Música Nacional e defesa do Audiovisual marcam o 18º Grande Prêmio do Cinema Brasileiro
Como seria o Cinema Brasileiro sem a Música nacional? Que graça teria ver uma cena dos longas de Glauber Rocha, Eduardo Coutinho, Cacá Diegues, Neville d’Almeida e diversos outros sem uma melodia de Caetano Veloso, Ney Matogrosso, Chico Buarque, Milton Nascimento e demais ícones da MPB?
Seguindo essa perspectiva, a Academia Brasileira de Cinema decidiu levar para a cerimônia do 18º Grande Prêmio do Cinema Brasileiro a relação entre Cinema e Música Brasileira. Realizado na quarta-feira (14), pela primeira vez na capital paulista, centenas de artistas, profissionais do audiovisual e convidados lotaram o hall do Teatro Municipal de São Paulo para celebrar as produções nacionais.
Apesar de todo o luxo e comemoração, o Grande Prêmio do Cinema foi marcado por discursos cansativos e protestos da plateia contra o governo. Em sua fala de abertura Jorge Peregrino, presidente da Academia Brasileira de Cinema, pontuou que mesmo com um cenário positivo para o cinema nacional, com filmes sendo premiados em Cannes e com cineastas recebendo convites para a Academia de Hollywood, o audiovisual brasileiro está sob ataque. O discurso foi recebido com aplausos e gritos de protesto contra o presidente Jair Bolsonaro vindos da plateia. A defesa das produções brasileiras seguiu ao longo da premiação.
A cerimônia que estava marcada para as 20h45 só teve início de fato às 22h. Quando enfim começou, os convidados puderam apreciar grandes apresentações musicais, interpretadas por Ney Matogrosso, Ayrton Montarroyos e o quarteto do longa “Antônia”.
A apresentação do prêmio ficou por conta dos atores Rodrigo Pandolfo, Juliana Linhares e André Ramiro, que, também participavam de números musicais, sempre acompanhados de cenas de filmes que marcaram a história do cinema nacional.
A Academia Brasileira de Cinema ainda reservou um momento para homenagear os 54 anos de carreira de Zezé Motta. A atriz que subiu a palco com dificuldades foi aplaudida de pé pelo teatro, já meio esvaziado devido ao horário que se estendia pela madrugada. Em poucas palavras agradeceu ao público e encerrou entoando à capela a canção “Missão”, de João Nogueira e Paulo César Pinheiro.
Em outro momento a Academia fez menção honrosa à memória de nomes do audiovisual que faleceram recentemente, entre eles a atriz Ruth de Souza, o diretor Domingos de Oliveira, o crítico Rubens Ewald Filho e o cantor João Gilberto.
Os vencedores
Discursos, homenagens e protestos a parte, o grande vencedor da noite foi o longa-metragem “Benzinho”. Além do troféu de Melhor Filme de Ficção, o filme venceu as categorias de Melhor Diretor, para Gustavo Pizzi, Melhor Roteiro Original e Melhor Atriz para Karine Teles. A entrega do prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante, para Adriana Esteves gerou risos na plateia. Em seu discurso Adriana Esteves se enrolou e acabou esquecendo por qual filme estava ganhando o prêmio. A atriz também havia sido indicada como Melhor Atriz por “Canastra Suja”.
Porém o filme com o maio número de prêmios da noite foi “O Grande Circo Místico”, dirigido por Cacá Diegues. Ao todo foram seis prêmios, todos em categorias técnicas: Fotografia, Figurino, Direção de Arte, Maquiagem, Efeitos Visuais e Roteiro Adaptado.
Já “Chacrinha – O Velho Guerreiro”, que tinha 12 indicações saiu apenas com dois prêmios da academia, Melhor Ator para Stepan Nercessian e Melhor Som. O longa-metragem também foi eleito o Melhor Filme de ficção pelo voto popular. O prêmio de Melhor Ator Coadjuvante foi para Matheus Nachtergaele, por “O Nome da Morte”.
