principal conversam sobre tudo, inclusive sobre o fim da banda.
O mais interessante no filme é ver uma fantasia do que seria passar um dia com os dois naqueles dias em que o mundo ainda sentia-se órfão dos Beatles. Outro ponto interessante, é notar que os atores que foram escolhidos para fazer a dupla, nem sequer parece com eles, inclusive Aidan Quinn, que interpreta o Paul, nem sequer é inglês. Mas a atuação dele e de Jared Harris, que interpreta Lennon, te faz acreditar que estamos realmente vendo a dupla McCartney e Lennon em cena. E embora os outros Beatles não apareçam, eles são citados, e quando a dupla sai disfarçados eu eles ficaram muito parecidos com Ringo e George, ou seja, de certa forma eles estão em cena.
Tudo Entre Nós é um filme bem interessante sobre os Beatles, sem nunca aparecer os Beatles ou ouvirmos uma música deles, e embora seja difícil de se encontrar vale muito a pena assistir se você tiver chance.
Por ser um filme feito para TV e desconhecido, que não fez muito sucesso na época, não encontrei um trailer desse filme, mas no youtube você o encontra inteiro e legendado.
Yesterday (2019)
Agora depois de falar do antes, o durante e o depois dos Beatles retratados no cinema, que tal imaginar como seria o mundo sem os Beatles? Foi isso que o diretor britânico Danny Boyle imaginou ao fazer Yesterday, que foi roterizado por Richard Curtis, o que explica bastante o filme em si.
Estrelado por Himesh Patel e Lily James, o filme conta a história de Jack Malik, um músico fracassado que tenta viver de música enquanto trabalha em um supermercado. Um dia acontece um apagão global e no mesmo momento ele sofre um acidente. Quando ele acorda tudo parece normal, mas com um detalhe os Beatles nunca existiram e só ele se lembra da existência da banda e de suas mais de 100 músicas. Ele então vê nisso sua grande chance de sucesso, e do dia pra noite Jack se torna Jack Malik o maior astro da música que o mundo já viu.
O filme recebeu críticas mistas, muitos criticaram o fato do filme desperdiçar a chance de fazer um filme mais profundo e sério, com questões filosóficas, etc. O filme foi imensamente criticado por ser uma simples comédia romântica que se apoia na música dos Beatles. Mas sinceramente acho era que justamente isso que queriam. Afinal olhem a carreira do roteirista, Richard Curtis: Um Lugar Chamado Nothing Hill, O Diário de Bridget Jones, Bridget Jones – No Limite da Razão, Simplesmente Amor, Questão de Tempo, acham mesmo que seria um filme reflexivo e sério, discutindo a razão de viver? Talvez o fato de ter Danny Boyle na direção, fez com que muitos esperassem isso. Mas o diretor apenas dirigiu e produziu o filme, não mexeu no roteiro. Então, ele só colocou sua identidade na forma de filmar.
Por isso a sugestão que dou é: deixe o preconceito de lado e embarque nessa comédia romântica simpática, divertida e regada a muita música dos Beatles que você não vai se arrepender. Você vai se divertir bastante eu te prometo!
Across the Universe (2007)
Depois de falar do antes, durante, depois e de um mundo sem os Beatles, vamos falar de uma filme onde as músicas se tornam o fio condutor de uma história de amor com o Estados Unidos da década de 60 e toda sua loucura como pano de fundo. Across the Universe, dirigido por Julie Taymor, é um filme que faz uma homenagem a carreira dos Beatles e a toda geração de 60. Os Beatles e suas músicas, são imprescindíveis para existência do filme. Tanto que o nome dos personagens principais do filme são referências a músicas da banda: Jude (Hey Jude), Lucy (Lucy in the Sky With Diamonds), Maxwell (Maxwell’s Slver Hammer), Prudence (Dear Prudence), Jojo (Get Back) e Sadie (Sexy Sadie).
O filme começa em Liverpool, de onde o inglês Jude decide partir para os Estados Unidos em busca de seu pai. Lá ele conhece Max, um estudante rebelde. Torna-se seu amigo e se apaixona pela irmã de Max, Lucy. Esta por sua vez, acaba se envolvendo com emergentes movimentos de contracultura, da psicodelia aos protestos contra a Guerra do Vietnã. Em meio às turbulências da época, Jude e Lucy vão passar por situações que colocam sua paixão em choque.
O filme recebeu críticas mistas na época de seu lançamento e não foi um sucesso de público, mas conseguiu uma indicação ao Globo de Ouro de Melhor Comédia ou Musical e uma indicação ao Oscar de Melhor Figurino. A fama e o sucesso do filme veio só depois que saiu dos cinemas e foi lançado em home video. Hoje o filme é considerado uma dos melhores produções baseado nos Beatles e em sua obra. A trilha sonora do filme é um espetáculo a parte, com 31 músicas da banda em versões espetaculares. No filme, os números musicais vão da loucura psicodélica a simplicidade da banda em início de carreira, incluindo uma homenagem ao Roof Top Concert ao fim do filme.
O filme é uma homenagem a banda, a sua carreira, a geração da década de 60 e um prato cheio para os fãs dos Beatles e de musicais. E o principal o filme termina com uma mensagem linda e necessária em nossa época: “All You Need is Love”!
Uma Lição de Amor (2001)
Novamente um filme onde as músicas são fundamentais para a beleza e emoção do filme. Uma Lição de Amor, é dirigido por Jessie Nelson, e trás no elenco Sean Pean (espetacular), Michelle Pfeiffer, Laura Dern e Dakota Fanning em seu primeiro papel de destaque.
