Embrafilme 50 anos - Filmes Marcantes e Históricos
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Cinema Nacional

Embrafilme 50 anos – Filmes Marcantes e Históricos

O primeiro órgão para fomentar o cinema nacional completou 50 anos, conheça alguns filmes históricos e marcantes

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Em 1969, mais exatamente no dia 12 de setembro, foi criada a Empresa Brasileira de Filmes, ou simplesmente Embrafilme. Esse órgão, foi uma empresa mista, ou seja, uma estatal com participação de acionistas particulares, que teve como objetivo fomentar o cinema nacional. A Embrafilme atuou no Brasil de 1969 a 1990, quando após extinguir o Ministério da Cultura, o então presidente Fernando Collor, extinguiu a Embrafilme. Essa extinção fez o cinema nacional entrar em uma época sombria, da qual só saiu com a criação da Ancine. Mas isso é assunto para outra hora!

Durante os 21 anos de sua existência, a Embrafilme ajudou a fomentar e crescer o cinema nacional. Com o auxílio da Embrafilme o cinema nacional entrou em uma fase áurea. Tanto é assim que no TOP 10 das bilheterias nacionais, se considerarmos os filmes da Record/IURD e o caso de ingressos esgotados e salas vazias, temos 4 filmes da era Embrafilme.

Ou seja, a Embrafilme é um capítulo importante de nosso cinema. Pensando nisso vamos conhecer os principais filmes desse capítulo áureo do cinema nacional!

O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro (1969)

Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro - Primeiro sucesso da Embrafilme

Para começar essa lista, não poderia ser diferente, afinal Glauber Rocha foi um dos entusiastas da Embrafilme, e a continuação de Deus e o Diabo na Terra do Sol, foi um dos primeiros filmes com o dedo da Embrafilme.

O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro continua a saga de Antônio das Mortes que recebe a tarefa de eliminar um novo cangaceiro da região. No caminho, ele encontra diversos jagunços e coroneis e se vê cara a cara com o povo do sertão e com as dificuldades enfrentadas pelos sertanejos, eventos que farão Antonio adquirir uma nova perspectiva de vida.

O primeiro longa de ficção em cores de Glauber é também um dos primeiros filmes da Embrafilme. O filme teve um recepção excelente da crítica e levou o prêmio de melhor diretor no Festival de Cannes. O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro está na posição número 34 na lista de melhores filmes brasileiros e todos os tempos da Abraccine.

São Bernado (1972)

São Bernado adaptação da obra de Graciliano Ramos

O segundo filme dessa lista pode ser considerado um clássico perdido. Adaptação da obra de Gaciliano Ramos, São Bernado, dirigido por Leon Hirzsman, é um dos melhores filmes brasileiros da década de 70, mas é pouco lembrado na filmografia nacional.

O filme conta a história de Paulo Honório (Othon Bastos) um sertanejo de origem pobre que, em uma empreitada financeira, se torna dono da decadente fazenda de São Bernardo em Viçosa, Alagoas. Determinado a fazer fortuna e ascender socialmente ele recupera a fazenda, consegue entrar para a economia rural e casa-se com a professora da cidade, Madalena (Isabel Ribeiro). Os problemas começam quando as diferenças de Paulo e sua esposa se acentuam.

O filme é uma adaptação fiel ao livro e foi apresentado na Quinzena dos Realizadores no Festival de Cannes e foi premiado no FilmForum do Festival de Berlim. Embora com toda essa projeção internacional, o filme não foi bem recebido pelos censores nacionais. O filme foi censurado e ficou retido por sete meses, causando a falência da produtora Saga. O filme é ocupa a posição de número 20 na lista da Abraccine.

Dona Flor e Seus Dois Maridos (1978)

Dona Flor e seus Dois Maridos foi durante mais de 30 anos a maior bilheteria nacional foi feito com o dedo da Embrafilme.

