Queer Eye – Um reality que vale a pena
Os realitys não são bem vistos por muita gente, mas eles tem um público gigante que sustenta a única função que tem: distração. Existe um leque diverso de temas e abordagens nesse universo, como moda, gastronomia, construção, antiguidades, carros, ciência, enfim, tudo que pode virar assunto, vira. Esse gênero pode ser considerado parte do mundo do cinema? Ora, e porque não? Alguns roteiros trazem discussões importantíssimas para a TV/internet (as duas não andam mais sozinhas, né). Um desses é o Queer Eye, que ganhou uma nova versão e está disponível na Netflix.
A série é um reboot de Queer Eye For The Straight Guy, que tem como escopo desmistificar o estereótipo de que só homem gay entende de moda e outros assuntos do gênero. Com isso, lutar contra a intolerância. Para tal, cinco profissionais do ramo da moda, cabelo, design, decoração e personal stylist, encaram a missão de transformar a vida de um homem. Aquela coisa de “ser princeso por um dia”. Mas a mudança é tão significativa que é quase um renascimento da pessoa.
O “novo” Queer Eye encurtou o nome e está na luta pela exceções, fora isso, a essência é a mesma. São cinco profissionais, chamados de “Fab Five” (os cinco fabulosos), que realizam a makeover (mudança radical). São eles: Antoni Porowski, Tan France, Karamo Brown, Bobby Berk e Jonathan Van Ness.
O que faz o show ser interessante e excepcional são as discussões causadas com o choque de convivência. Geralmente acontece nas conversas sobre religião, sociedade, preconceitos e outros temas que podem abrir a mente de quem ainda não tem empatia pelo próximo. Um exemplo é quando o Bobby está conversando com um dos homens, enquanto fazem uma horta para as crianças da casa. Eles falam sobre o lugar do LGBT dentro da igreja/religião e como foi a trajetória do Bobby dentro da sua comunidade. Nessa situação temos dois pontos, do religioso e de quem sofreu dentro de uma instituição. Mesmo com essas diferenças, o assunto é debatido por eles e acabam em uma conclusão que abraça ambos de maneira positiva.
Esse tipo de conversa acontece o tempo todo durante as histórias dos homens atendidos pelo Fab Five. Cada um traz seu problema para ser resolvido, auto estima, amores perdidos, saúde, “sair do armário”, filhos distantes, enfim, tudo que se possa pensar. E, ainda assim, por mais distante que pareça, a mudança de comportamento, que parte da pessoa (visual, organizacional, etc), consegue quebrar as barreiras e transformar essa rotina para ser feliz. O resultado é incrível, um verdadeiro plot twist na vida.