Shakespeare em 10 adaptações para o cinema
William Shakespeare é considerado por muitos o maior dramaturgo de todos os tempos. Sua extensa obra abrange os mais diversos tipos de histórias e personagens. Nasceu no ano de 1564 na cidade inglesa de Stratford-upon-Avon, e ali mesmo naquela cidade morreu aos 52 anos. Autor de diversas peças que são verdadeiras obras-primas, Shakespeare é também o autor que teve mais obras adaptadas para o cinema.
Abaixo, uma seleção de 10 filmes baseados na obra do bardo inglês. Claro que existem outros filmes igualmente ótimos ou bons que ficaram de fora, mas eles entrarão em breve em uma segunda parte.
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Sonho de uma Noite de Verão (1935), dir: Max Reinhardt e William Dieterle
Com James Cagney, Olivia de Havilland, Dick Powell, Mickey Rooney e Jean Muir.
A mais fantasiosa das peças de Shakespeare, “Sonho de uma Noite de Verão” mostra um mundo habitado por humanos e seres fantásticos como fadas e elfos. Histórias de amor se cruzam em uma sucessão de idas e vindas, incluindo uma magia que faz com que as pessoa comecem a gostar de outras, de forma involuntária. A versão de 1935 é a melhor e a mais famosa, além de contar com um excelente elenco de astros e estrelas da época. Os cenários são um show à parte. Venceu os Oscars de edição e fotografia.
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Henrique V (1944), dir: Laurence Olivier
Com: Laurence Olivier, Renée Ashershon, Robert Newton e Leslie Banks.
O ator, diretor e produtor Laurence Olivier mergulhou a fundo na obra de Shakespeare e levou para as telas, entre outros, o mais famoso filme de Hamlet, em 1948. Um pouco antes, porém, ele adaptou Henrique V, uma das maiores peças históricas do grande escritor inglês. O resultado não fica atrás de sua principal obra. Aqui, tudo é muito bem dirigido e interpretado, mostrando o notável rei inglês e sua participação na Guerra dos Cem Anos.
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Macbeth – Reinado de Sangue (1948), dir: Orson Welles
Com Orson Welles, Jeanette Nolan, Peggy Weber e Roddy McDowall.
Uma das maiores peças de Shakespeare, Macbeth toma proporções aterradoras nas mãos do genial Orson Welles, que dirige e atua no papel principal. Para chegar a rei, o terrível macbeth não mede esforços para tirar todos os oponentes de seu caminho. Junta-se a ele sua ardilosa esposa Lady Macbeth. Welles utiliza muitas sombras e outros recursos narrativos do Expressionismo Alemão para tornar ainda mais assustadora sua visão implacável da obra do famoso dramaturgo.
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Amor, Sublime Amor (1961), dir: Robert Wise e Jerome Robbins
Com Natalie Wood, Richard Beymer, George Chakiris, Rita Moreno e Russ Tamblyn.
O amor entre dois jovens apaixonados e a eterna inimizade e rivalidade de suas famílias são levadas às telas nesta magnífica produção musical que atualiza a obra de Shakespeare para os anos 60. Aqui, o ambiente renacentista da peça original dá lugar a uma Nova York atual, onde, no bairro West Side, duas gangues lutam incessantemente. No meio do confronto estão Toni e Maria, um casal que só quer viver junto e ser feliz. Mas o preço que eles acabam pagando é caro demais. Um dos maiores musicais de todos os tempos, vencedor de 10 Oscars.
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Hamlet (1964), dir: Grigori Kozintsev
Com Innokenty Smoktunovsky, Mikhail Nazvanov, Anastasiya Vertinskaya, Yuri Tolubeyev e Elza Radziņa.
Esta é uma das menos conhecidas (pelo público atual), porém, uma das melhores adaptações para o cinema da mais aclamada peça de Shakespeare. Uma esplendorosa produção russa que, para muitos, acaba superando a versão de Laurence Olivier, realizada em 1948. A produção preza por uma atmosfera mais realista. A cena em que o fantasma do pai de Hamlet aparece pela primeira vez é uma das mais marcantes entre todas as adaptações já feitas.
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A Megera Domada (1967), dir: Franco Zeffirelli
Com Elizabeth Taylor, Richard Burton, Cyril Cusack, Michael York e Michael Hordern.
Franco Zeffirelli dirigiu peças e filmes baseados na obra do grande dramaturgo inglês, e a comédia “A Megera Domada” é seu primeiro trabalho nas telas de uma obra do autor. Elizabeth Taylor e Richard Burton estão ótimos como o casal que se desentende quase o tempo inteiro. Ótima reconstituição de época e direção inspirada de Zeffirelli, que no ano seguinte levou para as telas o emocionante e inesquecível “Romeu e Julieta”.
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Ran (1985), dir: Akira Kurosawa
Com Tatsuya Nakadai, Akira Terao, Mieko Harada, Daisuke Ryû e Jinpachi Nezu.
O excepcional diretor japonês Kurosawa adapta aqui outra obra de Shakespeare – ele havia feito Macbeth como “Trono manchado de Sangue”, em 1957-. “Ran” é a versão de Kurosawa da notável tragédia Rei Lear, onde um chefe de um clã passa por diversas provações até encontrar a redenção. Feito como superprodução, a obra tem um visual belíssimo, fotografia deslumbrante, cenários majestosos e figurino arrebatador (vencedor do Oscar). Sem dúvida um dos melhores filmes de todos os tempos.
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A Última Tempestade (1991), dir: Peter Greenaway
Com John Gielgud, Michel Blanc, Michael Clark, Erland Josephson e Mark Rylance.
Feito de forma estilizada e surreal, essa versão de A tempestade é, antes de tudo, um grande espetáculo visual, dirigido por Grenaway, um diretor que se propõe a experimentar em suas obras. O resultado é muito satisfatório, principalmente por ter à frente do elenco o veterano ator shakespeareano John Gielgud, no papel de Próspero. Claro que é uma filme para um público específico à procura de obras diferentes e desafiadoras.
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Muito Barulho por Nada (1993), dir: Kenneth Branagh
Com Kenneth Branagh, Emma Thompson, Denzel Washington, Keanu Reeves e Kate Beckinsale.
O diretor Kenneth Branagh é hoje um dos maiores admiradores da obra de Shakespeare, de quem ele adaptou os elogiados dramas “Henrique V” (1989) e “Hamlet” (1996), além da comédia “Muito Barulho por Nada”. Neste último, ele reúne um excelente elenco para contar uma história sobre os encontros e desencontros do amor. Tudo é feito de forma leve e divertida, mas também com alguns toques de crítica social, típico do autor.
Othello (1995), dir: Oliver Parker
Com Laurence Fishburne, Kenneth Branagh, Irène Jacob, Nathaniel Parker e Michael Sheen.
Esta não é a melhor adaptação da história do general que, transtornado de ciúmes por sua esposa Desdemona, acaba se deixando levar pelas mentiras do vil Iago. Mas não deixa de ser uma boa produção, com Fishburne no papel principal, enquanto Branagh faz o vilão (ambos estão bem). A bela Irène Jacob interpreta a esposa injustiçada. A peça está entre as melhores já escritas em todos os tempos.