Crítica: A Família Addams (2019) – Animação
A Família Addams já atravessa gerações. Temos a série clássica, lá nos anos 60, os filmes em live action (muito bom, aliás), o desenho… muito provavelmente você teve contato com alguma ou todas essas versões. Contudo, a animação dirigida pela dupla Greg Tiernan e Conrad Vernon (ambos com um currículo bem vasto) consegue um bom trabalho na apresentação dos personagens.
O prólogo é quase um curta metragem (e se assim o fosse seria digno de uma nota máxima) e mostra o início da vida de casados de Gomez e Morticia, além de como eles foram morar na mansão e como o mordomo Tropeço entrou na família.
Não tarda para termos o plot. A famosa casa dos Addams está perto de um novo bairro e a visão horripilante do castelo não é algo bom para os negócios, principalmente da antagonista. Nesse meio tempo, a filha do casal, Vandinha, conhece uma menina da cidade e uma fica curiosa com a vida a outra. E o filho, Feioso, precisa atravessar um rito de passagem para a vida adulta e é pressionado pela família. Além desses arcos, tem a chegada dos parentes, um subtexto sobre invasão de privacidade e redes sociais.
Talvez essa profusão de caminhos que o filme nos leva pode confundir as crianças – aliás, pelo menos na sala que eu estava a resposta delas não foi muito boa, ouvia-se mais reação dos adultos que dos pequenos. Claro que é uma amostra minúscula, mas pelo tom de alguns temas era algo que podia acontecer.
A Família Addams fica em uma corda bamba sem saber que público atingir. Se os nostálgicos ou a criançada. Acho que os adultos podem sair mais satisfeitos. Nesse caso, sobraria a parte visual para os pequenos. Contudo, comparada a outras produções animadas, A Família Addams perde um pouco de viço.
Outro ponto negativo de se tentar ampliar muito as temáticas abordadas é que algumas ficam bem soltas e esquecidas (há um arco com uma “patricinha” do colégio que se resume a duas cenas) ou então personagens que entram e saem sem muito a dizer.
Contudo, o saldo de A Família Addams ainda é positivo. As brincadeiras com a horripilância funcionam, tem referências sutis ou nem tanto a outras obras e há um bom senso de começo, meio e fim, os personagens têm alguma evolução e há boas ideias – mesmo que realizadas de forma claudicante.
PS: Infelizmente vi a versão dublada (há poucas sessões legendadas) Independente de serem melhores ou piores que a original é uma pena que não possamos ter contato com o material pensado pelos responsáveis pelo filme de forma mais ampla. Não quero desmerecer os dubladores locais. Porém fica uma avaliação completamente enviesada não escutarmos as vozes base – tanto que não comento as interpretações. Além deste problema base, as músicas não foram traduzidas, causando uma desconexão.