Dia da Consciência Negra - Filmes Para Refletir e Pensar
Dia da Consciência Negra
Cinema Nacional

Dia da Consciência Negra – Filmes Para Refletir e Pensar

No dia da Consciência Negra vamos relembrar filmes nacionais para refletir e pensar.

Dia 20 de Novembro é o Dia da Consciência Negra. Nesse dia, que coincide com a morte de Zumbi dos Palmares em 1695, é um dia não para comemoração, mas sim para reflexão! Refletir sobre o lugar do negro na sociedade brasileira. Ao invés de comemorar, é hora de refletirmos, pensarmos e discutirmos sobre racismo, discriminação, igualdade social, inclusão de negros na sociedade e a valorização da cultura afro-brasileira.

E o cinema, principalmente o brasileiro, é a melhor forma de refletirmos sobre esse tema tão importante. Por isso, no dia da Consciência Negra, vamos lembrar filmes que nos ajudam a discutir, refletir e pensar sobre o lugar do negro na sociedade. Mas principalmente rever nossos próprios conceitos sobre racismo, discriminação e nossa relação com cultura negra.

Quilombo
Quilombo conta a história do símbolo do dia da Dia da Consciência Negra

Para começar essa lista temos Quilombo, o que não poderia ser diferente. Já que o filme de Cacá Diegues conta a história do símbolo do Dia da Consciência Negra, Zumbi dos Palmares.

Com Antonio Pompeo, no papel de Zumbi, Toni Tornado no papel de Ganga Zumba e Zezé Motta como Dandara. O filme retrata a história, de um dos pioneiros na resistência contra a escravidão na América Latina. O filme começa em 1650, quando m grupo de escravos se rebela num engenho de Pernambuco e ruma ao Quilombo dos Palmares, onde uma nação de ex-escravos fugidos resiste ao cerco colonial. Entre eles, está Ganga Zumba, príncipe africano e futuro líder de Palmares, durante muitos anos. Mais tarde, seu herdeiro e afilhado, Zumbi, contestará as idéias conciliatórias de Ganga Zumba, enfrentando o maior exército jamais visto na história colonial brasileira.

O filme ainda tem no elenco Grande Otelo, Antonio Pitanga, Vera Fisher, Maurício do Vale, Jonas Bloch, Chico Diaz e grande elenco. Quilombo foi apresentado nos festivais de Cannes, Miami e Catargena, tendo sido premiado nesses últimos dois festivais.

Ganga Zumba

Segundo filme da lista, segundo filme de Cacá Diegues e segundo filme no Quilombo dos Palmares. Mas dessa vez, o destaque vai para o tio de Zumbi, Ganga Zumba, aqui vivido por Antonio Pitanga.

Ganga Zumba se passa entre os séculos entre os séculos XVI e XVII. O filme começa num engenho de cana-de-açúcar, onde alguns escravos tramam a fuga tramam uma fuga para o Quilombo dos Palmares, uma comunidade de negros fugidos da escravidão, situada na Serra da Barriga. Entre eles, se encontra o jovem Ganga Zumba, futuro líder daquela república revolucionária, a primeira de toda a América.

Ganga Zumba tem no elenco Léa Garcia e Tereza Raquel, e conta coma participação de Cartola e Dona Zica da Mangueira no filme. Ganga Zumba é um dos marcos do Cinema Novo, o filme traz músicas de Moacir Santos com interpretação de Nara Leão, que inclusive tem uma ponta no filme. Ganga Zumba é uma das pérolas do cinema nacional e um filme fundamental para se assistir no Dia da Consciência Negra.

Xica da Silva

Mas um filme de Cacá Diegues na lista. Dessa vez temos a história da escrava mais famosa do Brasil Xica da Silva.

