Dica de documentário: The Mask You Live In
Sabe aquele documentário que deixa você filosofando por dias, semanas e meses? Pois é. Aconteceu comigo com The Mask You Live In.
Dirigido por Jennifer Siebel Newsom, o documentário fala sobre o papel do homem na sociedade: desde a infância até a maturidade. Basicamente, o longa explica – de uma maneira única – os fenômenos que ocorrem com os garotos e explicam os comportamentos que são gerados nos homens adultos.
Olha aqui a sinopse:
Documentário sobre a pressão da sociedade sobre aquilo que pode ou não ser considerado “masculino” e como isso pode afetar os nossos jovens. Em comparação com as meninas, pesquisas mostram que os homens dos EUA têm maior probabilidade de ser diagnosticado com um distúrbio de comportamento. Com depoimentos de especialistas, a pergunta que fica é “O que podemos fazer para mudar esses padrões?”
Mas aí, você se pergunta: por que a Grecia Baffa, uma das apresentadoras do podcast As Mathildas (sim, tô fazendo jabá rs), está fazendo um artigo sobre um documentário que fala de homens?
Cara, faz todo sentido.
Primeiro que eu acredito que falar sobre mulheres no audiovisual é uma tentativa de colocar mais a mulher em voga – afinal de contas temos praticamente 90%** de homens falando de homens em podcasts. Segundo que falar de homens também é meu papel. Além de tudo, acredito em equidade, em justiça e como jornalista, meu olhar nunca vai ficar pousado em apenas uma vertente.
Eu assisti The Mask You Live In em janeiro deste ano, depois de ouvir um outro podcast (Um Milkshake Chamado Wanda) e pirei. Eles estavam fazendo um especial sobre o feminismo e citaram na conversa. Anotei. Duas semanas depois eu vi e a sensação de filosofar foi certeira: sempre falamos sobre como a mulher é vista na sociedade – como tem problemas, é oprimida, objetificada, enfim, mil coisas – mas não falamos sobre a repressão que os meninos passam, de não poder falar de sentimentos, de vontades, de não poderem ser vistos com suas fraquezas. NÃO QUE ISSO JUSTIFIQUE O MACHISMO ou qualquer outra atrocidade que diminua o papel da mulher, mas né.
Tá, vou tentar ser mais clara: estamos todos ferrados.
Jogam a mulher o tempo todo para um nível inferior, dizendo mil coisas ruins, de serem fracas, de não darem conta das coisas, e tudo mais. E jogam o homem o tempo todo no nível superior, deixando ele com medo de ter medo, medo de ter sentimentos, medo de ser alguém HUMANO. É. Aí, que tá a “bagaça”. Estamos desnivelados perante a sociedade e é uma minoria do tamanho de um grão de areia que se incomoda e faz algo para mudar essa realidade.
E é impressionante a questão do comportamento e os dados trazidos pelo documentário. Tudo bem que a grande pesquisa foi feita nos EUA, mas conseguimos ter um parâmetro sobre como os meninos são criados, como passam pela adolescência e como chegam à maturidade com pensamentos tão quadrados e fechados. Não podem chorar porque é coisa de “menina”. Não podem ouvir desaforo e não fazer nada. Precisam provar o tempo todo sua masculinidade. Precisam ser fortes, os melhores em tudo. Toda a forma de pensar e agir é baseada em repressão constante. Algo que me chocou bastante foi o fato de como a pornografia influencia os homens de uma maneira incrivelmente ruim. Mas isso daria uma outra discussão, ainda maior e hoje não é o foco.
E então, é final de março e eu ainda estou pensando nesse documentário.
Estou pensando em como isso me fez refletir mil coisas. Se você é pai ou mãe de um menino, deveria assistir. Se você é tia, tio, prima, se tiver qualquer relação com uma criança que seja um menino: assista. Esse é daquele tipo de documentário que faz você rever todos os seus valores, suas crenças, suas percepções.
Enfim, se você assistiu, conte aqui nos comentários o que achou! 😉
**O número foi alto totalmente estipulado por mim, rs. Se alguém tiver um parâmetro de mulheres falando em podcasts, me mandem aqui ou no e-mail [email protected] 🙂
p.s.: até a presente data, ainda consta disponível na Netflix!