100 anos Luz – Cinema: O Início da Nossa Paixão
Conheça como surgiu o Cinema desde suas origens mais remotas
Nota de esclarecimento: A alguns meses lancei no Cinem(ação) a coluna 100 Anos Luz, mas devido a problemas e percurso não consegui lançar novos textos com a história do Cinema. Agora que as coisas se acalmaram poderei dar atenção a esse projeto. Peço queridos leitores que me desculpem, mas a partir de agora vocês terão mensalmente essa nova coluna, e conhecerão um pouco mais da história do Cinema.
O dia era 22 de março. O ano 1895. O local A Sociedade Francesa. Nesse dia histórico os irmãos Lumière exibiram “A Saída dos Operários da Fábrica Lumière”. Ali começava o cinema. Ali começava a nossa paixão. Os irmãos Lumière criavam o Cinema. Mas nossa história vai além, vamos voltar um pouco mais.
Um pouco mais não, muito tempo antes. Voltemos ao início da humanidade. Desde o inicio da humanidade, o homem é fascinado por registrar imagens em movimento. As famosas pinturas rupestres são prova disso. Essas pinturas nas paredes das cavernas sempre mostravam imagens em movimento. Caçadas, guerras, animais correndo, sempre tentavam mostrar o movimento do que ocorria no dia a dia do ser humano e sua família. Os egípcios deram um passo adiante nesses registros com pinturas e desenhos hieróglifos que contavam histórias completas.
Mas um grande avanço nisso, e talvez o que pode ser chamado o primeiro Cinema, ocorreu por volta do ano 121 a.C. Nesse ano na China, surgiu o teatro com sombras. Conta-se uma lenda que o imperador Wu Ti. desesperado pela perda de uma de suas concubinas, recorreu a um mago Shao Ong, para que ele fizesse ela voltar do mundo dos mortos. Se ele não conseguisse isso, Shao Ong seria decapitado. O mago então criou uma tela e fez a silhueta da concubina e usando a luz do sol criou a ilusão na sombra que era a concubina. Surgia ali o teatro de sombras e com isso pela primeira vez era possível ver imagens em movimentos. Esse teatro se espalhou pela Ásia e se tornou parte da cultura oriental. Eram criados bonecos e paisagens feitas de papel fino e assim histórias eram criadas com imagens em movimentos. Foi assim criado o primeiro Cinema e o primeiro Filme. Mas as imagens não tinham como ficarem salvas ou gravadas para a posteridade.
Para poder gravar as imagens em movimentos os reis e governantes começaram a criar colunas com seus feitos esculpidos. Ao redor de toda a coluna, que muitas vezes tinha vários metros de altura, eram esculpidos seus feitos, suas vitórias, suas batalhas e suas conquistas. Uma das mais famosas é a Coluna Trajano, que foi iniciada a construção pelo Imperador Trajano a partir de 113 d.C.
Na ânsia por contar histórias através de imagens a partir de 960 d.C. os japoneses e os chineses criaram os pergaminhos com paisagens e histórias narrativas. Esses pergaminhos pintados a mão criaram histórias narrativas e descritivas cheias de vida e de movimento. Um dos mais famosos é o Upper River During Qing Ming Festival. Nesse pergaminho vemos no seu início um enterro em um cemitério, e somos guiados rio abaixo passando por cenários diversos como campos e áreas comerciais dando uma visão de como era a vida chinesa na época. Tudo isso tendo como cenário o Festival Quing Ming que é o dia de recordação dos mortos.
Cerca de 100 anos depois no ano 1064 d.C. surgiu o The Bayeux Tapestry, similar ao Upper River During Qing Ming Festival e os pergaminhos chineses e japoneses, essa peça de tapeçaria mostrava os eventos chaves da invasão da Inglaterra por Guilherme II da Normandia. Assim como o Upper River a peça de tapeçaria conta uma hstória, uma verdadeira jornada, com amor, ódio, ação e desejo, um verdadeiro roteiro de Cinema.
Mas o homem queria mais, e cada vez mais procurava maneiras de exibir e tentar gravar imagens em movimentos. A partir do século IX uma grande quantidade de estudos com espelhos convexos e lentes foram feitas. E a cada nova pesquisa a cada nova descoberto o homem ficava próximo da exibição e gravação de imagens em movimentos.
