51º FESTIVAL DE BRASÍLIA – ABERTURA: IMAGINÁRIO E DOMINGO
O 51º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro conta pela terceira vez com cobertura in loco do Cinem(ação). Vamos trazer o que aconteceu em todos os dias do evento, que ocorre entre 14 e 23 de setembro.
Veja aqui as coberturas de 2016 e 2017, além das demais publicações deste ano
Cobrindo por volta de 40 filmes, entre curtas e longas, teremos um recorte variado do momento atual do nosso cinema. Produções de muitos estados compõem as mais diversas mostras do Festival de Brasília, com destaque para a Mostra Competitiva e Mostra Brasília.
Em 2018, o Festival de Brasília continuará a ampliação para outros locais do DF, com uma ampla programação. O primeiro dia não houve competição, os dois filmes, 1 curta e 1 longa, foram classificados como Hors Concours.
A apresentação ficou a cargo dos atores Chico Diaz e Letícia Sabatella. Diversas homenagens e discursos marcam este primeiro dia. Como sempre reafirmando a clássica cara do Festival, o viés político tem presença forte. Aqui vale um parênteses: as manifestações são muito bem-vindas, mas durante as exibições dos filmes atrapalham e muito a imersão nas obras. Uma pena que o público continue esta prática que já vem de anos.
Na parte da estrutura vale o elogio a belíssima ampliação das áreas de convivência criando um ambiente muito mais saudável e arejado do que vinha sendo nos últimos anos. Além disso, a parceria com o UBER ajuda nos deslocamentos. O contraponto fica no atraso (por volta de uma hora) para a cerimônia começar e por um envio tardio da comunicação sobre os credenciamentos da imprensa.
Vamos para os filmes em si…
O primeiro filme do Festival de Brasília foi o curta Imaginário:
Ficha técnica: Nome do Diretor: Cristiano Burlan. Estado: SP. Tipo/Gênero: Documentário. Minutagem: 18 min. Ano de produção 2018
Sinopse: A partir de material de arquivo, “Imaginário” constrói uma paisagem de sons e imagens do passado que dialogam com os dias de hoje.
Análise: O filme em preto e branco e em uma razão de aspecto quadrada causa um sufocamento que condiz com a proposta do diretor Cristiano Burlan, segundo ele, um filme de “horror”. Essa afirmação decorre do recorte escolhido, o turbulento momento político que vai da morte do Vargas até o AI-5.
Com textos variados que refletem os dias atuais, mas ilustrados por imagens que não são do Brasil. Dessa forma percebemos uma ampliação atemporal e universal do tema. Apesar da boa sacada, o documentário acaba moroso e frio. Com isso a conexão com a obra fica prejudicada. Nota: 2,5/5
Já o primeiro longa do Festival de Brasília foi o Domingo:
Ficha técnica: Nome dos Diretores: Clara Linhart e Fellipe Barbosa. Estado: Rio de Janeiro. Tipo/Gênero: Ficção.Minutagem: 95min. Ano de produção: 2018.
Elenco: Ítala Nandi e Camila Morgado, Augusto Madeira, Ismael Caneppele, Clemente Viscaíno
Sinopse: Sábado, 1º de janeiro de 2003. Enquanto Brasília celebra a posse do Presidente e ex-metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva, duas famílias do interior gaúcho se reúnem em uma velha mansão rural para um churrasco regado a champanhe, segredos, anseios e frustrações familiares. “Domingo” poderia ser um dia qualquer – não fossem os hormônios dos adolescentes, uma chuva repentina e uma caixinha de cocaína esquecida no armário da dona da casa.
Análise: Domingo junta o microcosmo de vários personagens que compõem uma família com um acontecimento macro (a posse de um presidente). O que torna o longa diferente de um dramédia comum é essa junção, mas justamente esse é um dos pontos mais problemáticos aqui. Já que as aparições políticas, por exemplo nos discurso do Lula ou nas falas dos personagens, soam artificiais e dispensáveis. Quando a premissa do filme tem essa característica é sinal que algo não está bom.
Os personagens caem na falta de equilíbrio de tempo em tela e na inconsistência dos núcleos. Por outro lado, diversas pequenas situações cotidianas (para aquela realidade) são postas com desenvoltura e naturalidade – vide o pai conversando com o filho sobre se vestir de mulher, adolescentes descobrindo a sexualidade e até os homens da casa atirando por diversão.
O trabalho com a câmera é ápice da dupla de diretores nesta produção. Ao optar pelo uso de vários planos sequências – e bem realizados – cria-se um ambiente de voyeurismo para o público que é convidado a participar, de forma estática, daquele caos familiar. Vale a lembrança que Fellipe Barbosa dirigiu o excelente Gabriel e a Montanha.
A verve cômica fica no limiar entre aquele humor rasteiro de piada com drogas e sexo e momentos que se ganham pela empatia daqueles que sabem como funciona as disfuncionalidades de uma família grande e diversa, com choques de idades, classes e sexos. Nota: 3/5
Programação do segundo dia 15/09:
CINE BRASÍLIA
9h • II Festival Universitário de Brasília
Entrada franca
14h • Mostra Paralela – Onde estamos e para onde vamos?, com Elegia de um crime (documentário, 92 min, 2018, SP, 14 anos) de Cristiano Burlan.
Entrada franca
16h • Mostra Paralela – Onde estamos e para onde vamos?, com Nós (documentário, 79 min, 2018, SP, livre) de Pedro Arantes.
Entrada franca
18h • Mostra Competitiva, com Boca de loba (ficção, 19 min, 2018, CE, 12 anos) de Bárbara Cabeça; e Torre das Donzelas (documentário, 97 min, 2018, RJ) de Susanna Lira. Ingressos: R$ 6 e R$ 3 (meia)
21h • Mostra Competitiva, com Kairo (ficção, 15 min, 2018, SP, 12 anos) de Fabio Rodrigo; e Los silencios (ficção, 87 min, 2018, SP, livre) de Beatriz Seigner.
Ingressos: R$ 12 e R$ 6 (meia)
TAGUATINGA, SOBRADINHO, SÃO SEBASTIÃO E RIACHO FUNDO
18h30 • Mostra Competitiva, com Boca de loba (ficção, 19 min, 2018, CE, 12 anos) de Bárbara Cabeça; e Torre das Donzelas (documentário, 97 min, 2018, RJ, 16 anos) de Susanna Lira. Entrada franca
21h • Mostra Competitiva, com Kairo (ficção, 15 min, 2018, SP, 12 anos) de Fabio Rodrigo; e Los silencios (ficção, 87 min, 2018, SP, livre) de Beatriz Seigner.
Ingressos: R$ 12 e R$ 6 (meia)
MEMORIAL DOS POVOS INDÍGENAS
19h • Mostra Territórios Audiovisuais Indígenas, com Jerosy puku – O grande canto (documentário, 15 min, 2018, MS, livre) de Ademilson Kikito Concianza e Associação Cultural de Realizadores Indígenas (Kaiowá, Guarani e Terena); Avaxi para’i: semente (ficção, 81 min, 2016, SP, livre) de Vinicius Toro.
Entrada franca