Lançado há quase 25 anos, Maverick é um clássico do cinema com grande trabalho de figurino e fotografia
No rol das histórias de aventura que têm o passado norte-americano como cenário, poucos enredos são mais bem-sucedidos do que Maverick. A estreia aconteceu em 1957, como série de TV, e se estendeu para mais de 120 episódios na produção que ficou cinco anos no ar — na década de 1980, eles voltaram para mais uma temporada. Só que o reconhecimento mundial dessa aventura veio em 1994, quando a história foi adaptada para o cinema e Mel Gibson protagonizou o blockbuster.
Maverick foi sucesso logo de cara e até hoje é bem aclamado pela crítica. Com orçamento de US$ 75 milhões, o filme teve retorno nas bilheterias de mais de US$ 180 milhões. O enredo do velho oeste conta a história de Bret Maverick (Gibson) na busca para vencer um torneio de poker que tem como premiação US$ 500 mil — que no dinheiro da época deixava qualquer um milionário. A trama tem a aclamada Jodie Foster e James Garner (Maverick original nos antigos seriados) como principais coadjuvantes.
Nesse filme, o poker não é um mero detalhe. A história tem uma forte ligação com as cartas e a disputa pelo prêmio de US$ 500 mil ganha contornos dramáticos ao longo do filme.
A parte do filme em que o poker fica em evidência é bem produzida, e um dos destaques da direção de Richard Donner. Ele consegue trabalhar com vários planos interessantes e ao mesmo tempo não deixa o humor de fora. Em uma das cenas, quando Maverick senta para praticar poker, por exemplo, ele fica com as cartas do lado avesso e mostra toda sua mão para os competidores — no caso, dois pares, uma combinação não muito forte.
Detalhes da história como essa acima retratam um pouco dessa produção leve e carismática. Não é preciso muito esforço para entender o propósito de Maverick como um filme de entretenimento com boa comédia e uma pitada de ação. Apesar do bom enredo, o maior destaque da produção fica no quesito fotografia e figurino.
April Ferry, que já trabalhou em produções como Jurrasic World, Robocop, Game of Thrones e Donnie Darko, brilhou na seleção das roupas e detalhes para Maverick e foi nominada ao Oscar daquele ano.
Personagens como Maverick, Annabelle Bransford (Foster), Zane Cooper (Garner) e tantos outros foram muito bem representados pelas roupas da época e isso foi reconhecido pela própria produção do filme. “O que a Ferry fez na escolha do figurino foi algo incrível. Não só dos (atores) principais, mas também de toda equipe que apareceu no filme. É um trabalho detalhista que impressiona”, disse Donner, diretor do longa.
A fotografia foi outra parte cuidadosamente detalhada nessa produção. O diretor de fotografia Vilmos Zsigmond trabalhou o ambiente tradicional do deserto americano de maneira convincente. Na produção do filme, o húngaro já era bem reconhecido e famoso com duas nominações na Academia para melhor fotografia.
Zsigmond trabalhou com muitas tomadas que mostram as belas paisagens horizontais do sudoeste americano. O tom das cores da são fortes e avermelhados, algo tradicional em filmes de faroeste.
Para realizar os takes mais impressionantes do filme, eles exploraram muito bem localizações como Parque Nacional Glen (Canyon de Utah), Lone Pine (Califórnia), El Mirage (Califórnia), Columbia River Gorge (Oregon) e outros cenários dos Estados Unidos.
“O filme te leva ao verdadeiro faroeste americano. Em alguns momentos, parece que você está inserido naquele momento, o que é algo muito legal de assistir e com descontração”, avalia o crítico de cinema Roger Ebert.
Maverick cumpre bem o seu propósito. Não é preciso ter assistido a série original da década de 1950 e nem entender de poker para compreender os detalhes do roteiro. Mérito para a boa direção de Donner, apoiado por excelentes trabalhos de Ferry e Zsigmond que deixam tudo mais interessante.