“DisneyFox” – Entenda como ficou a nova estrutura
A DISNEY COMRPOU A FOX! E agora?
Há 15 meses a Disney chocou o mundo quando anunciou que pretendia comprar a Fox Studios e Televisão, em uma negociação de aproximadamente US$50 Bilhões. Havia muita especulação de que o acordo não seria firmado e que os órgãos de regulação antitruste iriam impedir a efetivação, afinal a empresa se tornaria grande demais e não teria competidores a altura. Pois bem, o órgão regulador chinês foi um dos primeiros a dar a benção e isso foi extremamente importante, já que é um dos maiores mercados mundiais, o que fez com que outros países com menos importância se sentissem compilados a fazer o mesmo. A Europa fez a exigência da venda da grade do canal A&E, que também inclui os canais History e Lifetime, os EUA aprovaram a negociação em junho de 2018, desde que fosse excluído os canais de esporte. Vale lembrar que a Disney já é dona da ESPN e se assumisse os canais Fox Sports seria um monopólio americano e talvez, mundial.
O acordo estava previsto para ser concluído em junho de 2019 segundo especialistas e para surpresa de muitos, foi concluído no dia 20 de março de 2019 (ontem). Poderia ter sido antes se não fosse o Brasil. Isso mesmo! O Brasil demorou a se posicionar e fez a mesma exigência dos EUA. O Brasil ofereceu uma resistência tão grande que o próprio presidente da Disney em pessoa veio ao país para negociar com o CADE. A justificava? O CADE estava “preocupado” como ficaria a qualidade da programação esportiva, já que a Disney teria o controle de duas das maiores emissoras de esporte no mundo, nesse caso a Fox Sports e a ESPN.
Com isso a Fox passou a ser um conglomerado independente de notícias, esportes e transmissão, por meio do Fox Broadcasting, Fox News e Fox Sports, enquanto a Disney assumiu toda a parte dos estúdios de televisão responsáveis pelas séries, os estúdios de filmes e os canais televisivos Nationatal Geographic, FX, etc.
As duas empresas também detinham 30% de participação cada no serviço de streaming HULU, que é uma joint venture entre a Fox, Comcast, AT&T e Disney, que agora essa última passou a ter o controle majoritário com 60%. Esse serviço não é tão conhecido no mundo por se tratar de algo mais do mercado americano, porém, ele vem crescendo e fazendo suas próprias séries como a excelente The Handmaid’s Tale.
É a primeira vez que um grande estúdio de Hollywood deixa de existir completamente desde a MGM na década de 80. O que antes eram 6 grandes estúdios em Hollywood foram reduzidos a 5, sendo Disney, Warner, Sony (Columbia), Universal e a Paramount. As negociações internacionais duraram tanto tempo que o acordo que estava orçado em US$50 bilhões, foi finalizado por US$71 bilhões, devido a inflação e variações cambiais. A NBC Universal (Comcast) possuía em 2015, 21,65% da fatia de mercado, a Disney 20,75%, a Warner 14%, a FOX 12%, a SONY 8,49% e a Paramount (Viacom), 2,8%. Assumindo que todos os telespectadores da FOX irão para a Disney, o que é mentira, essa teria 32,75% de mercado, se tornando a líder isolada no segmento, o que estimularia (se já não estimulou) os estúdios comprarem os menores, como a NBC fazer um movimento para a Paramount ou SONY.
Essa compra da Disney gera várias perguntas como: Por que a Disney investiu tão alto? Por que investir na FOX sendo que Disney sempre foi conhecida pelo mercado de entretenimento familiar/infantil?
Segundo Robert Iger, atual CEO da casa do Mickey, a Disney está se preparando para o longo inverno que está a caminho. O que ele quis dizer com isso é que as empresas de mídia querem nadar no oceano que a Netflix criou e vem nadando sozinha ao popularizar o serviço de streaming e preparam-se para fazer frente a ela. E esse é exatamente o movimento da Disney. Gigantes do mercado como Amazon – que está produzindo uma série de O Senhor dos Anéis – AT&T, Fandango (Comcast), Vimeo, Crunchyroll (Animes), HBO e FOX já lançaram seus serviços de streaming e tentam desesperadamente abocanhar alguma sobra da Netflix.
A principal pergunta é: E quando surgir alguém maior que a Netflix? Alguém capaz de fazer com que ela seja esquecida ou que ao menos perca o protagonismo. Já está anunciado para o final desse ano o lançamento do Disney +, que promete bater de frente e roubar grande parcela do mercado.
Você consegue imaginar seriados dos heróis da Marvel, Os Simpsons, Uma Familia da Pesada, Modern Family, The Walking Dead, CSI, Grey’s Anatomy, Sons of Anarchy, 24Horas, a extinta How I Met your Mother, os filmes Avatar, X-Men, Quarteto Fantástico, Alien, Titanic, Duro de Matar, Planeta dos Macacos, Independence Day, Star Wars, Indiana Jones e possíveis derivados de todos esses em um só lugar?
O consumidor só tende a ser beneficiado, mas há um risco grande. Muitos fãs de Star Wars dizem que a Disney estragou a franquia e poucos dizem que os novos episódios são bons. E se isso acontecer com todo esse arsenal de filmes e séries recém adquiridos? É um cenário difícil de imaginar, onde tudo feito pela Disney saia errado, mas sem dúvida é fácil de imaginar que muita coisa vá ser ruim até a empresa decifrar uma estratégia para tudo isso, afinal todos lembram do fracasso total de Han Solo, o que fez com que fossem cancelados projetos individuais de outros personagens, como Obi-Wan Kenobi, por exemplo.
Resta torcer para que as novas produções sejam um sucesso e que a briga entre as gigantes do streaming fique cada vez mais acirrada, o que faça com que elas produzam cada vez mais filmes e séries de qualidade. A tendência é que haja no futuro outras fusões e surja uma terceira gigante do streaming ou que a Netflix compre alguém, afinal quando os peixes pequenos somem, os peixes grandes começam a se atacar até sobrar o mais forte.