Esse talvez é um dos símbolos máximos do nosso cinema e da Embrafilme. Baseado na obra de Jorge Amado, dirigido por Bruno Barreto, Dona Flor e Seus Dois Maridos, foi durante 34 anos a maior bilheteria da história do cinema nacional, levando mais de 10 milhões de pessoas aos cinemas em plena ditadura militar.

O filme conta a história do triângulo amoroso formado por Flor, Dr. Teodoro e o fantasma de Vadinho. Vadinho (José Wilker), é um mulherengo e jogador inveterado, morre repentinamente. Sua mulher, Dona Flor (Sônia Braga), fica inconsolável, pois apesar de ter vários defeitos, ele era um excelente amante. Após algum tempo ela se casa com Teodoro Madureira (Mauro Mendonça), um farmacêutico que é exatamente o oposto do primeiro marido. Ela passa a ter uma vida estável e tranquila, mas tediosa, e de tanto “chamar” por Vadinho, um dia ele aparece nu na sua cama. Ela, então, pede ajuda a uma amiga, dizendo que quase foi seduzida pelo finado esposo. Um pai de santo se prontifica a afastar o espírito de Vadinho, mas existe um problema: no fundo, Flor quer que ele fique, pois ela tem um forte desejo que precisa ser saciado.

O filme foi um sucesso de público e crítica nacional e internacionalmente. O filme foi indicado a dois Globos de Ouro, Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Revelação para Sônia Braga. O filme alçou Sônia ao posto de Sex Symbol e a catapultou para a carreira internacional. Dona Flor e Seus Dois Maridos fez tanto sucesso que ganhou uma versão americana dirigida por Robert Muligan (O Sol é Para Todos), com Sally Field no papel de Flor, James Caan no papel de Vadinho e Jeff Bridges como Teodoro, lógico com os devidos nomes americanos. Mas ao invés de um filme adulto e sensual, a versão americana é uma comédia romântica bobinha. Dona Flor e Seus Dois Maridos está na posição de número 39 na lista da Abraccine.

Xica da Silva (1972)

1972 foi o ano de outro grande sucesso do cinema nacional Xica da Silva, dirigido por Cacá Diegues e com Zezé Mota brilhando no papel da escrava que roubou o coração do comendador João Fernandes, vivido pelo saudoso Walmor Chagas.

Baseado no livro de João Felício dos Santos, o filme se passa na segunda metade do século XVIII. Xica da Silva (Zezé Motta) era uma escrava que, após seduzir o milionário João Fernandes (Walmor Chagas), se tornou uma dama na sociedade de Diamantina. Ela passou a promover luxuosas festas e banquetes, algumas contando com a exibição de grupos de teatro europeus. Sua ostentação fez com que sua fama chegasse até a corte portuguesa.

O filme foi um grande sucesso de público e crítica levando mais de 3 milhões de pessoas nos cinemas, e foi o grande vencedor do Festival de Brasília daquele ano. Além de Zezé e Walmor, o filme ainda trazia no elenco os saudosos José Wilker e Elke Maravilha. O filme serviu para criar uma imagem popular e mítica da escrava mais famosa do Brasil.

Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia (1977)

Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia

Um dos míticos filmes do Brasil, feito em plena Ditadura Militar, teve como personagem principal um famoso bandido da década de 60 e 70. Dirigido por Hector Babenco e com Reginaldo Faria no papel título, Lúcio Flávio – Passageiro da Agonia, é um dos melhores filmes da década de 70 e se destacou pelas cenas de ação todas muito bem filmadas.

Baseado no livro de José Louzeiro, que também escreveu o roteiro, o filme conta a história de Lúcio Flávio, um famoso criminosos das décadas de 60 e 70, que se tornou nacionalmente conhecido pelos roubos a banco e fugas espetaculares.

