Crítica: Jumanji: Próxima Fase (2019)
Jumanji (1995) foi o típico filme “Sessão da Tarde” aqui no Brasil. Uma aventura divertida que devido à sacada dos jogos de tabuleiro deixou um certo carinho, mesmo não sendo exatamente excelente. Em 2017, o projeto teve uma sequência (o bem-vindo à selva), mas a pegada saiu dos jogos de tabuleiro e foi para os vídeo games, com algumas ideias frescas, uma autoconsciência e até certa críticas aos clichês do gênero, tivemos uma evolução, capitaneada pelo carisma do elenco.
Devido ao estrondoso sucesso de bilheteria (52ª da história, quase dando bilhão), uma sequência era quase certa. E não tardou: dois anos depois o diretor Jake Kasdan retorna com o elenco e algumas boas adições em Jumanji: Próxima Fase. O espaço curto entre as produções se justifica comercialmente, mas pode ter apressado algumas decisões artísticas.
A trama aqui gira em torno da trupe entrar novamente no arriscado game – no jogo eles enfrentam diversas feras e inimigos e caso você morra três vezes você morre de verdade no mundo real . Contudo, há uma nova configuração dos personagens que não vou dizer exatamente o que para evitar spoiler, mas que cria uma dinâmica diferente e rende novas piadas.
Mesmo com essas diferenças, a sensação geral é de mais do mesmo, ou seja, perdendo justamente o frescor falado anteriormente. Não há uma cena de ação inventiva, a aventura é muito quadradinha, o que mantém o nível, contudo, e vai atrair atenção, é de fato o humor.
Devido a uma boa decisão, o roteiro insere de maneira orgânica as explicações sobre o funcionamento da mecânica. Isso faz com que possíveis novos fãs entendam como a coisa funciona, sem deixar redundante para quem viu. Tudo abraçado por um humor físico e de piadas ágeis, principalmente relacionada às personalidades dos avatares + personalidades prévias.
Há alguns arcos envolvendo dramas antigos, amizades e relacionamentos amorosos que são explorados de maneira irregular. Alguns ganham contornos óbvios, outros são esquecidos e o sobre amizades é o que tem mais potência narrativa dentro da proposta.
A aposta é certeira nos nomes como Dwayne “The Rock” Jonhson, Jack Black, Kevin Hart e Karen Gillan. Todos exibindo uma fisicalidade (ou falta dela) exemplar, conforme o projeto pedia. Nada que seja para um Oscar (não é o foco de Jumanji, convenhamos), mas que com certeza é bastante funcional.
Os efeitos em geral agradam e estão competentes, mas teve uma hora que me incomodou, porém pode colocar na conta de um certo bug típico de vídeo game. A inteligência artificial do jogo por vezes trai a própria regra interna e “esquece” que tem um número de frases e movimentos limitados. Mas ainda assim é possível comprar a ideia (do jogo e do filme como um todo).
Há uma cena durante o começo dos créditos que dá margem para uma continuação e rende uma piadoca que achei fraquinha, mas pode divertir.