Billy Porter: Live, Work, Pose, Emmy!
Billy Porter escreveu história no último domingo ao se tornar o primeiro homem gay ao ganhar o Emmy na categoria de melhor ator em série dramática. Ou melhor, o primeiro homem negro gay ao ganhar o o Emmy na categoria de melhor ator em série dramática.
Pela primeira vez indicado ao Emmy, o novato na premiação, mas não na carreira ou no talento, levou o prêmio por seu personagem Pray Tell na série POSE.
Billy fez história. E sabe disso, como pontuou em seu discurso emocionado, citando James Baldwin:
Foram muitos anos colocando para toda a sujeira que fui ensinado sobre mim mesmo e meio que acreditar, antes que eu fosse capaz de andar na Terra como se eu tivesse o direito de estar aqui. Eu tenho o direito. Você tem o direito. Todos nós temos o direito.
Mas quem é Billy Porter?
O currículo de Billy é extremamente longo, mas ainda assim, demorou 3 décadas sendo um ator profissinal para conseguir alcançar o Emmy, ou um papel de relevância em uma grande série.
Quase um EGOT e você ainda não conhece?
A carreira de Billy comeou no teatro musical, em 1991, com uma montagem de Miss Saigon, e em 1994 em um revival de Grease. Mas foi apenas em seu retorno a Nova Iórque, em 2010, que ele começou a ser mais notado, ganhando um Tony e um Grammy em 2013 por sua performance em Kinky Boots. Ganhar um Emmy o coloca apenas a um Oscar de distância de se tornar um EGOT.
Até o momento apenas 19 pessoas possuem essa façanha, entre elas Rita Moreno, Whoopi Goldberg, Barbra Streisand, Liza Minelli, John Legend, James Earl Jones e Audrey Hepburn.
A representatividade de Billy e POSE
POSE sem dúvida mostra e prova diversas vezes sua importância, tanto para representatividade, tendo o maior elenco fixo de pessoas transexuais na história, quanto para a história, contando como foi o boom do HIV nos anos 80 e a formação de grandes comunidades, que se sustentam até hoje de alguma forma.
Pose gira sobre o eixo da família que a gente escolhe, dentro da realidade queer. Seu universo é fundamentalmente povoado por pessoas queer e mulheres trans negras, a maioria dos quais foram expulsas de suas famílias biológicas sem cerimônia e forçadas às marges de sobrevivência.
O apelo da série vem justamente da realidade onde ela existe e como consegue conversar sem fronteiras . Antes de POSE, talvez as únicas vezes que vimos o tema queer de família e da transição dos corpos às nuances da vida LGBT, com tanto cuidado e urgência, foram em Paris is Bruning, de 1991, e Kiki, de 2016.
Além disso, o grande acerto de Ryan Murphy de não fugir de temas “polêmicos”, como uma cena de sexo entre dois homens negros no horário nobre, é o que faz diferença na força que a série traz e no espaço que se propõe a ocupar. E enquanto o diálogo do show, sempre há uma inclinação a uma palestra didática, fazendo sua existência na televisão um ato de revolução.
Vale acompanhar tanto a série quanto a trajetória de Billy pós Emmy para entender um pouco mais o que isso representa. E com certeza ter um banho de talento!