GANTZ: a adaptação de mangá que deu certo
Gantz fala sobre extraterrestres (monstros) que invadem o Japão e uma máquina desconhecida reúne alguns seres humanos para combater as criaturas. A origem é do mangá de Hiroya Oku, a publicação durou 13 anos e teve quatro adaptações para o cinema, o mais recente Gantz: O, disponível na Netflix. O autor tem a habilidade de descrever uma situação totalmente bizarra com total fluidez e sem revelar os segredos da trama.
Toda a narrativa é construída a partir do ponto de vista de dois jovens, que estudaram juntos no colegial, mas perderam o contato. Em um dia comum, eles acabam sofrendo um acidente e são atropelados pelo metrô. Mas no mesmo instante que vemos as luzes se aproximando também surge uma sala. Os dois param em um lugar fechado com outras pessoas e uma esfera preta no meio.
A esfera é o ponto chave da história, ela traz pessoas que morreram para uma segunda chance. Só que para sobreviver, precisam enfrentar os extraterrestres que invadem Tokyo e, mais tarde, outras cidades próximas. Como em um jogo de sobrevivência. Para isso, a máquina oferece trajes e armas. Toda saída tem uma missão, um chefão, e todos os monstros mortos são transformados em pontos. A cada 100, os participantes podem escolher entre três coisas: ganhar uma arma poderosa, ressuscitar alguém que esteja no registro de Gantz, ou ter a memória apagada e voltar a sua vida normal.
Claro que os dois personagens principais, Kurono e Kato, são tomados por um senso de heroísmo e acabam se sacrificando algumas vezes para conseguir ressuscitar outros companheiros.
As adaptações para longa metragens se dividem em quatro partes, a primeira, Gantz (2010), que conta sobre como morreram, quem são os colegas de missões e como funciona essa rotina a serviço de Gantz. Os outros dois filmes, que estrearam em 2011, Another Gantz e Gantz: Perfect Answer, falam sobre as novas descobertas sobre como a máquina funciona e como o grupo tenta sobreviver e juntar pontos para saírem desse ciclo.
A recente estreia da série de longas é Gantz: O (2016), que conta sobre depois de todos os acontecimentos. A ideia que fica neste é que os seres humanos selecionados nunca sairão do ciclo da máquina, a não ser que morram e fiquem no sistema. Mas o interessante é que segue a sequência estabelecida pelo mangá e mostra as equipes de outras cidades.
Então podemos discutir sobre a tendência do ser humano de ser associado a violência. Enquanto Kurono e Kato tentam ajudar os outros e salvar os cidadãos que são reféns, a outra equipe só pensa em ter armas melhores e fazer pontos. Aqui fica a questão de que se o ser humano convive com a violência ele será consumido? Até mesmo os dois heróis são passíveis de questionamento, já que eles acabam presos nessa matança.
Sobre o visual do filme, é importante lembrar que são adaptações japonesas – pode haver discórdia -, mas são as melhores para mangás. As cenas são impecáveis e cheias de detalhes, principalmente quando se trata dos gráficos dos monstros. As armas e trajes são idênticos ao mangá. Um fan service de qualidade para os leitores de Hiroya. Mas, claro que a última adaptação ganha de lavada, como animação, é possível ter mais detalhes da violência contida na história. Tarantino ficaria com inveja.