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Oito excelentes atuações masculinas baseadas em personagens reais

É sempre um grande desafio para um ator interpretar um personagem que realmente existiu. Comparações sempre existirão, e cabe ao ator se preparar bastante para entregar tudo de si, porque o sucesso ou o fracasso em sua atuação irá consagrar ou afetar não apenas sua carreira, mas também, e principalmente, todo o filme. Iniciamos aqui uma série de grandes atuações baseadas em personagens reais, contando com o que de melhor o cinema pôde oferecer.

Listamos oito excelentes atuações masculinas; trabalhos notáveis de atores que deram o melhor de si. Em breve também abordaremos trabalhos memoráveis de atrizes que interpretaram personagens reais.

 

Ben Kingsley: “Gandhi” (1982)

Muitos concordam que a atuação de Ben Kingsley em “Gandhi” é uma das melhores de todos os tempos. Nascido na Inglaterra, Kingsley tem descendência indiana, o que certamente contribuiu em sua composição de um dos personagens históricos mais admirados do século 20. Partindo de uma filosofia de vida questionada por muitos, Gandhi levou seu povo a lutar contra o domínio inglês utilizando uma tática pacifista, fazendo-os resistir a tudo simplesmente evitando o uso da violência. Kingsley simplesmente se transforma no líder indiano, imitando perfeitamente todas as características do personagem (o próprio Gandhi com certeza teria aprovado essa atuação). Feito como superprodução (a cena do funeral utiliza o maior número de figurantes no cinema), o filme de Richard Attenborough evita mostrar alguns fatos polêmicos envolvendo o líder, focando mais em sua luta pela independência de seu país. Oscar, Globo de Ouro e BAFTA mais que merecido para Kingsley.

 

Daniel Day-Lewis: “Meu Pé Esquerdo” (1989)

O britânico Daniel Day-Lewis é dono de três estatuetas de melhor ator principal da Academia. Nenhum outro ator até hoje conseguiu essa façanha. Seu primeiro Oscar veio com o filme “Meu Pé Esquerdo“, onde ele interpreta Christy Brown, um deficiente físico que só consegue mexer a cabeça e o pé esquerdo. Mesmo com grandes limitações, Brown dá uma lição de vida por onde passa, sendo muito querido pelos familiares e amigos, e conseguindo, mesmo tetraplégico, pintar com o pé esquerdo. É doloroso ver uma pessoa tão esperançosa presa a uma cadeira de rodas, mas ao mesmo tempo é edificante vê-lo rompendo barreiras, determinado a jamais se entregar. Lewis atua aqui de forma excepcional – sua interpretação é uma das maiores de todos os tempos; um verdadeiro tour de force de um grande ator. Ele venceu ainda por “Sangue Negro” (2007) e “Lincoln” (2012).

 

Tom Cruise: “Nascido em 4 de Julho” (1989)

Cruise era o típico galã em filmes como “Negócio Arriscado” (1983) e “Top Gun” (1986), até resolver ir além disso e mostrar que era bom ator. Filmes como “A Cor do Dinheiro” (1986) e “Rain Man” (1988) fizeram com que o críticos começassem a prestar mais atenção nele. Mas foi em 1989 que Cruise mostrou seu potencial como ator, interpretando Ron Kovic, um ex-soldado norte-americano que acreditava que os EUA eram a terra dos sonhos, até retornar paraplégico do conflito que mudou sua vida. O diretor Oliver Stone não hesitou em mostrar algumas das cenas mais impactantes e emocionantes do cinema moderno; e Cruise se transforma de forma impressionante, entregando a maior interpretação de sua bem sucedida carreira. As dores do personagem não ficaram apenas no campo de batalha, elas pioram depois de sua chegada onde esperava ser seu lar. Foi sua primeira indicação ao Oscar de melhor ator.

Tom Cruise em “Nascido em 4 de Julho”

 

Denzel Washington: “Hurricane – O Furacão” (1999)

Indicado ao Oscar de melhor ator e vencedor do Globo de Ouro pelo papel de um lutador de boxe que é vítima do preconceito e preso injustamente, Denzel tem aqui o melhor momento de sua carreira. É um intenso mergulho em um personagem atormentado pelos vários golpes que a vida lhe dá, ficando à mercê de uma justiça que privilegia os brancos e pune os negros. O filme dirigido pelo veterano Norman Jewison (“No Calor da Noite”, “Feitiço da Lua”) só conseguiu uma única indicação ao Oscar, a de melhor ator para Denzel; mas é justamente no ator que a obra se sustenta, e sem sua excelente atuação o filme perderia grande parte de sua força. O maior momento é quando Hurricane em um diálogo com outros dois personagens que, sendo ele mesmo. acaba nos mostrando outras de suas “características emocionais”. Denzel perdeu o Oscar para Kevin Spacey por “Beleza Americana”, mas venceria dois anos depois por “Dia de Treinamento”. Ele há havia levado o Oscar de ator coadjuvante por “Tempo de Glória” (1989).