O filme entrou para o imaginário popular em especial pelas cenas de ação muito bem filmadas. O filme ganhou 4 prêmios no Festival de Gramado e o prêmio do Júri Popular na Mostra de São Paulo. O filme está em 78º lugar na lista da Abraccine.

A Dama do Lotação (1978)

A Dama do Lotação

Dirigido pelo mineiro Neville de Almeida, um dos principais nomes do Cinema Marginal, A Dama do Lotação é outro exemplar de sucesso do cinema da Embrafilme. Baseado na obra de Nelson Rodrigues, o filme serviu para tornar Sônia Braga uma das mulheres mais desejadas do Brasil.

O filme conta a história de Solange e Carlos que se conhecem desde a infância e se casam. Na noite de núpcias, Solange resiste ao seu marido, que, impaciente, acaba estuprando-a. Solange fica traumatizada e, apesar de desejar Carlos, não quer mais nada com ele. Para se satisfazer, ela começa a fazer sexo com homens que não conhece, que encontra andando de lotação.

O filme foi um sucesso imediato, muito devido pela popularidade de Sônia Braga e pela adaptação de Nelson Rodrigues. O filme por muitos anos foi a 2ª maior bilheteria do cinema nacional, levando mais de 6 milhões de pessoas aos cinemas. Atualmente o filme ocupa a 6ª posição.

Raoni (1978)

Raoni

Dirigido por Jean-Pierre Dutilleux e Luiz Carlos Saldanha, esse documentário fanco/belga/brasileiro, foi também distribuído pela Embrafilme e é uma das produções nacionais que ganhou reconhecimento mundial.

O documentário destaca o dia-a-dia, a cultura, os costumes e as situações vividas pelas tribos que habitam a região do Parque Nacional do Xingú, no Estado do Mato Grosso, assuntos tratados através da figura de Raoni, um cacique que acaba se tornando o personagem principal do filme ao buscar ajuda do governo e de autoridades locais para frear o expancionismo branco em suas terras.

O documentário conquistou a crítica nacional e internacional. O filme foi o grande vencedor do Festival de Gramado e conseguiu uma indicação ao Oscar de Melhor Documentário.

Tudo Bem (1978)

Tudo Bem

Dirigido por Arnaldo Jabor, temos aqui mais um filme na lista dos Melhores Filmes da Abraccine. Tudo Bem conseguiu um feito raro, juntar os maiores nomes da dramaturgia nacional: Fernanda Montenegro, Paulo Gracindo, Regina Casé, Luiz Fernando Guimarães, Fernando Torres, José Dunmont, Stênio Garcia e Anselmo Vasconcelos.

No filme vemos a história de Juarez um aposentado e pai de família de classe média que vive às voltas com uma obra no apartamento. Ele está sempre cercado pelos fantasmas de seus amigos já falecidos. Elvira não acredita na impotência do marido e pensa que tem uma amante. Os filhos Zé Roberto e Vera Lucia são oportunistas ele executivo e ela preocupada com um marido. Para completar as empregadas Aparecida de Fátima mística fervorosa, e Zezé, que trabalha como prostituta nas horas vagas. Juntos eles precisam lidar com as dificuldades da vida e os operários da obra, que estão sempre no apartamento.

O filme que é o 56º filme da lista da Abraccine, conseguiu um a carreira esplêndida no Brasil e no exterior. Também com um elenco desses é impossível não dar certo.

Bye, Bye Brasil (1980)

Bye, Bye Brasil

Cacá Diegues volta a nossa lista. Dessa vez com um filme que junta Betty Faria e José Wilker viajando pelo Brasil ao som de ninguém menos que Chico Buarque de Holanda.

Bye, Bye Brasil conta a história de Salomé (Betty Faria), Lorde Cigano (José Wilker) e Andorinha, três artistas ambulantes que cruzam o país juntamente com a Caravana Rolidei, fazendo espetáculos para o setor mais humilde da população brasileira e que ainda não tem acesso à televisão. A eles se juntam o sanfoneiro Ciço (Fábio Jr.) e sua esposa, Dasdô (Zaira Zambelli), e a Caravana cruza a Amazônia até chegar a Brasília.