Baseado no romance “Memórias do Distrito de Diamantina”, de João Felicio dos Santos, Xica da Silva se passa na segunda metade do século XVIII, onde Xica da Silva (Zezé Motta),uma escrava, que seduz o milionário João Fernandes (Walmor Chagas), e assim se torna uma dama na sociedade de Diamantina. Onde ela passou a promover luxuosas festas e banquetes, algumas contando com a exibição de grupos de teatro europeus. Sua ostentação fez com que sua fama chegasse até a corte portuguesa.

Embora com muito mais mito do que realidade, Xica da Silva é um retrato da corte portuguesa e da escravidão no Brasil. O filme foi o grande vencedor do Festival de Brasília de 1976 e é sempre lembrado pela espetacular atuação de Zezé Motta no papel título. Xica da Silva foi um grande sucesso de público, levando mais de 3 milhões de pessoas nos cinemas.

Abolição
Abolição documentário para refletir sobre a Consciência Negra

Dirigido por Zózimo Bulbul, esse documentário de 30 anos atrás é deveras assustador. Por que? Ele foi feito em 1988, apenas 100 anos após o fim da escravidão. Isso quer dizer que o foi à apenas 130 anos que a escravidão brasileira teve fim. É ou não é assustador?

O documentário retrata a vida do negro brasileiro 100 anos após a assinatura da Lei Áurea. O documentário tende a averiguar a vida do negro no Brasil social, histórica e culturalmente. O longa reúne declarações de grandes figuras públicas e de cidadãos brasileiros, como Grande Otelo, Benedita da Silva, Agnaldo Timóteo e Abdias Nascimento. O filme ainda tem Camila Amado representando a Princesa Isabel na assinatura da Lei Áurea.

O filme é um achado do nosso cinema, um filme necessário e infelizmente incrivelmente atual.

A Negação do Brasil

Dirigido por Joel Zito Araújo, o documentário é uma viagem na história da telenovela no Brasil e particularmente uma análise do papel nelas atribuído aos atores negros, que sempre representam personagens mais estereotipados e negativos. Baseado em suas memórias e em fortes evidências de pesquisas, o diretor aponta as influências das telenovelas nos processos de identidade étnica dos afro-brasileiros e faz um manifesto pela incorporação positiva do negro nas imagens televisivas do país.

O filme trás depoimentos de grandes atores negros do Brasil, como João Acaiabe, Ruth de Souza, Milton Gonçalves, Léa Garcia, Zezé Motta, Maria Ceiça e Maurício Gonçalves.

A Negação do Brasil passou em diversos festivais internacionais e ganhou a vários prêmios como o Prêmio de Melhor Documentário Brasileiro no Festival É tudo Verdade. O filme está disponível completo no Youtube e é indispensável em especial no dia de hoje.

Quanto Vale ou é Por Kilo?

Dirigido por Sergio Bianchi, Quanto Vale ou é Por Quilo? é uma adaptação do conto “Pai contra Mãe”, de Machado de Assis. No filme o cineasta traça um paralelo entre a escravidão do século XVIII e a exploração da miséria pelo Terceiro Setor nos dias atuais.

No filme vemos uma analogia entre o antigo comércio de escravos e a atual exploração da miséria pelo marketing social, que forma uma solidariedade de fachada. No século XVII um capitão-do-mato captura um escrava fugitiva, que está grávida. Após entregá-la ao seu dono e receber sua recompensa, a escrava aborta o filho que espera. Nos dias atuais uma ONG implanta o projeto Informática na Periferia em uma comunidade carente. Arminda, que trabalha no projeto, descobre que os computadores comprados foram superfaturados e, por causa disto, precisa agora ser eliminada. Candinho, um jovem desempregado cuja esposa está grávida, torna-se matador de aluguel para conseguir dinheiro para sobreviver.

Com Danton Mello, Leona Cavalli, Caio Blat, Zezé Motta, Lázaro Ramos, Caco Ciocler e Ariclê Peres no elenco, o filme foi o grande vencedor do Cine Ceará em 2005.

