Crítica: Robin Hood – A Origem (2018)
Robin Hood – A Origem (2018) erra em todos os aspecto.
Ficha técnica:
Direção: Otto Bathurst
Roteiro: Ben Chandler, David James Kelly
Elenco: Taron Egerton, Jamie Foxx, Jamie Dornan, Ben Mendelsohn
Nacionalidade e lançamento: EUA, 2018 (29 de setembro no Brasil)
Robin Hood é um personagem tão adaptado quanto Tarzan. Tem várias obras, boas e ruins, filmes, livros e até um episódio do Pica-Pau (provavelmente uma das melhores delas). Contudo, acho injusto o questionamento que fazem sobre o motivo da existência deste filme. É a milésima vez que contam essa história? Sim, mas os responsáveis quiseram e pronto. O fato de não ser novidade definitivamente não é o problema, infelizmente vários são os motivos que fazem Robin Hood – A Origem um dos mais fracos longas de 2018.
Logo no início vemos duas justificativas que servem para lavar as mãos: “esta história é diferente de tudo que já viu” e “se passa há tanto tempo que não lembro da data exata”. Com isso, o longa quer a licença poética para fazer quaisquer adaptações. Contudo, em especial o segundo ponto, fica um tanto torto aqui. Pois mesmo sem ter uma data muito específica é claro que não se passa em uma época moderna. Então maquiagens e roupas atuais não caem muito bem. Esse detalhe histórico em um filme redondinho poderia ser relevado, aqui é mais uma coisa para apontarmos.
Então o chamado “valor de produção” cai já que há uma artificialidade no visual exposto. Até a limpeza dos personagens soa deslocada e mesmo quando sujos, até a sujeira é “limpa” demais. Nas cenas de ação o visual também é prejudicado. Com uma recorrência do uso de câmera lenta sem grandes funções narrativas e uma abundância de efeitos gratuitos, só o estilo pelo estilo e porque se tinha dinheiro para tal. É um misto do que Zack Snyder e Michael Bay têm de pior a oferecer.
O roteiro também toma decisões estranhas. Há uma fragilidade e obviedade das relações e dos movimentos que torna o desenvolvimento maçante e sem tensão, apesar do filme vender (pseudo)tensão a todo momento. E atentem-se que digo obviedade para além de saber as linhas gerais do personagem. Pequenos movimentos poderiam ter uma consistência maior. A cena do treinamento de Robin (Taron Egerton) com John (Jamie Foxx) parece um recorte mal feito de Rocky.
Os vilões são o mais reles do esteriótipo. Antagonistas de novela ruim, os diálogos são bobos, a “inocência” e malvadeza tornam os arcos banais e não os tememos em momento algum. Já os companheiros de Robin Hood enveredam para o alívio cômico que sinceramente fiquei na dúvida se era a ideia ele ser voluntariamente sem graça, vamos dar esse voto de confiança, apesar de que creio que os responsáveis acreditavam nas piadas. Quando não estamos diante de um caráter ilibado (desconsiderando que são ladrões), aquela típica retidão que os alçam à categorias de heróis, que nem os heróis hoje em dia possuem.
Ademais uma traminha política pra lá de básica. Um nada instigante triângulo amoroso que envolve o melhor ator do século, Jamie Dornan (sim, o Senhor Cinza). Se o filme falha como retrato da mitologia do personagem (“erro” totalmente relevável no meu entender, mas que fará muitos torcerem o nariz), aventura/ação, romance e como analogia aos filmes de heróis modernos, o que sobra?