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Aquaman - Jason Momoa com tridente
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Critica: Aquaman

Aquaman consegue dosar os ares de épico com o lado canastrão que ronda o filme.

Pôster do filme Aquaman

Ficha técnica:
Direção: James Wan
Elenco: Jason Momoa, Amber Heard, Willem Dafoe, Patrick Wilson, Nicole Kidman, Dolph Lundgren, Yahya Abdul-Mateen II, Temuera Morrison.
Nacionalidade e data de estreia: Estados Unidos, 21 de dezembro de 2018 (13 de dezembro no Brasil).
Sinopse: Filho do humano Tom Curry (Temuera Morrison) com a rainha Atlanna (Nicole Kidman), Arthur Curry (Jason Momoa) cresce com a vivência de um humano e as capacidades metahumanas de um atlante. Então, seu irmão Orm (Patrick Wilson) deseja se tornar o Mestre dos Oceanos, e cabe a Arthur a tarefa de impedir uma guerra. Para isso, ele recebe a ajuda de Mera (Amber Heard), princesa de um dos reinos, e o apoio de Vulko (Willem Dafoe), que o treinou secretamente desde a adolescência.

Jason Momoa no filme Aquaman

A “claridade” de Aquaman é a primeira coisa que chama a atenção. É claro que Mulher Maravilha já tinha dado uma “colorida” na soturnez dos filmes de super-heróis da DC, mas agora a coisa é descarada e durante todo o filme.

O grande trunfo do novo longa da DC é que ele não tem medo de ser uma adaptação de quadrinhos. Ao contrário dos filmes anteriores, que tentavam se provar realistas ao vincular suas histórias com a Segunda Guerra ou trazer elementos com menos ares de fantasia, Aquaman traz múltiplos cenários do fundo do mar nos quais as pessoas emitem sons normais, sem se preocupar em explicar como estes espaços foram formados e qual a explicação para tudo isso. Afinal de contas, é história em quadrinhos!
Os cenários que o filme traz são ricos em detalhes e passam a ideia de que sempre estiveram ali. A exceção é apenas o cenário de uma espécie de “saguão” em cujo trono se senta Orm. O fundo branco e a artificialidade do local nos lembram a todo instante de que tudo foi filmado com um grande pano verde atrás.

A história que acompanhamos em Aquaman é básica e segue uma estrutura clássica, com a famosa jornada do herói – sem tirar nem pôr! Nenhum filme precisa ter tramas complexas. É nessa simplicidade e no carisma que o longa conquista o público em busca de entretenimento. Há o carisma das cenas de luta, muito bem coreografadas e jamais confusas (como tantos diretores de ação adoram fazer). Há o carisma de Amber Heard (Mera), de Willem Dafoe (que convence muito como o mentor de Arthur Curry) e principalmente, há o carisma sem fim de Jason Momoa como personagem-título. Não que o protagonista seja um ator muito bom: na verdade, ele disfarça sua falta de técnica com o estilo “boa praça”, o que faz dele uma mistura de Stallone com Schwarzenegger e pitadas de galã.

É claro que o filme perde por não investir em boas atuações. Nicole Kidman como Atlanna está quase no automático, e seu encontro com o filho fica artificial. E se o desenvolvimento do vilão Arraia Negra é bom graças ao tempo de tela dedicado a ele, o mesmo não se pode dizer sobre Orm, o irmão de Arthur, cujas motivações são típicas de um vilão de filmes de super herói, e cuja resolução pouco tem de elementos concretos que mostrem sua mudança.

Amber Heard como Mera no filme Aquaman

Mesmo que tenha momentos leves e algumas piadas, o filme não descamba para o excesso de gracejos, ainda que faça algo parecido ao tirar a urgência de uma situação para acrescentar uma cena de beijo .

“Nascido” no gênero de horror, James Wan supera as habilidades de cenas de ação que mostrou em “Velozes e Furiosos 7”: além de efetivas, são cientes de que há uma certa cafonice no subgênero. Quando a câmera se aproxima de Jason Momoa ao som de uma guitarra pesada, é como se o filme brincasse com o tom épico que Patty Jenkins conseguiu dar à Mulher Maravilha: afinal de contas, o Aquaman não está aqui para salvar as pessoas de uma guerra real, cujas cicatrizes perdurarão para sempre na nossa história, e sim para viver sua própria trajetória em um mundo fantasioso. O diretor mostra que sabe disso.

As minhas memórias a respeito de Aquaman sempre o colocam em um espaço de ridículo. É como se suas habilidades de “falar com os peixes” e seu histórico fizessem dele a maior “vítima de bullying” entre os heróis dos quadrinhos (lembra-se das inserções comerciais do Cartoon Network?). Neste filme, ao mesmo tempo em que ele sai desse patamar, se mantém rindo de si mesmo, em um equilíbrio que conseguiu ser bem dosado.

  • Nota
3

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