MOSTRA SP 2018 | A Casa Dividida
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MOSTRA SP 2018 | A Casa Dividida

A Casa Dividida é descrito como uma sátira do tempo que retrata mas é apenas pretensioso

Ficha Técnica

Direção: Eugene Kotlyarenko A Casa Dividida mostra sp 2018 poster

Roteiro:  Dasha Nekrasova, Eugene Kotlyarenko

Elenco: Dasha Nekrasova, Eugene Kotlyarenko, Jack Kilmer, Paige Elkington, Vishwam Velandy

Nacionalidade e Lançamento: EUA, 2018

Sinopse: Em 2016, dias antes da eleição mais traumática dos Estados Unidos, um casal à beira de um colapso nervoso decide dividir sua casa durante um fim de semana. Desesperados para travarem novas relações, Jane e Eugene se deparam com uma série de desventuras imprevisíveis e traumas emocionais. Com essa simples premissa, o filme revela as crises de identidade e a autoaversão narcisista no centro de uma experiência tipicamente millennial.

Descrito como um filme que “revela as crises de identidade e a autoaversão narcisista no centro de uma experiência tipicamente millennial”, A Casa Dividida (Wobble Palace, 2016) parece frequentemente deslumbrado demais com as próprias ideias para explorá-las de forma concisa.

Ambientado nos EUA, dias antes da traumática eleição de Donald Trump em 2016, o filme é dividido no cotidiano de Jane e Eugene, um casal classe média de hipsters que tem seu relacionamento à beira de um colapso. O que acompanhamos ao longo de 85 minutos são suas maneiras egocêntricas de lidar com suas vidas e relacionamentos, entre encontros desconfortáveis através do aplicativo de relacionamento Tinder e discussões pretensiosas sobre duas próprias vidas.

Escrito por  Dasha Nekrasova e Eugene Kotlyarenko (e dirigido por este último), que também protagonizam, respectivamente, como Jane e Eugene, A Casa Dividida parece acompanhar a tolice de seus personagens de forma irônica, utilizando seus estereótipos como alguma espécie de crítica social. A incerteza em relação a temas expressada neste texto reflete o efeito do filme, que nunca parece amarrar suas ideias, propostas e tons. O contexto político seria quase inexistente se não fosse vocalizado de forma até desengonçada duas vezes no terceiro ato.

A Casa Dividida poderia funcionar mais se pretendesse se focar nas relações interpessoais do casal. Assim, ao menos, haveria o benefício da dúvida em relação a suas pretensões. A narrativa começa através de uma tela do whatsapp, traçando de forma rápida uma eficaz linha do tempo do relacionamento de Jane e Eugene. Começamos pelas conversas desengonçadas, passamos pelos eventuais nudes até chegarmos ao estágio dos insultos e desentendimentos. Os monólogos internos e narrações em off têm o mesmo intuito de aproximar aquelas figuras – e aquele relacionamento – de nós, por identificação. No entanto, seus personagens são retratados de forma cartunesca e estereotípica.

E ainda que a pretensiosa descrição do projeto o aponte como uma paródia, a impressão que perdura é de que esta é uma obra autobiográfica, um mea culpa com intenção de divertir mas que apenas revolta, intencionando-se como um comentário sobre a juventude, sociedade, tecnologia e política, mas revelando-se como uma ego trip de excentricidade que reflete, com seu uso de soft focus que retrata tudo de forma onírica, as experiências – e uma realidade cegada por privilégios – de seus próprios realizadores.

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