Besouro

Dirigido por João Daniel Tikhomiroff, Besouro, é um retrato da vida dos negros após a abolição, e que infelizmente se repete em pleno século XXI.

Baseado na vida do capoeirista Manoel Henrique Pereira, conhecido como Besouro, o filme se passa no interior da Bahia na década de 20. Ali os negros continuavam sendo tratados como escravos, apesar da abolição da escravatura ter ocorrido décadas antes. Entre eles está Manoel (Aílton Carmo), que quando criança foi apresentado à capoeira pelo Mestre Alípio (Macalé). O tutor tentou ensiná-lo não apenas os golpes da capoeira, mas também as virtudes da concentração e da justiça. A escolha pelo nome Besouro foi devido à identificação que Manuel teve com o inseto, que segundo suas características não deveria voar. Ao crescer Besouro recebe a função de defender seu povo, combatendo a opressão e o preconceito existentes.

Besouro foi o primeiro filme de João Daniel Tikhomiroff e trás no elenco Miguel Lunardi, Chris Viana, Adriana Alves, Irandhir Santos e Flávio Rocha. A Rede Globo, desde o ano passado prepara uma série baseada no filme e na história de Besouro, com a participação de João Daniel Tikhomiroff e Glória Peres.

A Última Abolição

Dirigido por Alice Gomes, o documentário A Última Abolição, é mais um que busca entender e refletir sobre o que foi a abolição, quais foram suas consequências e como isso reflete em nossos dias.

Com base em uma pesquisa de 10 anos, feita pela jornalista Luciana Barreto, A Última Abolição, faz uma retrospetiva detalhada de um momento emblemático da história do Brasil, a abolição da escravidão, apresentado de uma outra perspectiva. Ao contrário do que foi pregado por livros didáticos e outras vertentes da história oficial por muito tempo, não foi meramente a assinatura da Princesa Isabel na Lei Áurea em 13 de maio de 1888 que libertou os escravos, e tampouco tal liberdade foi um presente ou um passo na direção da mitológica democracia racial.

O filme é uma verdadeira aula de história e mostra que a abolição foi muito além de uma assinatura. E seu resultado não foi bem uma liberdade para todos.

Praça Paris
Praça Paris

Dirigido por Lucia Murat, o multipremiado Praça Paris é um filme que deveria estar nessa lista e me passou despercebido. Mas para corrigir esse erro estou incluindo após a publicação desse texto. Praça Paris é um filme necessário e importante, porque além de falar de preconceitos, fala da mulher negra no Brasil atual.

Praça Paris se passa no Rio de Janeiro, onde Camila (Joana de Verona) é uma terapeuta portuguesa que trabalha na UERJ, onde atende Glória (Grace Passô), ascensorista da universidade. Ao longo das sessões Camila se depara com uma realidade bastante violenta, já que Glória foi estuprada pelo próprio pai quando criança e seu irmão, Jonas (Alex Brasil), é um perigoso bandido que está na prisão. Cada vez mais assustada com os relatos que ouve, ela se sente ameaçada ao mesmo tempo em que Glória passa a vê-la como algo essencial em sua vida.

Praça Paris é um filme atual e necessário, principalmente no dia da Consciência Negra. O filme retrata de forma nua e crua os preconceitos inerentes não apenas no Rio de Janeiro, onde ele se passa, mas no Brasil. De forma urgente, o filme trata de assuntos necessários, delicados e complexos. Após o episódio lamentável ocorrido na Câmara dos Deputados em Brasília, Praça Paris se torna ainda mais necessário e atual.

Então é isso galera! Esses são apenas 9 filmes que nos fazem refletir, pensar e discutir o racismo, a discriminação e o preconceito nesse dia tão importante que é o Dia da Consciência Negra. Convido você amigo leitor a assistir a esses filmes e partir para o diálogo. Porque apenas com o diálogo é possível avançar para uma sociedade mais justa livre dos preconceitos e de toda forma de opressão!

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