O filme está em 18º na lista da Abraccine e é sempre lembrado quando o assunto é road movie. O filme passou no Festival de Cannes e de Havana, saindo vencedor desse último. Hoje o filme é considerado um dos maiores filmes nacionais da era Embrafilme e um dos melhores da Ditadura Militar.

Gaijin – Os Caminhos da Liberdade (1980)

Gaijin - Os Caminhos da Liberdade

Famosa pelos filmes da Xuxa e do Didi, Tizuka Yamasaki estreou nos cinemas com esse drama sobre a imigração japonesa. Gaijin – Os Caminhos da Liberdade, foi uma estreia com pé direito. Afinal o filme recebeu vários prêmios internacionais.

O filme se passa no início do século XX, quando um grupo de japoneses vêm para o Brasil, para trabalhar em uma fazenda de café em São Paulo. Lá eles encontram dificuldades para se adaptar pois são tratados com hostilidade, tendo que trabalhar quase como escravos e são roubados pelo patrão. Apenas alguns colonos os tratam bem, entre eles, Tonho, o contador da fazenda.

O filme trás no elenco uma mistura de japoneses e brasileiros. Entre os atores da terrinha temos Gianfrancesco Gauarnieri, Antônio Fagundes e José Dumont. Em 2005 a diretora dirigiu a continuação Gaijin – Ama-me Como Sou, mas não conseguiu repetir o sucesso do primeiro filme.

Eles Não Usam Black Tie (1981)

Eles Não Usam Black Tie um dos mais importantes filmes nacionais é da Embrafilme

Chegou a hora de falar de um dos maiores filmes do cinema nacional e da era Embrafilme. Dirigido por Leon Hirszman, Eles Não Usam Black Tie, é um daqueles casos raros de filmes que se reúne um elenco daqueles e se consegue fazer um filme atemporal.

O filme se passa em São Paulo, em 1980, quando o jovem operário Tião (Carlos Alberto Riccelli) e sua namorada Maria (Bete Mendes) decidem casar-se ao saber que a moça está grávida. Ao mesmo tempo, eclode um movimento grevista que divide a categoria metalúrgica. Preocupado com o casamento e temendo perder o emprego, Tião fura a greve, entrando em conflito com o pai, Otávio (Gianfrancesco Guarnieri), um velho militante sindical que passou três anos na cadeia durante o regime militar.

O filme, que está em 14º na lista da Abraccine, é um dos mais importantes filmes nacionais. Além de Riccelli, Guarnieri e Bete no elenco, o filme ainda trazia Fernanda Montenegro, Paulo José, Nelson Xavier e Milton Gonçalves. O filme ganhou 4 prêmios no Festival de Veneza, e entrou de vez para história do cinema nacional.

Pixote – A Lei do Mais Fraco (1981)

Pixote A Lei do Mais fraco

Hector Babenco de novo na lista, e aviso que não será a última. Dessa vez, o saudoso diretor, esta de volta em um dos filmes mais polêmicos e tristes da história do cinema nacional, Pixote – A Lei do Mais Fraco.

Filmado de forma documental, com diversos atores amadores com vidas semelhantes a dos personagens, Pixote – A Lei do Mais Fraco conta a história de um garoto chamado de Pixote (Fernando Ramos da Silva) foi abandonado por seus pais e rouba para viver nas ruas. Ele já esteve internado em reformatórios e isto só ajudou na sua “educação”, pois conviveu com todo os tipos de criminosos e jovens delinquente. Ele sobrevive se tornando um pequeno traficante de drogas, cafetão e assassino, mesmo tendo apenas onze anos.