 

Leonardo DiCaprio: “O Aviador” (2004)

Se alguns atores começaram a carreira sendo galãs e depois provaram que poderiam atuar muito bem, DiCaprio demonstrou ainda cedo que não estava para brincadeira. Em “Gilbert Grape – Aprendiz de Sonhador” (1993) ele deixa o protagonista Johnny Depp no escanteio e rouba o filme no papel do irmão autista. O tempo passou, Dicaprio protagonizou o grande sucesso “Titanic” (1997), e sua carreira começou a decolar. Outro ator poderia ter se acomodado com o sucesso e seguir gerando muito dinheiro para os grandes estúdios de Hollywood, mas DiCaprio queria mesmo era mostrar seu talento. Em “O Aviador”, DiCaprio (em sua segunda parceria com o diretor Martin Scorsese) interpreta o excêntrico produtor e diretor Howard Hughes, um milionário que desafia a convenções de sua época e bate de frente com a censura e outros órgãos que tentam impedi-lo de produzir filmes arriscados e ousados. DiCaprio imita à perfeição os trejeitos de Hughes, que sofria com TOC. Hughes também era fascinado por aviação.

 

Jamie Foxx: “Ray” (2004)

No mesmo ano em que Foxx foi indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante por “Colateral”, ele levou para casa o Oscar de melhor ator por sua marcante interpretação no papel do músico Ray Charles (que faleceu pouco antes da estreia do filme). Além de recriar todos os gestos de Ray Charles, Foxx também dispensa dublês na cenas de piano. O filme tem uma estrutura básica de filmografia, mostrando o protagonista jovem em dificuldades – sua cegueira, os conflitos – até começar a se destacar no mundo da música pop. Mas a produção dirigida por Taylor Hackford não esconde os defeitos do artista, mostrando também seus excessos e falhas. É uma atuação brilhante de Foxx, um ator que seguiu com uma carreira irregular (Quentin Tarantino o redescobriu e o dirigiu bem no recente “Django Livre”).

 

Jamie Foxx em “Ray”

Phillip Seymour Hoffman: “Capote” (2005)

Hoffman (falecido em 2014) venceu os principais prêmios internacionais, entre eles o Oscar e o Globo de Ouro, por sua excelente interpretação no papel do escritor e roteirista Truman Capote (autor de “Bonequinha de Luxo”). Capote era uma figura excêntrica e muito inteligente, e sua busca por informações sobre um terrível assassinato o leva a ir atrás dos próprios assassinos e entrevistá-los, o que o coloca também como uma pessoa extremamente determinada. Tal fato deu origem ao livro “A Sangue Frio“. O filme é uma busca incessante de um homem tentando entender os motivos que levaram aqueles homens a cometerem. um crime tão bárbaro contra uma família. Hoffman – que até então era mais conhecido como coadjuvante – tem aqui seu melhor momento, em uma entrega total a um personagem cheio de manias e astúcia. Toby Jones interpretou o escritor em “Confidencial” (2006), filme que conta basicamente a mesma história de “Capote”. Também em 2005, Hoffman foi vilão em “Missão Impossível 3”.

 

Gary Oldman: “O Destino de uma Nação” (2017)

O inglês Gary Oldman é um dos atores preferidos dos maquiadores. Ele viveu uma terrível criatura em “Drácula de Bram Stoker”, onde ficava debaixo de muita maquiagem, e foi um fugitivo em “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban”.  Seu trabalho de maquiagem mais impressionante é em “O Destino de uma Nação”, onde ele dá um show de interpretação, explorando ao máximo as nuances de Winston Churchill, primeiro-ministro britânico que exerceu o cargo durante a Segunda Guerra Mundial. É uma atuação digna de figurar entre as melhores dos últimos tempos. Se em “Hitchcock” (2013), Anthony Hopkins passou por uma mal feita maquiagem que o deixava com os lábios finos – quando na verdade o verdadeiro Alfred Hitchcock era beiçudo -, o Churchill de Oldman é muito bem caracterizado, não apenas pela maquiagem, mas também pela mudança de voz expressões e trejeitos.

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