O Oscar 2020
Depois do desastroso Oscar 2019, onde saíram dando prêmios para produções erradas, chegando a premiar o Sessão da Tarde “Green Book: O Guia”, o Oscar 2020 se redimiu e acertou em cheio. Não poderia ter sido melhor, com os nove indicados a melhor filme superando muito em qualidade a lista dos indicados do ano passado. Tivemos esse ano filmes mais equilibrados (quem não se lembra dos 4 Oscars dados ao irregular “Bohemian Rhapsody” ano passado). Dos prêmios principais aos prêmios técnicos, pode-se dizer que em 2020 eles acertaram bastante.
Quando muitos achavam que a academia daria os prêmios de melhor filme e direção para “1917”, por conta deste ter levado o Globo de Ouro e o Producers Guild (Prêmio do Sindicato dos Produtores), eis que a noite de premiação do Oscar reservou uma grande surpresa, premiando o sul-coreano “Parasita”. Surpresa sim, mas não uma zebra como aconteceu em 1982 com “Carruagens de Fogo”, sendo o filme dirigido por Bong Joon Ho eleito por vários críticos e sites especializados como o melhor filme realizado em 2019. Desde “Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)”, a academia não premiava como melhor filme uma obra tão original. “Parasita”, além de conseguir o feito inédito de ser o primeiro filme estrangeiro a ser premiado como melhor filme e direção, ainda conseguiu outra façanha que nunca havia ocorrido antes: o melhor filme também a levar o prêmio de melhor filme estrangeiro. Bong Joon Ho ainda levou pra casa o Oscar de roteiro original, somando quatro estatuetas e igualando o recorde de Walt Disney, que em 1953 havia ganhado 4 Oscars em uma única cerimônia de premiação.
“1917”, o filme sobre a Primeira Guerra Mundial, dirigido por Sam Mendes, venceu melhor fotografia (prêmio merecidíssimo para Roger Deakins, que havia vencido em 2018 por “Blade Runner 2049”) Mixagem de som e efeitos visuais. Simulando dois extensos planos-sequência, o filme de Mendes é tecnicamente impecável. É seu melhor trabalho ao lado de “Beleza Americana” e “007 – Operação Skyfall”.
“Coringa” deu o esperado Oscar de melhor ator para Joaquin Phoenix e trilha sonora para a islandesa Hildur Guðnadóttir. Phoenix, vencendo pelo mesmo personagem que Heath Ledger venceu (como coadjuvante por “Batman – O Cavaleiro das Trevas”), nos remete ao que aconteceu em 1973 e 1975, quando Marlon Brando (melhor ator por “O Poderoso Chefão”) e Robert De Niro (melhor ator coadjuvante por “O Poderoso Chefão – Parte II), venceram o Oscar interpretando o mesmo personagem: Don Vito Corleone.
Com uma vitória como produtor em 2014 por “12 Anos de Escravidão”, Brad Pitt venceu como melhor ator coadjuvante por “Era uma Vez em… Hollywood”. Ele tem o melhor personagem, roubando as cenas. E olha que não é fácil roubar um filme que tem Leonardo DiCaprio como astro principal. O filme de Quentin Tarantino venceu também o Oscar de direção de arte.
Vencendo como melhor edição e edição de som, “Ford vs Ferrari“, mostrou que tinha fôlego para lutar e vencer concorrentes de peso. O filme, estrelado por Matt Damon e Christian Bale, apresenta ótimas sequências de corrida de carros, mesclando a isso uma história de fé, conquista e amizade.
Enquanto alguns críticos torciam o nariz para “Jojo Rabbit”, pelo filme do neozelandês Taika Waititi falar do Nazismo de forma peculiar, a Academia o premiou como melhor roteiro original. É uma farsa recheada de humor negro que divide opiniões.
Adam Driver e Scarlett Johansson estão ótimos como um casal em separação no drama “História de um Casamento”. Mas a produção original da Netflix, dirigida por Noah Baumbach, saiu premiado apenas com o Oscar de melhor atriz coadjuvante para Laura Dern.
“Adoráveis Mulheres” a quarta versão para o cinema do livro “Mulherzinhas”, da escritora Louisa May Alcott, foi o único filme indicado ao Oscar principal a ser dirigido por uma mulher: Greta Gerwig (que havia sido indicada como diretora e roteirista em 2018 por “Lady Bird: A Hora de Voar”. Elogiado pela crítica e pelo público, o filme venceu o Oscar de melhor figurino.
“Judy” deu o Oscar de melhor atriz para Renée Zellweger (ela havia vencido antes como coadjuvante por “Cold Mountain”). Interpretando a estrela Judy Garland em seus últimos shows, é Renée quem canta as músicas apresentadas no filme.
“O Escândalo” ganhou o prêmio de melhor maquiagem, enquanto “Toy Story 4” venceu como melhor animação. Elton John recebeu o Oscar de melhor canção por “Rocketman”. “Indústria Americana”, produzido pelo casal Barack Obama e Michelle Obama, venceu como melhor documentário em longa-metragem.
Produzido pela Netflix e dirigido por Martin Scorsese, “O Irlandês” vinha com força no início das premiações nos EUA, mas acabou se tornando o único filme indicado ao prêmio principal a sair sem nenhum prêmio no Oscar 2020. Scorsese viu o mesmo acontecer com outro filme seu quando, em 2003, indicado a 10 Oscars, “Gangues de Nova York” saiu de mãos vazias da cerimônia do Oscar.
Com a vitória de um filme estrangeiro nas principais categorias e os demais acertos nas outras categorias, podemos esperar que o Oscar faça justiça novamente nos próximos anos, premiando de fato os melhores? É esperar pra ver.
Colaboração: Ana Luiza