No Limite da Realidade: A fantasia que não terminou bem
A ideia era interessante: homenagear a antiga série fantástica “Além da Imaginação” (The Twilight Zone”), recriando três histórias (com uma quarta história original) em um único longa-metragem para o cinema. Alguns dos diretores estavam em ascensão e os quatro eram muito talentosos.
Os criadores:
Steven Spielberg – que também foi um dos produtores – vinha de projetos rentáveis e elogiados pela crítica, como “Tubarão” (1975), “Contatos Imediatos do Terceiro Grau” (1977), “Os Caçadores da Arca Perdida” (1981) e “E.T. – O Extraterrestre” (1982). John Landis – também um dos produtores – vinha de obras como “Clube dos Cafajestes” (1978), “Os Irmãos Cara-de-pau” (1980) e “Um Lobisomem Americano em Londres” (1981). Joe Dante havia feito “Piranha” (1978), mas nos anos 80, dirigiria obras como “Gremlins” (1984), “Viagem ao Mundo dos Sonhos” (1985) e “Viagem Insólita” (1987). George Miller havia feito “Mad Max” (1979) e “Mad Max – A Caçada Continua” (1981).
A história:
John Landis dirigiu o primeiro segmento: Um homem (Vic Morrow) passa por experiências traumáticas após viver na pele tudo o que ele era: racista e intolerante. O segundo segmento – dirigido por Spielberg – mostra um asilo no qual os idosos se transformam em jovens, lembrando um pouco “Cocoon” (1985). Joe Dante dirigiu o terceiro segmento, onde um garoto aprisiona algumas pessoas em seu mundo particular. O quarto segmento foi dirigido por George Miller, e mostra um passageiro (John Litghow) atormentado por uma criatura que aparece na asa do avião em que ele está.
Analisando como obra fílmica, o resultado é satisfatório, ainda que por vezes irregular, onde as quatro histórias diferenciadas oferecerem um bom entretenimento. Para os fãs da antiga série dos anos 50 e 60 (e que também virou série nos anos 80), e para os admiradores de histórias de ficção, “No Limite da realidade” retoma aquelas histórias repletas de suspense e mistério.
A tragédia:
Algo trágico ocorrido durante as filmagens mudou para sempre a vida dos envolvidos no projeto, além de alterar a forma como os filmes seriam feitos à partir de então (direitos trabalhistas, etc). Na madrugada de 23 de julho de 1982, em meio às filmagens do primeiro segmento, o diretor John Landis, contrariando e ignorando conselhos de técnicos e especialistas, resolveu filmar à noite uma cena perigosa que envolvia uma fuga, seguida de uma caçada de helicóptero.
Na cena, o ator Vic Morrow (pai da atriz Jennifer Jason Leigh) fugia por um rio em uma selva vietnamita, segurando duas crianças, na tentativa de salvá-las da perseguição dos norte-americanos (Renee Chen e Myca Dinh Le). Durante essas filmagens, um helicóptero foi atingido por fogos de artifício e explosões e acabou caindo, acertando em cheio Vic Morrow e as duas crianças. O ator e uma das crianças morreram decapitados, enquanto a outra criança morreu esmagada.
Pela irresponsabilidade do diretor John Landis que, além de ignorar os riscos da produção, comandou as filmagens com crianças em cena em plena madrugada (o que era proibido), ele e outros envolvidos no projeto foram processados; e depois Steven Spielberg também sofreu um processo ao lado de Landis, mas ninguém foi considerado culpado pela tragédia.
Colaboração: Ana Luiza