Crítica: As Duas Irenes (2017)
As Duas Irenes
Ficha técnica:
Direção: Fabio Meira
Roteiro: Fabio Meira
Elenco: Priscila Bittencourt, Isabela Torres, Suzana Ribeiro, Maju Souza, Marco Ricca
Nacionalidade e lançamento: Brasil, 14 de setembro de 2017
Prêmios:
Melhor 1º Filme, Melhor Fotografia – FICG32
Melhor Longa Nacional, Melhor Direção de Arte, Melhor Roteiro, Melhor Ator Coadjuvante (Marco Ricca) – 45º Festival de Cinema de Gramado
Não sei você, mas vira e mexe eu morro de saudades de um tempo que não vivi. Dá uma vontade de ir à uma loja de discos, de encontrar todo mundo usando jaquetas de couro e jeans, de sentar numa mesa de bar e ouvir gente cantando com aqueles microfones quadradões clássicos, sabe? Uma das formas que tenho de matar um pouquinho dessas saudades é indo ao cinema pra ver um filme de época e me transportar pra um tempo que só posso imaginar. As Duas Irenes foi uma grande surpresa pra mim. Fui ao cinema pra passar tempo, sem saber muito sobre o filme ou o enredo e fiquei muito feliz ao notar que a história se passava em um tempo que celular, wi-fi ou qualquer das nossas telinhas cotidianas fosse comum ou existisse.
O filme conta a história de Irene, uma menina muito quietinha, bem introspectiva, e também de sua família. Logo nos primeiros minutos do longa descobrimos que seu pai mantém outra família e que sua outra filha, também de treze anos, se chama Irene. A primeira Irene então decide se apresentar como Madalena e se tornar amiga da irmã que nunca tinha visto. Sua dificuldade em socializar é obvia e tão divertida de assistir. Sabe quando a pessoa é monossilábica, tem uma cara fechada e mesmo assim quer participar de tudo? Pois bem, essa é Irene.
Com um ritmo lento (o mesmo das cidades de interior que essas Irenes vivem) o filme conta com leveza e delicadeza como era ser jovem no interior do Brasil na época em que festas de debutantes ainda eram coletivas e contavam com a prestigiada presença do senhor prefeito da cidade. A curiosa forma como Irene leva essa nova vida dupla e a nova forma de se relacionar com a família que pensava conhecer foram deliciosas brisas que me acompanharam durante todo o filme. Em tempos onde redes sociais não contavam tanto do que sabemos das pessoas cada descoberta era saboreada com mais intensidade, assim como as rotinas eram bem estabelecidas e respeitadas.
Achei, por fim, bem instigante a forma com que, assim como essas irmãs, nos tornamos cada vez mais ávidos pelo momento em que o segredo não é mais segredo mas também carregamos aquele apertinho no peito que dá quando um mundo que construímos e era só nosso se torna parte do todo. O melhor de tudo isso é que essas duas Irenes colocam a gente ali do ladinho delas à todo tempo e a gente consegue, mesmo sem participar, ser parte desse segredo. Não quero dar spoiler, mas quero muito saber o que todo mundo tá achando do fim desse filme. Vem cá nos comentários puxar uma cadeira enquanto eu passo um café e me conta como foi o fim do filme pra você? 🙂