O filme foi um grande sucesso conseguindo diversos prêmios internacionais. O elenco profissional foi encabeçado pela saudosa Marília Pera, e ainda tinha no elenco Jardel Filho, Rubens Falco, Tony Tornado, Beatriz Segal, Elke Maravilha e Ariclê Perez, sendo o restante do elenco praticamente todo amador. O filme é um soco no estômago e não é para qualquer um. E tem uma triste história por trás. Fernando, o Pixote, não conseguiu manter-se na carreira artística e acabou morto num tiroteio com a policia após ter participado num assalto. Em 1996 José Jofilly dirigiu o filme Quem Matou Pixote?, que buscava contar a curta trajetória de Fernando.

Os Saltimbancos Trapalhões (1981)

Os Saltimbanco Trapalhões é o representante da trupe entre os filmes da Embrafilme

Na verdade, todos os filmes dos Trapalhões, até 1991, teve o dedo da Embrafilme envolvido. Como Os Trapalhões têm dezenas de filmes, nada melhor do que colocar na lista o melhor filme da trupe para representar a todos eles: Os Saltimbancos Trapalhões.

No filme os funcionários humildes, os amigos Didi (Renato Aragão), Dedé (Dedé Santana), Mussum (Mussum) e Zacarias (Zacarias) se tornam a grande atração do circo Bartolo, graças à sua incrível capacidade de fazer o público rir. Mas o sucesso lhes têm um preço: a oposição do mágico Assis Satã e a ganância do Barão, o dono do circo. Juntos, os quatro amigos precisarão combatê-los.

Com música de Chico Buarque e Lucinha Lins, no auge de sua beleza e talento no elenco, o filme se tornou um clássico do cinema nacional. E até hoje emociona, principalmente os marmanjos de plantão.

Pra Frente Brasil (1982)

Pra Frente Brasil

Pra Frente Brasil, dirigido por Roberto Farias, conseguiu um feito quase impossível: fazer um filme sobre a ditadura e a tortura em pleno regime militar.

O filme se passa em 1970, quando o Brasil inteiro torce e vibra com a seleção de futebol no México, enquanto prisioneiros políticos são torturados nos porões da ditadura militar e inocentes são vítimas desta violência. Todos estes acontecimentos são vistos pela ótica de uma família quando um dos seus integrantes, um pacato trabalhador da classe média, é confundido com um ativista político e “desaparece”.

O filme foi protagonizado por Reginaldo Faria, Antônio Fagundes, Natália do Valle e Elizabeth Savalla. Embora inicialmente tendo sido censurado pelos órgãos censores, o filme saiu e acabou sendo premiado em Berlim. Pra Frente Brasil, é mais um filme na lista da Abraccine, onde ocupa a posição de número 77.

Memórias do Cárcere (1984)

Memórias do Cárcere

Baseado na autobiografia de Graciliano Ramos, Memórias do Cárcere, dirigido por Nelson Pereira dos Santos, é mais um filme histórico da era Embrafilme.

O filme se passa na década de 30, quando o escritor Graciliano Ramos (Carlos Vereza) é preso acusado de ligações com o Partido Comunista. Capturado em Alagoas, onde era servidor público e levava uma pacata vida, ele dá entrada no presídio de Ilha Grande, no Rio de Janeiro, em 3 de março de 1936, sem sequer passar por um julgamento. Em meio a atritos de ordem política e pessoal, crueldade, insalubridade, fome e os mais diversos tipos de criminosos – de ladrões de galinha a guerrilheiros -, ele escreve.

O filme, que é o 29º da lista da Abraccine, foi um grande sucesso nacional e internacional. O filme foi premiado em Cannes e Havana. E tem como principal destaque do filme a atuação de Carlos Vereza, que perdeu 11kg e começou a fumar para interpretar Graciliano Ramos.

