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Paris 8
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Crítica: Paris 8 (2018)

Paris 8 é resumido pelo protagonista

Ficha técnica:
Direção e roteiro: Jean-Paul Civeyrac
Elenco: Andranic Manet, Diane Rouxel, Jenna Thiam
Nacionalidade e lançamento: França, 2018 (17 de maio de 2018 no Brasil).
Sinopse: Etienne se muda para Paris com a intenção de realizar o seu sonho de estudar cinema. Na faculdade ele conhece Mathias e Jean-Noel, dois jovens que compartilham objetivos similares aos seus. No entanto, ao longo do ano, nem tudo sai como o planejado e ele vivencia junto com os amigos uma série de situações inusitadas e inéditas.

Paris 8

O principal mérito de Paris 8 é também o motivo do resultado fraco. O longa assume a aura do protagonista, sendo este praticamente uma metonímia do todo. Culpar um filme por ser um exemplar do personagem principal que está quase que 100% do tempo em tela não seria correto por si. O problema é quando tal figura é aborrecida, sem vida, ausente dele mesmo e do que está ao redor. A fotografia preto e branco capta bem esse sentido. As discussões ocorrem com os personagens ao redor, também.

As camadas são bem superficiais. Nunca indo além do esteriótipo, Paris 8 se rende a citações literárias e filosofias vazias para dar um ar intelectual. O retrato de uma juventude em uma balada pode ser descrito por alguns como algo fútil. Aqui a contraparte é válida com o mesmo adjetivo, mas com os papos cabeça.

Há um momento que o filme para para debater se é possível ser ativista através apenas de ações “reais” ou se é possível mudar o mundo com arte. Esse instante, e vários outros, reflete uma certa metalinguagem forçada. Não raro, a coisa estanca para termos uma leitura sobre o fazer artístico. E todos os personagens se levam a sério em um misto de “olha como o que eu falo é importante” com “estou nem aí pra nada”.

Caso você não tenha entendido o protagonista Etienne, não se preocupe… faltando 20 minutos há um encontro onde são descritas as características que o diretor/roteirista quer que a gente tenha marcado. Pior que isso, em um diálogo que vem do nada e vai para lugar nenhum – como aliás diversos arcos em Paris 8. E como é exemplificado pela infundada divisão capitular.

Mas nem tudo são pedras. A obra é bem filmada em enquadramentos precisos que trazem um sentimento que os demais elementos não dão conta. A movimentação de câmera tem mais vida que aquilo que ela busca, ainda assim, o resultado deste ponto é bem satisfatório.

As mais de duas horas tornam a saga um tanto quanto enfadonha. Temos aqui uma prova de que mesmo um personagem com muitas características e circulando entre vários outros, ainda assim pode ser vazio e desinteressante narrativamente, um pedantismo sem cores.

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