Juventude Subversiva – O que 2016 tem a oferecer
2016 foi um ano que trouxe fôlego a rebeldia adolescente em todo canto do Mundo
Todo mundo tem problemas. Problemas em relacionamentos amorosos – que é algo difícil de se criar e mais ainda de sustentar – Problemas familiares, comum – não pedimos e nem fomos atrás da família que temos – Problemas sociais, financeiros – que para alguns é muito pior do que para outros – Muitas vezes até mesmo problemas de saúde – uma vez que ninguém é perfeito – Mas para os Jovens… desbravando a vida adulta ainda em plena transformação, deixando a infância para trás, agrava-se os problemas que são claramente menores, visivelmente mais insignificantes, e sempre terão efeitos absurdamente maiores e mais catastróficos.
Então sem tantas responsabilidades, hormônios transbordando do corpo, curiosidades e vontades os guiando em alta velocidade e a ansiedade banhada em tudo que vê pela frente, os jovens costumam ser mal compreendidos e praticamente ignorados. Sendo mais limpo com as palavras: não sendo levados a sério, uma vez que só dão despesas e trabalho, seus progenitores e responsáveis sabendo que estão lidando ”apenas uma fase”, os obrigam basicamente a irem para escola e definirem o mais rápido possível que profissão seguir para serem um adulto promissor, sem mesmo antes conhecer um pouquinho do mundo.
Essa pressão torturante de pais que querem proteger seus filhos dos erros que já cometeram, trazendo um pouco de frieza na cobrança de serem adultos melhores do que a si mesmos, acabam mexendo com suas cabecinhas, trazendo um senso anárquico a cada um. Aflora-se uma vontade de explodir tudo ao redor, de tomar o seu prévio conhecimento sobre as coisas e sua opinião dura que eles intitulam de ”personalidade forte”, em uma Bíblia a ser seguidas. E eis que nasce uma das combinações mais óbvias do Universo, a Adolescência e a Rebeldia.
2016 foi um ano grandioso e doloroso.
Tivemos Leonardo DiCaprio vencendo enfim o Oscar de Melhor Ator e perdemos o ícone da Música, David Bowie e o monstro sagrado do Boxe, Muhammad Ali. Pela primeira vez na história, os Jogos Olímpicos aconteceram no Rio de Janeiro e o Nobel da Literatura vai para as mãos do sempre curioso Bob Dylan. Iñárritu ganha o maior prêmio que um Diretor pode ganhar na vida profissional, ao lado de Spotlight que levou a estatueta de Melhor Filme do ano, tudo em terras que agora tinham um novo Presidente, o bilionário – e detestado por muitos – Donald Trump.
Para alguns, um ano difícil economicamente, para outros, conquistas e mais conquistas nas prateleiras, e para nós do Cinem(Ação), três incríveis Longas de corajosos jovens e suas fascinantes atitudes, trazendo tons mais caóticos e um frescor ao ar desmotivacional que respiramos diariamente. E não, não estou falando de ”jovens”, tipo Adonis no filme Creed que tomou os ringues também em 2016. Proponho aqui, protagonistas mais novos, problemas mais irracionais e atômicos e que provavelmente você não ouviu falar, ou quem sabe ouviu e procrastinou até agora para assisti-los. Até agora.
A ideia é trazer um pouco deste espirito revolucionário e enérgico para você que ainda não conhece estes Longas e deveria provar um pouquinho de cada um. Só peças interessante.
Vamos a eles:
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WEST COAST
(ou ”Pequenos Gangsters” no Brasil)
Ficha técnica:
Direção: Benjamin Weill
Roteiro: Benjamin Weill e Camille Fontaine
Elenco: Devi Couzigou, Mathis Crusson, Sullivan Loyez e Victor Le blond
Nacionalidade e lançamento: FRANÇA, Abril de 2016
Sinopse: Quatro amigos viciados em hipo hop norte americano, se sentem deslocados em meio a tanto bullyng e desprezo local, então Delete, King Kong, Copkiller e FléO, planejam pegar a arma do pai de um deles e ir atras de vingança, e é claro, tudo da errado.
Por que assistir??
Além da proposta da Juventude Subversiva, temos aqui um grupo especial, amigos que foram unidos por um estilo, por um gosto e querem isso para vida. Está decidido. A força dessa amizade faz com que tomem decisões absurdamente burras e tenham que se virar muito para dar um jeito nas consequências. Um filme engraçado, de um humor bem adolescente, com boas frases e situações, leve, despretensioso, de uma grande energia e sinergia que a maioria dos jovens irão se identificar e se colocar no lugar. Uma aventura gostosa com bons elementos e uma trilha sonora bem interessante. Superação, união e diversão é o que encontramos aqui.
Sendo mais técnico:
Temos aqui um Diretor estreante – e que belo trabalho para uma estréia – talvez a bagagem técnica que Benjamim Weill tem por estar envolvido com mais de 20 filmes como Editor tenha o ajudado a estruturar de forma impecável este filme. Também foi a usa primeira experiência como Roteirista junto a Camille Fontaine, bem mais enraizada na área, tendo 20 Roteiros de Longas Franceses produzidos, fez parte da equipe de roteiristas de Coco Antes de Chanel Indicado a Oscar de Melhor Figurino e o mais recente Jeunesse. Fora os atores competentes e carismáticos, dando sabores distintos em pequenos arcos e tramas.