Cabra Marcado Para Morrer (1984)

Cabra Marcado Para Morrer um dos melhores filmes nacionais é um dos principais filmes da Embrafilme

Cabra Marcado Para Morrer é um dos ícones do cinema nacional. Não apenas pelo filme em si, como também por tudo que está envolvido em sua produção. Eduardo Coutinho iniciou as filmagens em 1964, mas elas foram interrompidas devido ao golpe militar ocorrido no mesmo ano no Brasil. Vinte anos depois, foram reunidos os mesmos técnicos, locais e personagens reais para que o filme fosse retomado.

O filme é um docudrama sobre João Pedro Teixeira, um líder camponês é assassinado por ordem dos latifundiários do Nordeste. As filmagens de sua vida, interpretada pelos próprios camponeses, foram interrompidas pelo golpe militar de 1964. Vinte anos depois, o diretor retoma o projeto e procura a viúva Elizabeth Teixeira e seus dez filhos, espalhados pela onda de repressão que seguiu ao episódio do assassinato. O tema principal do filme passa a ser a trajetória de cada um dos personagens que, por meio de lembranças e imagens do passado, evocam o drama de uma família de camponeses durante os longos anos do regime militar.

Cabra Marcado Para Morrer foi escolhido pela Abraccine o 4ºmelhor filme brasileiro de todos os tempos. Ganhou dois prêmios no Festival de Berlim e foi premiado em vários outros festivais no Brasil e no mundo a fora. Considerado por muitos o melhor filme brasileiro já feito, o filme é um símbolo da luta contra a repressão e censura. E continua atual até os dias de hoje.

O Beijo da Mulher Aranha (1985)

O beijo da mulher aranha um dos principais filmes da Embrafilme

Não falei que Hector Babenco estaria novamente nessa lista? Dessa fez com um filme indicado a 4 Oscars, incluindo Melhor Filme, tendo ganho o Oscar de Melhor Ator para Willian Hurt. Estou falando do clássico O Beijo da Mulher Aranha.

Baseado no romance de Manoel Puig, o filme conta a história do prisioneiro político de esquerda Valentín Arregui (Raúl Juliá) e Luís Molina (William Hurt), um homossexual efeminado condenado por “corrupção de menor”. Os dois dividem uma cela numa prisão brasileira. Molina relembra, na prisão, um de seus filmes favoritos, um suspense romântico de guerra que também é uma propaganda nazista. Ele tece os personagens do filme numa narrativa que traz conforto a Arregui para distraí-lo da dura realidade da prisão e da separação da mulher que ama.

O filme é um dos maiores nomes do cinema nacional, e só não foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro porque é todo falado em inglês. O filme, que custou US$ 1 milhão, arrecadou US$ 17 milhões, tornando Sônia Braga e Hector Babenco nomes respeitados em Hollywood.

Eu Sei Que Vou Te Amar (1986)

Eu sei que vou te amar

1986 pode ser considerado o último grande ano da Embrafilme, que devido a crise estava em decadência. Mas ainda em 86, o cinema nacional conseguiu dois prêmios importantes, um deles foi nesse filme de Arnaldo Jabor, Eu Sei Que Vou Te Amar.

No filme um casal jovem resolve viver em duas horas um jogo da verdade sobre tudo o que já lhes aconteceu, numa psicanálise filmada com risos e lágrimas. Uma filmagem sobre o que seria um filme de amor.

O filme foi filmado em uma casa projetada por Oscar Niemeyer, e passou em Cannes onde ele foi indicado a Palma de Ouro Melhor Filme, mas levou o prêmio de Melhor Atriz para Fernanda Torres.

Vera (1986)

Vera

O outro destaque de 1986 foi Vera, dirigido por Sérgio Toledo, e com Raul Cortez e Ana Beatriz Nogueira no elenco. Um filme que por muitas vezes passa despercebido na filmografia nacional, mas é muito importante para o nosso cinema.

