Crítica: A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell (2017)
A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell tem méritos visuais, mas tem uma narrativa genérica.
Ficha técnica:
Direção: Rupert Sanders
Roteiro: Jamie Moss
Elenco: Scarlett Johansson, Pilou Asbæk, Takeshi Kitano, Juliette Binoche
Nacionalidade e lançamento: EUA, 2017 (30 de março de 2017 no Brasil)
Sinopse: Num mundo pós 2029, cérebros se fundem facilmente a computadores e a tecnologia está em todos os lugares. Motoko Kusanagi, conhecida como Major, é uma ciborgue com experiência militar que comanda um esquadrão de elite especializado em combater crimes cibernéticos.
Os mangás e os filmes animados de Ghost in the Shell têm uma base de fãs bem grande e marcou mais de uma geração. O anuncio da versão em live action fez com que os fãs mais hardcore torcessem o nariz, já outros viram uma boa oportunidade para futuras produções cinematográficas do gênero.
Pensando nisso, confira aqui os sonhos cinematográficos dos nossos autores fãs de animes.
Sendo fiel ou não ao material prévio, o longa tem que funcionar como obra única e fazer sentido para quem nunca teve contato com aquele universo.
Para quem não conhece vale uma breve contextualização. A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell se passa em um ambiente futurista, onde comunicações mentais são tão comuns quanto androides. Mas temos alguma proximidade com o nosso tempo – os carros, por exemplo, apesar de estilosos são bem parecidos com o que temos hoje. A sociedade que vemos tem um ar meio punk, não chega a ser um Mad Max urbano, pois no recorte que vemos os recursos não são escassos.
Em meio a essa transição, entre o futuro utópico (ou não…) e a humanidade que carregamos, está a Major Motoko Kusanagi (Scarlett Johansson). Após um acidente ela teve o corpo mutilado e posteriormente reconstruído, sobrando de original apenas a mente – esta com algumas sequelas e melhorias. A peculiar condição da moça atrai olhares perigosos e o filme se torna uma corrida de autodescoberta e sobrevivência.
Ainda na questão temática, pode-se colocar como principal contexto a ciber guerra. Hackers invadindo mentes para extrair segredos institucionais e até para provocar a morte. Um grupo de elite, a sessão 9, tem a incumbência de brecar os malfeitores. A coisa, claro, é mais complexa do que se imagina.
Identidade, singularidade, aparências, pertencimento, vingança, interesses econômicos e tecnológicos também se fazem presentes. Todavia tudo tratado de forma superficial. A abordagem é bem simplificada, não condiz com uma ficção científica de qualidade, lembra mais um roteiro frouxo de um filme de ação genérico. Em suma: acontece muita coisa e não acontece nada. Vale como entretenimento bem passageiro, com potencial forte para ser esquecível.
O que será memorável, contudo, é o visual – sem exagero: um dos melhores que eu já vi, digno de Oscar. Pode ser que daqui a alguns anos soe cafona ou datado, mas hoje é um espetáculo de imagens que dançam na tela. Nesse sentido, salas com telas grandes e cópias em 3D têm vantagem. Os efeitos justificam a tecnologia (e o preço do ingresso mais salgado). As ruas, prédios e até lutas estão embalados com tudo que justifica o ciber do gênero. Seja na cena do mergulho ou então no design de produção do inferninho e até no detalhamento da caracterização dos personagens, tudo está notável.
As atuações, por outro lado, estão genéricas. Scarlett Johansson faz ela mesmo. Não prejudica, tem uma ou outra expressão, porém nada que arranque lágrimas. Polêmicas dela não ser oriental (o filme se passa no Japão) à parte, dá para dizer que ela foi bem escalada. Os demais atores também estão apenas funcionais. Apesar de algumas cenas de cunho dramático, não é exigido grandes talentos.
O ritmo, devido a decisões ruins do roteiro, direção e montagem, tem problemas. Em alguns momentos as coisas se atropelam e você meio que desiste de absorver as informações. Em outros, reina um ar mais moroso. É possível que uma versão estendida seja produzida e torne as coisas melhores. Contudo o produto que vale é este, o do cinema. E aqui vemos explicações demais e uma insistência em firma na cabeça do público qual que era a ideia, como se a gente fosse esquecer. Tal artifício, além de ser fraco, trunca a história.
Ghost in the Shell pode decepcionar os fãs, pois eles se sentirão traídos pela adaptação. Como obra única e para quem não teve contato prévio, não é um filme ofensivo e pode agradar. O mérito visual por si só será capaz de angariar espectadores? Sinceramente: não sei. Fato é: tenha em mente que é um filme americano e não um anime japonês.
Resumo
Ghost in the Shell pode decepcionar os fãs, pois eles se sentirão traídos pela adaptação. Como obra única e para quem não teve contato prévio, não é um filme ofensivo e pode agradar. O mérito visual por si só será capaz de angariar espectadores