Confira a lista completa com os vencedores do 18º Grande Prêmio do Cinema Brasileiro:
Melhor Longa-metragem ficção “Benzinho”, de Gustavo Pizzi
Melhor longa-metragem documentário “Ex Pajé”, de Luiz Bolognesi
Melhor longa-metragem infantil ‘Detetives do prédio azul 2 — o mistério italiano’, de Viviane Jundi
Melhor longa-metragem comédia ‘Minha vida em marte’, de Susana Garcia
Melhor Direção Gustavo Pizzi, por ‘Benzinho’
Melhor Atriz Karine Teles, por ‘Benzinho’
Melhor Ator Stepan Nercessian, por ‘Chacrinha: o Velho Guerreiro’
Melhor Atriz Coadjuvante Adriana Esteves, por ‘Benzinho’
Melhor Ator Coadjuvante Matheus Nachtergaele, por ‘O nome da morte’
Melhor Direção de Fotografia Gustavo Hadba, abc, por ‘O Grande Circo Místico’
Melhor Roteiro Original Karine Teles e Gustavo Pizzi, por ‘Benzinho’
Melhor Roteiro Adaptado Cacá Diegues e George Moura, por ‘O Grande Circo Místico’
Melhor Direção de Arte Artur Pinheiro, por ‘O Grande Circo Místico’
Melhor Figurino Kika Lopes, por ‘O Grande Circo Místico’
Melhor Maquiagem Catherine Leblanc Caraes e Emmanuelle Fèvre, por ‘O Grande Circo Místico’
Melhor Efeito Visual Marcelo Siqueira, abc e Thierry Delobel, por ‘O Grande Circo Místico’
Melhor Montagem Ficção Livia Serpa, por ‘Benzinho‘
Melhor Montagem Documentário Gustavo Ribeiro e Rodrigo de Oliveira, por ‘Todos os Paulos do Mundo’
Melhor Som Jorge Saldanha, armando torres jr., abc, Alessandro Laroca, Eduardo Virmond Lima e Renan Deodato, por ‘Chacrinha: o Velho Guerreiro’
Melhor Trilha Sonora Original Elza soares e Alexandre Martins, por ‘My name is now’
Melhor trilha sonora Zeca Baleiro, por ‘Paraiso Perdido’
Melhor longa-metragem estrangeiro ‘Infiltrado na Klan (EUA), de Spike Lee.
Melhor longa-metragem Ibero-americano ‘Uma Noite de 12 anos’ (Argentina, Espanha, Uruguai), de Álvaro Brechner.
Melhor longa-metragem de animação – menção honrosa ‘Peixonauta — o filme’, de Celia Catunda, Rodrigo Eba e Kiko Mistrorigo
Melhor curta-metragem animação ‘Lé com cré‘, de Cassandra Reis
Melhor curta-metragem documentário ‘Cor de Pele’, de Livia Perini
Melhor curta-metragem ficção ‘O órfão’, de Carolina Markowicz
Melhor série brasileira de animação ‘Irmão do Jorel’, de Juliano Enrico
Melhor série brasileira de documentário ‘Inhotim — Arte Presente’, de Pedro Urano
Melhor série brasileira de ficção ‘Escola de Gênios’ (1ª temporada), de Ângela Fabri
Melhor longa-metragem ficção – voto popular ‘Chacrinha: o velho guerreiro’, de Andrucha Waddington.
Melhor longa-metragem documentário – voto popular ‘My name is now‘, de Elizabete Martins Campos
Melhor longa-metragem estrangeiro – voto popular ‘Nasce uma estrela‘ (EUA), de Bradley Cooper.
Melhor longa-metragem ibero-americano – voto popular ‘Uma noite de 12 anos’ (Argentina, Espanha, Uruguai), de Álvaro Brechner.