No filme uma menina luta para encontrar seu lugar num mundo cada vez mais complexo e hostil. Órfã, passa a adolescência num internato onde, aos poucos, começa a desenvolver uma personalidade masculina e a se impor às outras meninas. Aos dezoito anos, sai do internato e, com a ajuda de um professor, consegue arranjar emprego e começar a vida. No trabalho, conhece Clara (Aida Leiner) e tenta se aproximar dela. As duas se tornam amigas e Vera (Ana Beatriz Nogueira) radicaliza seu comportamento, tentando convencer Clara de que é um homem, vestindo-se e comportando-se como tal.

Baseado na autobiografia do escritor trans Anderson Herzer, Vera foi a estreia de Ana Beatriz Nogueira como atriz, e logo de cara a novata levou o Urso de Prata de Melhor Atriz no Festival de Berlim. O filme ainda conseguiu diversos prêmios no Brasil e no mundo, mas infelizmente hoje é pouco lembrado.

Feliz Ano Velho (1988)

Feliz Ano Velho

Feliz Ano Velho faz parte dos pequenos achados de 87 a 91 da era Embrafilme. O filme de 1988, que ganhou uma versão remasterizada em 2018 por ocasião dos 30 anos de seu lançamento, é um dos poucos que se destacam nessa fase final da Embrafilme.

Baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, o filme conta a história de Mário, um jovem que perdeu o pai durante a ditadura militar, mergulha em um lago e acaba sofrendo um acidente e ficando tetraplégico. Preso em uma cadeira de rodas, o rapaz busca formas de sobrevivência e começa a escrever sobre o seu passado. Logo ele finaliza um livro, que se torna um sucesso nas livrarias.

O filme se tornou um sucesso na época, ganhando diversos festivais como o Festival de Gramado onde levou 6 prêmios, incluindo o Prêmio do Júri Popular. Hoje o filme é pouco lembrado mas vale a pena conferir, principalmente para os fãs do livro.

Dias Melhores Virão (1989)

Dias melhores virão

Mais um do panteão dos grandes filmes esquecidos do fim da Embrafilme. Dias Melhores Virão, outro filme de Cacá Diegues nas lista, foi um dos grandes destaques do fim da Embrafilme. Lançado em 1989 o filme conseguiu razoável sucesso na época.

O filme conta a história de Maryalva (Marília Pera) uma dubladora que sonha em se tornar uma estrela de Hollywood. Em seus devaneios realidade e fantasia se misturam e ela conversa com, entre outros, o fantasma de um namorado morto, ainda jovem, num acidente de moto e a estrela da comédia americana a qual ela dubla.

O filme foi o último filme da Embrafilme a ser escolhido como representante brasileiro para o Oscar. Embora não tenha sido selecionado, o filme conseguiu reconhecimento internacional. O filme foi selecionado para o Festival de Toronto e ganhou dois prêmios no Festival de Catagena, entre eles o de Melhor Atriz para Marília Pera.

Não Quero Falar Sobre Isso Agora (1991)

Não Quero Falar Sobre Isso Agora último filme da Embrafilme

Dirigido por Mauro Frias Não Quero Falar Sobre Isso Agora não é um filme muito lembrado quando falamos do cinema nacional. Mas está nessa lista por um único motivo: foi um dos últimos, se não o último filme lançado com a influência da Embrafilme.

O filme conta a história de Daniel O’Neil (Evandro Mesquita) um aspirante a escritor que precisa realmente ir à luta quando Dora (Monique Lafond), sua namorada rica, lhe dá uma solene dispensa. Além disto, é expulso do hotel em Copacabana onde morava. Daniel vai morar então no pequeno apartamento de Meg (Eliana Fonseca), sua melhor amiga, mas logo coloca os dois em confusão quando pega carona com Macula, um conhecido traficante que acaba sendo perseguido pela polícia e pede que Daniel guarde dois pacotes de cocaína.

O filme, que é a estreia de Mauro Frias na direção, ganhou três prêmios no Festival de Gramado. O filme não é lembrado hoje, mas vale a curiosidade de ser o último filme da Embrafilme.

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