Crítica: Lady Bird (2017)
Lady Bird
Ficha técnica:
Direção e roteiro: Greta Gerwig
Elenco: Saoirse Ronan, Laurie Metcalf, Tracy Letts, Timothée Chalamet
Nacionalidade e lançamento: EUA, 2017 (15 de fevereiro de 2018 no Brasil)
Lady Bird é uma menina que decide chamar-se assim para ter um nome que reflita melhor quem ela é. Ela vive em Sacramento, na Califórnia, e está no último ano escolar. Estuda em um colégio católico, vive com seus pais, irmão e a namorada do irmão e sonha em morar na Costa Leste dos Estados Unidos. A primeira coisa que se nota em Lady Bird é que ela não tem muita paciência para conflitos, afinal de contas, logo no início do filme ela se joga de um carro em movimento para acabar com a discussão que estava tendo com sua mãe.
Durante o filme você é convidado a ouvir uma trilha sonora incrível e passar por todos os pontos crucias da adolescência. As cores do filme transmitem a todo tempo uma intimidade que ganhamos com a personagem principal e, sem que precise de anúncio, nos vemos inseridos em seus romances, suas relações com a família, com os amigos e consigo mesmo.
Não há muito mais no filme que isso: um bom retrato de uma personagem em crise. Lady Bird não está satisfeita com o nome que lhe deram, com as escolhas que lhe são podadas, com seu poder de influência na escola, com a cidade em que vive ou com o fato de ser virgem. A forma como ela lida com cada um desses pontos é o que dá à personagem múltiplas possibilidades de, assim como todos nós, se comportar de forma diferente a cada ponto e relação.
Vale dizer que o filme é autoral e que a diretora executou sua missão com o roteiro e a direção muito bem. As atrizes principais, Saorise Ronan (Lady Bird) e Lauri Matcalf (Marion, a mãe de Lady Bird) dominam a tela com facilidade e fazem com que uma história que poderia ser só mais uma se torne especial.
Quanto ao Oscar não acredito que essa seja a escolha da academia como filme do ano, porém, a indicação é uma clara menção aos filmes autorais e à uma possível abertura da premiação a filmes antes colocados na caixinha dos independentes. Roteiros que retratam a vida sem grandes momentos de clímax e foco em diálogos mais ricos parecem mais comuns na premiação de algumas edições à desse ano. Pode ser que a academia esteja tentando se manter relevante ou nos mostre um movimento de mercado finalmente sendo reconhecido, mas sorte de Lady Bird, que surgiu nas telas bem nesse momento.