O filme relata a história de Sam Dawson, um homem com atraso intelectual (tem a capacidade de uma criança de 7 anos) que cria sua filha Lucy com uma grande ajuda de seus amigos (que também tem deficiências). Porém, assim que faz 7 anos Lucy começa a ultrapassar intelectualmente seu pai, e esta situação chama a atenção de uma assistente social que quer Lucy internada em um orfanato. A partir de então Sam enfrenta um caso virtualmente impossível de ser vencido por ele, contando para isso com a ajuda da advogada Rita Harrison, que aceita o caso como um desafio com seus colegas de profissão.
O filme é repleto de referências ao quarteto de Liverpool, a começar pelo personagem principal que é fã dos Beatles e segue as frases de Lennon e McCartney como filosofia de vida. Inclusive sua filha se chama Lucy, em referência a música Lucy in the Sky With Diamonds. Mas o que mais chama atenção no filme, além da atuação de Sean Penn, são as regravações das músicas dos Beatles em versões totalmente novas, com destaque para Let It Be com Nick Cave, Across The Universe com Rufus Wainwright e Strawberry Fields Forever com Ben Harper. Embora tenha sido indicado ao Oscar de Melhor Ator, para Sean Penn, o filme foi mal recebido pela crítica, mas como acontece com muitos filmes se tornou um clássico cult e é amado pelos cinéfilos e emociona bastante.
The Rutles: All You Need Is Cash (1978)
Os próximos dois filmes da lista são filmes que não tem os Beatles, não tem músicas dos Beatles, mas se os Beatles não existissem esses filmes também não existiriam. O primeiro deles é The Rutles: All You Need Is Cash, um telefilme britânico de 1978 dirigido por Eric Idle e Gary Weis. O filme é um mockumentary que parodia os Beatles.
Os The Rutles parodiavam os Beatles como parte de um pequeno quadro na série de comédia britânica “Rutland Weekend Television”. Em 1978 ganharam esse telefilme, um mockumentary que serviu de inspiração para o This Is Spinal Tap, de Rob Reiner. O filme começa em 1959 nas proximidades de Egg Lane, Liverpool, quando Ron Nasty esbarrou com Dirk McQuickly. Depois de Ron pedir para Dirk lhe ajudar a se levantar, os Rutles nasceriam para o sucesso, “que duraria até a hora do almoço”. Posteriormente, entraram na banda Stig O’Hara e Barrington Womble, que foi persuadido a trocar de nome, ficando somente Barry Wom. Houve ainda o quinto Rutle, Leppo, que não sabia como tocar seu instrumento, o que dificultava as coisas.
Dirigido por Gary Weis (na época diretor dos curtas do Saturday Night Live) em parceria com Idle (que roteirizou a obra), The Rutles: All You Need Is Cash é fruto de uma mistura humorística intercontinental fortemente baseada no estilo de comédia do Monty Python. George Harrison esteve envolvido na produção e participa do filme como um repórter que cobre a quebra da Apple. Mick Jagger, Ron Wood, John Belushi, Dan Aykroyd, Paul Simon e Bill Murray são algumas das celebridades que também participam. O filme é uma divertida comédia que merece ser conferida.
O filme se encontra completo e legendado no Youtube.
The Wonders – O Sonho Não Acabou (1996)
O último filme dessa lista é The Wonders: O Sonho Não Acabou, primeiro filme para o cinema dirigido por Tom Hanks e um dos primeiros trabalhos para o cinema estrelados por Charlize Theron e Liv Tyler. Sucesso da sessão da tarde e um grande clássico cult o filme ficou famoso principalmente pela música That Thing You Do!, que foi indicada ao Oscar.
O filme se passa em 1964, logo após os Estados Unidos serem “tomados” pelo fenômeno musical dos Beatles. Nesse cenário surge em uma pequena cidade da Pensilvânia os Oneders, mais tarde rebatizado pelo empresário como The Wonders. Porém, às vésperas de uma apresentação musical de calouros, o baterista do grupo quebra o braço, o que faz com que, em cima da hora, um jovem que trabalhava na loja de eletrodomésticos da família seja convidado para substituí-lo. O jovem baterista ,é um aficionado de jazz, imprime durante a apresentação uma batida mais ritmada no que deveria ser uma balada, causando o descontentamento do vocalista e compositor do grupo. Mas seu instinto funcionou e a música se torna um sucesso nacional, levando o grupo aos primeiros lugares das paradas.
Os Wonders, banda fictícia do filme, é claramente baseada nos Beatles. A forma como eles se vestem, se apresentam e até o hit da banda, tudo tem claras influências do quarteto de Liverpool, e até a história do início e do fim da banda são parecidas. O filme foi indicado ao Oscar de Melhor Canção Original, e injustamente perdeu para You Must Love Me de Evita. The Wonders é um filme divertido, leve, descontraído e musical! Uma diversão e tanto para toda família.
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É lógico que existem dezenas de outros filmes em que podemos ver as músicas dos Beatles, agradecimentos, etc., como podemos ver nesse link do IMDB. Além é claro de filmes sobre John Lennon e seu assassinato, e um documentário sobre George Harrison (que citarei no próximo texto). Mas se eu citar todos os filmes com os Beatles de alguma forma, esse texto seria gigante. Então meus amigos agora é com vocês! Citem mais filmes com os Beatles de alguma forma nos comentários abaixo.