Crítica: Do Jeito que Elas Querem
Do Jeito que Elas Querem é uma comédia suficientemente divertida que discute um tema importante.
Ficha técnica:
Direção: Bill Holderman
Roteiro: Bill Holderman, Erin Simms
Elenco: Diane Keaton, Jane Fonda, Candice Bergen, Mary Steenburgen, Andy Garcia, Craig T. Nelson, Don Johnson, Richard Dreyfuss
Nacionalidade e lançamento: EUA, 18 de maio de 2018 (14 de junho no Brasil)
Sinopse: Quatro amigas realizam há muitos anos um clube do livro mensal. Ao começarem a leitura de 50 Tons de Cinza, elas acabam mudando suas formas de encarar a vida e passam por transformações importantes para a idade à qual chegaram.
Comédias com atores veteranos dividindo situações do cotidiano surgem vez ou outra por Hollywood. “Do Jeito que Elas Querem” ao menos surge com uma temática bastante importante para o tempo em que vivemos: a vida sexual de quem já chegou à maturidade (e perdoem o uso do eufemismo, mas terceira idade ou velhice não cabem aqui, justamente devido à forma como o filme explora essa questão).
Estrelado por Jane Fonda e Diane Keaton, duas atrizes de peso que dividem espaço com as menos conhecidas porém igualmente ótimas Candice Bergen e Mary Steenburgen. O roteiro cuida de colocar cada uma das personagens em situações diferentes: a juíza divorciada há muito tempo, a mulher casada que mantém o relacionamento, a recém viúva e a solteirona convicta – e rica.
A proposta do filme é curiosa e não deixa de ser cômica: mostra os desdobramentos da leitura do livro “Cinquenta Tons de Cinza” na atividade das amigas. O que vemos, então, é uma sucessão de cenas que variam das mais patetamente engraçadas às menos inventivas.
Enquanto os diálogos são eficientes e permitem que as atrizes se divirtam junto com as personagens, as soluções do roteiro variam do nada inventivo para o mais esperado dos clichês. Não que isso estrague a experiência de um filme que não tem qualquer pretensão, mas é claro que não melhora.
As principais falhas ficam para algumas escolhas extremamente rasas. As primeiras são as soluções demasiadamente simplórias das personagens: o reencontro em um terraço (ainda que quebre com expectativa de uma possibilidade ainda pior, que seria o famoso beijo de aeroporto antes do voo) e um discurso em uma festa de noivado para mostrar os sentimentos da personagem são exemplos. Mas nenhum deles é pior do que uma brevíssima reclamação para solucionar um problema que se estendeu por todo o filme, já que as filhas de Diane (Diane Keaton) ganham o prêmio de filhas mais chatas do mundo para mudarem de comportamento em poucos segundos.
Em dois momentos, situações impossíveis são criadas apenas para fazer piadas, e isso não seria um problema caso fossem piadas boas, mas infelizmente não trazem nenhuma novidade. Em uma delas, o computador decide emitir sons que jamais existiriam em uma rede social de encontros, apenas para criar uma situação constrangedora para a personagem. O segundo momento consiste na famosa cena em que um homem toma viagra e por conta disso perde o controle de sua ereção: a piada é velha e ainda reproduz um mito sobre o remédio, algo extremamente ruim para um filme que se mostra tão “moderno” em relação ao assunto.
Vale o destaque para a cena em que Diane Keaton e Andy Garcia voam em um avião, em uma clara “homenagem” ao livro citado, mas paradoxalmente com muito mais credibilidade e veracidade: ou pelo menos o filme pode “se esconder” no fato de que se propõe a citar uma obra anterior.
O restante das escolhas do diretor Bill Holderman é baseado em pouca inventividade, o que não prejudica mas não engrandece. E como nada no filme se sobressai, a presença das atrizes se torna o ponto forte, permitindo que o espectador ria despretensiosamente em alguns momentos.
No fim das contas, “Do Jeito que Elas Querem” é um filme inofensivo para se ver em uma tarde de ócio.
Resumo
Do Jeito que Elas Querem é uma comédia suficientemente divertida que discute um tema importante. Enquanto os diálogos são eficientes e permitem que as atrizes se divirtam junto com as personagens, as soluções do roteiro variam do nada inventivo para o mais esperado dos clichês. Não que isso estrague a experiência de um filme que não tem qualquer pretensão, mas é claro que não melhora.