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THE YOUNG OFFENDERS
(cinema tupiniquim não criou nenhum tipo de subtítulo didático)
Ficha técnica:
Direção: Peter Foott
Roteiro: Peter Foott
Elenco: Alex Murphy, Chris Walley, e Hilary Rose
Nacionalidade e lançamento: IRLANDA, Setembro de 2016
Sinopse: Dois Amigos entram na maior aventura de suas vidas, quando decidem ir atrás de um pacote de cocaína perdido na costa. Conor e Jock saem após a mídia noticiar que traficantes ao serem abordados por militares, jogaram o seu produto ao mar.
Por que assistir??
Aqui estamos em uma proposta ainda mais errada, revoltada, onde nossos protagonistas querem subir na vida e terem fama fácil, coisas que a mente jovem acaba provendo. De um tom debochado e ácido, tem um humor um pouco mais agressor e te arranca boas risadas.
Um filme que não se leva a sério, que gosta de cutucar a sociedade e fazer coisas absurdas, mostrando que a juventude pode ter muita energia – neste caso até física, onde eles pedalam suas bicicletas por mais de 160 km – mas que não bate com experiência, pois ainda não possuem malícia alguma. Uma aula para todos nós que já passamos por esta dolorosa e movimentada fase, entendermos de alguma forma quem está transitando por ela agora. Pois convenhamos, não há escapatória.
Sendo mais técnico:
Além de ganhar o prêmio ”Best Irish Feature da Galway”, e em vários tipos de mídias como sites e programas de TV que discutem sobre Cinema, ganhar o título de ”O filme irlandês mais engraçado dos últimos anos”, temos o Diretor Peter Foott em seu maior filme, elevando a sua habilidade em trabalhar o sarcasmo e a bobeira de uma forma bem autoral. Temos aqui um ótimo filme com um forte gosto Europeu, uma fotografia bem arrojada e um Roteiro decidido.
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SING STREET
(e para encerrar, temos aqui o subtítulo: ”Música e Sonho”)
Ficha técnica:
Direção: John Carney
Roteiro: John Carney e Simon Carmody
Elenco: Ferdia Walsh-Peelo, Lucy Boynton, Jack Reynor e Aidan Gillen
Nacionalidade e lançamento: REINO UNIDO / EUA / IRLANDA, Março de 2016
Sinopse: O sonhador e entediado Cosmo, encontra uma saída para sua vida pacata ao achar a sua musa, prontamente a convida para estrelar o seu próximo clipe. Agora que ela topou só lhe resta montar uma banda.
Por que assistir??
Conflitos familiares, problemas ao mudar de escola, perdão, hormônios gritando e a música como válvula de escape, são alguns dos elementos que povoam o filme. É uma bonita história de amor com muitos e muitos tons e cores. Grandes situações e medidas corajosas por parte dos protagonistas, te embebedarão com tamanha força.
Sing Street vem com uma pegada um pouco mais real do que nos outros dois filmes acima, e até mais íntima – por parte do diretor – temos aqui um filme oitentista que sabe se ambientar e trazer núcleos bem sinceros. Fora que além de bons personagens temos o irmão do protagonista, Brendan, um herói e mentor – para nós mesmos – se inspirar. Um cara muito bem construído e tão legal, mas tão articulado na ideia que pretende passar, que ele é o tipo de personagens que gostaríamos ter como amigo.
Sendo mais técnico:
Diretor e Roteirista do filme, John Carney conhecido por Apenas Uma Vez e Mesmo Se Nada Der Certo vem em seu melhor tom. Com uma malícia muito maior em desenvolver arcos e cutucar melhor a sociedade, Carney traz – até agora – a sua obra prima. Indicado ao Melhor Filme Cômico ou Musical no Globo de Ouro de 2016 – enfrentando La La Land – ganhou diversos outras Competições em categorias como Melhor Canção e Filme Independente. Fora o seu elenco muito bem montado. Ferdia Walsh-Peelo sustentando muito bem o protagonismo, a bela Lucy Boynton – espero muito ver mais coisas desta garota – o sempre incrível Aidan Gillen e destaque mais uma vez para Jack Reynor e o seu insubstituível personagem, Brendan.
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São as três dicas que trazemos para você se deliciar um pouco com uma pequena parcela da juventude ao redor do Mundo. Se identificar ou apenas rir com eles, faz parte. Mas o melhor de tudo é olhar para cada um, se inspirar um pouco em suas atitudes verdadeiras e inconsequentes, que nascem realmente de dentro. Procure sempre por uma aventura, nossas vidas precisam e merecem isso – não só através do deleite cinematográfico, – temos que nos propor a adrenalina, a criar boas memórias para lá na frente bradarmos sem arrependimentos. E claro, estes filmes provam um pouco da força incondicional da Amizade, algo imprescindível em nossa trajetória.
Não julgue o Jovem, ele merece errar. Ao invés disso se espelhe nele e tente absorver o que de bom ele tem a oferecer. Não deixe de ser jovem NUNCA.
Espero que aproveitem as Indicações.