No Século XV as coisas começaram a avançar, e as primeiras imagens do que seria uma câmera obscura começou a aparecer. Um livro de Fontana tem uma ilustração uma freira segurando uma câmera de formato vertical com uma imagem no interior que era projetada. Uns 95 anos depois o gênio Leonardo DaVinci criou um desenho em que de uma especie de caixa com uma lente e uma vela, similar a uma câmera. E conforme o tempo avançava mais estudos com lentes e câmaras escuras para projetar imagens eram realizados. E cada vez mais o ser humano se aproximava do sonho de projetar imagens em movimento.
Nos séculos seguintes, cientistas faziam cada vez mais experiências com câmaras escuras, lentes e uso da luz para refletir uma imagem, essa técnica ficou conhecida como lanterna mágica. No Século XVII o uso da lanterna mágica se tornava cada vez mais popular. Em 1671 Athanasius Kircher um matemático publicou um livro sobre suas descobertas e avanços. Ele descreve um sistema com a lanterna mágica e um disco giratório que o qual ele usa para mostrar através de imagens a morte e ressurreição de Cristo. Aos poucos essa técnica se torna cada vez mais popular e a lanterna mágica se espalha pelo mundo. Três anos após os estudos de Kircher ser publicado, De Charles avançou ainda mais nos estudos, criando a ideia de se usar vários slides feitos em vidro mostrados de forma sucessiva.
Em 1798 Etienne Gaspard Robert apresentou uma exposição chamada Fantasmagorie no Pavillon de l’Echiquier em Paris. Nessa exposião ele mostrou um equipamento de semelhante a uma câmera num tripé, que usava a lanterna mágica para criar efeitos de movimentos e realismos. Em 1799 ele patenteou essa invenção com o nome Fantoscopeâ.
Assim então chegamos aos anos 1800 é onde tudo realmente aconteceu. Em 1826 foi inventada a fotografia, por Joseph Nicéphore Niépce. Esse foi um grande passo rumo ao Cinema. Afinal de contas agora poderíamos pegar imagens “nítidas” e próximas da nossa realidade e armazená-las para num futuro rever. Com a invenção da fotografia, a lanterna mágica ficou ainda mais real. Os operadores da Fantoscopeâ começaram a usar fotos para poder exibir para o público suas imagens.
Em 1866, Lionel Smith Beale, criou o que seria a primeira animação da história. Usando um equipamento. semelhante a lanterna mágica, ele criou uma série de 6 desenhos que que eram passados a cada 1 segundo dando movimento a imagem. Mas o grande avanço ocorreu a partir de 1872. Eadweard James Muybridge fez o famoso experimento do cavalo. Ele fotografou um cavalo e o colocou em sequência dando a impressão que o cavalo estava em movimento. O próprio Muybridge criou o zoopraxiscópio. Esse equipamento projetava imagens em movimento. Entre 1883 e 1885 Muybridge exibiu mais de 100.000 fotografias em movimento com esse projetor.
Em 1891 William Kennedy Laurie Dickson inventou o cinetoscópio. Esse equipamento fazia uma projeção interna de imagens. Esse equipamento exibia uma pequena tira de imagens em looping com imagens em movimentos. 1 ano depois Léon Bouly inventou o cinematógrafo, um aperfeiçoamento do cinetoscópio. Agora era possível reproduzir uma série de imagens instantâneas em fotogramas criando a ilusão de movimento. Mas em 1894 Bouly perdeu a patente do cinematógrafo. Em fevereiro de 1895 os irmãos Lumière compraram a patente registrando-a em seus nomes e aí o resto é história. O Cinema surgiu, e finalmente o homem podia fazer o que sempre quis: registrar imagens em movimentos.
Mas quem eram os Lumières? E como aperfeiçoram o cinematógrafo e criaram filmes? Bem essa já é uma outra história. Quer saber mais? Então fique ligado no Cinem(ação) e na coluna 100 Anos Luz, e saiba como a sétima arte se tornou essa paixão mundial.
Fonte de pesquisa: http://precinemahistory.net/