Crítica: Hálito Azul - 43ª Mostra de São Paulo - Cinem(ação): filmes, podcasts, críticas e tudo sobre cinema
Hálito Azul - 43ª Mostra de Cinema de São Paulo
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Crítica: Hálito Azul – 43ª Mostra de São Paulo

Hálito Azul faz parte da programação da 43ª Mostra Internacional de São Paulo

Ficha Técnica

Direção: Rodrigo Areias

Roteiro: Rodrigo Areias, Eduardo Brito

Nacionalidade e Lançamento: 25 de outubro de 2019

Gênero: Documentário

Fotografia: Jorge Quintela

Produção: Rodrigo Areias

Música: Paulo Furtado

Montagem: Timo Peltola

Sinopse: Zhao Li administra uma pequena trupe de ópera de Sichuan, que vive e se apresenta em um velho teatro nos arredores de Chengdu, na China. Quando recebe a notícia da demolição do lugar, Zhao Li esconde o fato de todos, temendo que isso possa significar o fim da companhia.



É interessante observar como o novo documentário do português Rodrigo Areias, Hálito Azul, se configura como uma mescla de documentário observativo com um leve toque poético. Esta última adição torna o cotidiano da simples vila de Ribeira Quente, situada na Ilha de São Miguel e que tem a pescaria como sua principal atividade, um ambiente familiar de uma união ímpar mas que enfrenta uma forte degradação devido a escassez dos peixes e o fato da região também dividir espaço com a costa de um vulcão. Em certo momento, um dos personagens, ao proliferar a frase “Todos eles vivem no mar e morrem no mar…” revela a principal riqueza da região, mas também sua principal ameaça.

O diretor consegue até conferir um tom mais ficcional em relação ao realismo abordado a partir do momento que explora o cotidiano das pessoas que vivem nessa região completamente isolada, inclusive abrindo espaço para fantasia em muitos momentos. A pesca, sendo representada como o motor que mantém a sobrevivência dos residentes de Ribeira Quente e que os colocam como dependentes de tal atividade, afeta todos os âmbitos pertencentes a região: a atividade profissional, o lazer e a arte. Essa característica aos poucos ganha um temor, pois através dos diálogos entre os pescadores percebe-se que o número de peixes capturados por estes se encontra cada vez menor, e não há nada que possa ser feito para impulsionar o número.

O cotidiano pacato e repetitivo da pequena região reflete na serenidade de seus moradores e num ritmo relativamente calmo a condução narrativa da obra, que poucas vezes é interferido por sequências subaquáticas revelando a imensidão do mar, a escassez dos peixes e um monólogo de um guarda de longa data do farol de Ribeira Quente, em que indaga os perigos enfrentados pelos pescadores e o destino daquelas pessoas que são vizinhas de um vulcão.

Apesar de serem sequências que apresentam uma rica estética e uma projeção de que algo grandioso está para acontecer, o documentário parece nunca alcançar suas ambições e se torna refém de suas próprias hipóteses em um looping que falha em conferir uma progressão narrativa, fazendo com que a obra pareça estar sempre estacionada na mesma pergunta e nunca apresentando resoluções satisfatórias, principalmente na presença do vulcão, que é mencionado poucas vezes durante a projeção.

Hálito Azul é um interessante olhar sobre uma cidade destinada a um fim ao passo que tem a pesca como principal fonte de sobrevivência e acerta ao observar o cotidiano daqueles moradores e tornando-os familiarizados com o espectador, porém não apresenta soluções satisfatórias para suas principais perguntas.

  • Hálito Azul
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Resumo

Um interessante olhar sobre uma cidade destinada a um fim ao passo que tem a pesca como principal fonte de sobrevivência e acerta ao observar o cotidiano daqueles moradores e tornando-os familiarizados com o espectador, porém não apresenta soluções satisfatórias para suas principais perguntas.

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