Crítica: A cor branca – 43ª Mostra de São Paulo
Produzido e dirigido por Afonso Nunes, o documentário A cor branca acompanha a rotina de habitantes de uma cidade no interior do Estado de Minas Gerais que convivem com uma mineradora. A obra tenta mostra como a extração de minérios impacta na vida dos moradores locais, seja na saúde, trabalho ou no meio ambiente.
A ideia vista no papel é interessante, já que, nos últimos anos o Brasil enfrenta diversos crimes ambientais causados por mineradoras. Mas, na prática A cor branca é cansativo, monótono e não gera interesse no espectador pelo desfecho da história.
O documentário começa mostrando uma senhora em um consultório queixando-se de falta de ar e tosse. Com câmera estática e com planos abertos, acompanhamos com grande lentidão (algo se repete por todo o longa) a idosa caminhar até a parada do ônibus e embarcar. Desaparecendo completamente da narrativa.
É preciso ressaltar que lentidão em um filme nem sempre é algo a ser condenado. Quando bem dirigida, roteirizada e fotografada (Roma, por exemplo), a obra nos faz mergulhar na história, mas não é o que acontece em A cor branca.
Com poucos diálogos durante todo o documentário, ele se torna tedioso, sem rumo de narrativa, onde o espectador é inserido na rotina de Regina, funcionária da mineradora. Ao longo de uma hora e quarenta minutos, que parecem mais, vemos Regina indo e vindo do trabalho, e lidando com alguns conflitos familiares, ao qual muitas vezes o espectador fica completamente alheio e sem entender.
A câmera distante faz com que não criemos qualquer empatia ou interesse maior na narrativa. Em casa, Regina mora com uma senhora presa numa cadeira de rodas e seu filho em prisão domiciliar. Os conflitos familiares são de difícil compreensão, já que, o espectador é jogado na rotina da família. A dificuldade de entendimento é intensificada com uma direção que opta por utilizar o som ambiente cheio de ruídos.
Resumo
A crítica e o enfoque nos problemas causados pela exploração do minério acabam ficando subentendidos, sendo preciso certo esforço de quem assiste para captar a intenção da direção. A cor branca tinha potencial, mas não corresponde as expectativas.