Crítica (2): O Matador (2017)
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Crítica (2): O Matador (2017)

O Matador’ é a aguardada estreia da distribuidora Netflix com produções nacionais de ficção.

Diretor: Marcelo Galvão

Roteiro: Marcelo Galvão

Elenco: Diogo Morgado, Etiene Chicot, Nill Marcondes, Maria de Medeiros, Deto Montenegro, Paulo Gorgulho, Marat Descartes, Daniela Galli, Igor Cotrim

Sinopse: Cabeleira, um temido assassino de Pernambuco, foi criado pelo cangaceiro Sete Orelhas, que o encontrou abandonado quando bebê. Agora adulto, ele vai à cidade procurar o desaparecido Sete Orelhas. Cabeleira encontra uma cidade sem lei governada pelo implacável Monsieur Blanchard, um francês que domina o mercado de pedras preciosas



A imersão cinematográfica de diretores brasileiros sobre a temática do Banditismo Social Nordestino, do início do século XX, produziu grandes obras artísticas como ‘Deus e o Diabo na Terra do Sol’ (1963), O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (1969), Corisco e Dadá (1996) e Baile Perfumado (1997). Por esta longa tradição nacional, ‘O Matador’, a mais nova película a explorar o assunto, atiçou a curiosidade da crítica e do público.

O Matador’, que ostenta o importante selo Original Netflix, é a estreia da distribuidora americana com produções nacionais de ficção. Longe da qualidade dos filmes citados que abordam o banditismo social nordestino, o diretor carioca Marcelo Galvão entrega um trabalho irregular, com alguns momentos interessantes, interpretações razoáveis, mas que peca principalmente por um roteiro caótico.

O ator português Diogo Morgado vive Cabeleira, um assassino de aluguel, que recém-nascido foi abandonado à própria sorte, em meio ao perigoso sertão nordestino, escapando graças a ação de um herói improvável: o jagunço ‘Sete Oreia’, um dos homens mais temidos do interior pernambucano. À lá faroeste, a história vai se desenvolvendo e o protagonista cresce aprendendo todos os segredos e truques profissionais do seu tutor. Certo dia, sem avisar, Sete Oreia some e seu pupilo Cabeleira decide ir ao povoado mais próximo atrás do que teria ocorrido com o seu pai de criação.

Ainda no primeiro terço do filme, somos apresentados ao cruel Monsieur Blanchard (Etienne Chicord), um terrível francês em minas de pedras preciosas e acabou se tornando mais um “coroné nordestino”. O destino do temido antagonista se entrelaça com o de Cabeleira e o francês o contrata como seu jagunço.

Repleto de Plot Points, em seus mais de 100 minutos de duração, O Matador é um filme que deveria ser concebido como uma minissérie, ou até mesmo uma série com uma temporada completa, por conta de uma quantidade considerável de histórias incidentais que aparecem na obra, mas que acabam mal desenvolvidas para uma exploração adequada de todas suas potencialidades narrativas.

Inexplicavelmente, as histórias vão surgindo e o protagonista Cabeleira vai perdendo espaço na trama. O assassino de aluguel só volta até importância real no último terço da obra. Uma sucessão de matadores, dos mais variados estilos, aparecem tornando o enredo propositadamente violento, porém tirando a força do roteiro, que com tantos personagens, se transforma numa colcha de retalhos cinematográfica.

É perceptível que Marcelo Galvão tem excelentes referências artísticas e as utilizou para a concepção de ‘O Matador’. Em algumas boas cenas, fica clara a influência de cineastas estupendos como Tarantino, Rodriguez, Leone, e Glauber Rocha, mas, sem os cuidados na preparação do roteiro, as boas referências não são suficientes para entregar uma grande película. No caso específico de ‘O Matador’, talvez o maior erro tenha sido da produção-executiva da Netflix que não percebeu que as potencialidades da história e as peculiaridades do roteiro indicavam a produção de um seriado e não de um longa-metragem.

‘O Matador’ poderia ser uma série de sucesso premiada a tratar sobre a questão do banditismo social, com uma boa dose de ação e pitadas de humor. Já como filme ficará ofuscado pelo imenso leque de obras-primas nacionais que abordaram a temática.

 


TRAILER

  • NOTA GERAL
3

Resumo

“Em algumas boas cenas, fica clara a influência de cineastas estupendos como Tarantino, Rodriguez, Leone, e Glauber Rocha, mas sem os cuidados na preparação do roteiro, as boas referências não são suficientes para entregar uma grande película.”

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