Sangue, Câmera, Ação – A série que mostra o cotidiano de um caçador de notícias
A profissão de jornalista tem sido questionada nos últimos tempos, principalmente no Brasil, onde o sensacionalismo roda a solta nas mídias. Mas tem pessoas que se dedicam fervorosamente para ilustrar o que acontece no cotidiano de uma cidade. Porque apesar de a maioria da população se prender em círculos confortáveis de abstinência a realidade, a violência faz parte do dia a dia da sociedade. Esse profissionais são chamados de caçadores de notícias e a conduta desse trabalho é questionada, será que estão em busca de mostrar esse lado machucado das cidades ou apenas querem lucrar em cima do que vende mais?
É exatamente isso que mostra a série Sangue, Câmera, Ação (Shot in the Dark), recém liberada no catálogo brasileiro da Netflix, que conta com oito episódios.
Voltando ao ano de 2014, O Abutre, foi um indício do que seria a profissão de caçador de notícias, todo o contraste entre ser ético e buscar o que as pessoas querem assistir, além do dinheiro envolvido, é claro. Com Jake Gyllenhaal como protagonista, a caracterização do personagem foi além e conseguimos compará-lo ao próprio animal que deu origem ao título do filme. Já na série/documentário da Netflix, acompanhamos três equipes, em Los Angeles, que se contradizem quanto ao que fazem. Ao mesmo tempo que sabem do valor que é mostrar o que realmente acontece na cidade, também enfrentam o peso da ética.
É possível separar as equipes em três categorias, demonstradas pela cor que cada uma é representada nos mapas, que mostram onde cada um está na cidade. O azul, é a RMG, liderada por Howard, é uma equipe com três homens, irmãos, que vieram da Inglaterra em busca de trabalhar no ramo. De certa forma, são o oposto da OnScene, dirigida por Zac e representada com o vermelho. Esse grupo tem um esquema mais marketeiro, eles filmam e vão atrás do quem vende e, para isso, tem de 25 a 30 pessoas espalhadas buscando por imagens. A última equipe, é a LoudLabs, que começa com o Scott, freelancer, e acaba com mais gente contratada, pois o mercado para esse negócio fica cada dia mais estreito.
O interessante de seguir os três antônimos é que existe uma história antiga, todos se conhecem e tem suas rixas, que provocam as questões de mercado desse serviço. Principalmente por serem as três maiores empresas do ramo. Uma das falas mais marcantes é quando durante uma filmagem de um acidente, no qual uma moto foi atingida, a passageira, sem capacete, sobrevive e está na maca do resgate. Ela agarra o moletom e, então, o câmera explica que quando alguém sofre um acidente e está sozinho, olhando para o céu, precisa de algum conforto, algo conhecido. E ali, no chão, ela fazia justamente isso.
É interessante também como começamos a ver os acidentes como eles e acabamos torcendo para conseguirem as etapas necessárias para a filmagem. EM uma perseguição, seria necessário desde o carro fugindo da polícia, até o flagrante e a identificação do motorista. Em um incêndio, a imagem dos bombeiros apagando o fogo, e a carcaça que sobrou, se tiver vítimas, também do resgate. Eles fazem de tudo para pegar o antes, durante e depois – enquanto isso a competição entre as equipes é intensa, sempre para ver quem conseguiu todas as imagens.
A direção fica por conta de Jeff Daniels, com uma fotografia impecável, conduzida a seis mãos por Tom Djokaj, Doug Glover e Clint Lealos, além da visão dos drones dos acontecimentos.