10 Dicas Infalíveis Para Construir Um Bom Roteiro!
Um dos principais erros de um aspirante à Roteirista é começar a escrever um roteiro para Cinema ou TV já escrevendo o próprio roteiro. Antes de colocar no papel as primeiras linhas, é necessário que o roteirista já tenha total domínio sobre o assunto que irá abordar e de como irá contar a sua estória. Para isso, precisa-se elaborar um Projeto de Construção de Roteiro seguindo alguns passos. Como o assunto é muito extenso, segue apenas algumas dicas para quem está nessa maratona, e assim, percorrer o melhor caminho para deixar o seu roteiro bem construído.
1° PASSO – DRAMATURGIA
Estudar dramaturgia é essencial para o roteirista que quer apresentar profundidade de conflito em suas estórias e ter uma bagagem com bons enredos para se inspirar. Conhecer os principais dramaturgos, as principais obras de teatro como Hamlet, Medeia, Édipo Rei e muitos outros textos, fazem uma grande diferença na escrita de um profissional. Pois drama é ação. A ação gera o conflito. Um bom conflito, um bom enredo é o que faz uma estória ser muito interessante. Conhecer a poética de Aristóteles e trabalhar com os 6 elementos ensinados por ele, também dará, sem nenhuma dúvida, uma grande riqueza dramática aos seus trabalhos. Alimente-se disso!
2º PASSO – A IDEIA
Parece óbvio que para escrever um roteiro é necessário ter uma ideia. Mas a grande questão não é ter a ideia, mas sim, a forma de colocá-la no papel e desenvolvê-la. Se você quer vender a sua ideia para produtoras e até mesmo para os seus amigos, é necessário saber apresentá-la de forma clara e objetiva em apena UMA OU DUAS FRASES. A sua ideia é sobre o que? Se você não tem uma ideia inicial, não se desespere, você pode encontrar o tema de seu roteiro em uma notícia de jornal, em uma foto, um título, uma lembrança, um desejo, um tema mobilizador, um medo, uma obsessão, um trauma, na leitura de um livro, uma cena de rua… etc… Observe o mundo e o seu interior.
3º PASSO – A PESQUISA
Depois de definir a sua ideia, você já saberá sobre QUEM é o seu filme e quais os ASSUNTOS que irá abordar. Então, mãos à obra! Pesquise, pesquise e pesquise TUDO sobre o tema do seu roteiro. Se transforme em um MESTRE. Se o seu assunto é sobre a Guerra no Vietnã ou sobre o mundo dos bebês, se aprofunde o quanto puder. Quanto mais você souber sobre o seu assunto, mais rico será o seu roteiro e não terá espaço para clichês! Ah e aqui ainda inclui, as leituras de livros didáticos sobre construção de roteiro, e claro, ver muitos e muitos filmes, principalmente os que também abordam o mesmo tema que o seu.
4º PASSO – A STORY LINE
Essa é uma das fases mais trabalhosas. É necessário escrever até 5 linhas, isso é padrão. A questão é que nesse espaço você precisa colocar o início, o meio e o fim da sua história. Sim! Aqui, nesta fase, você já precisa saber como o seu filme terminará. NUNCA comece a escrever um roteiro sem saber como será o final. É um tiro no pé. Gaste o tempo que for necessário para elaborar sua Story Line, pois ela tem o poder de fazer um produtor se interessar em ler a sua sinopse e, posteriormente, o seu roteiro.
5° PASSO – A SINOPSE
Digamos que a sinopse é um puxadinho da Story Line. Aqui, você estenderá sua Story Line para umas 20 linhas mais ou menos. Atenção: sinopse de construção de roteiro não é a mesma coisa de sinopse de contra-capa de DVD. Neste resumo também deve constar o início, o meio e o fim da estória de forma mais ampla. Porém, muito objetiva.
6º PASSO – PERFIL DO PERSONAGENS
O mais interessante é criar a biografia do seu personagem. Conheça-o bem. Saiba tudo sobre ele! FORME o personagem desde o nascimento até o momento em que o filme começa. Coloque as características físicas e psicológicas, os fatos que marcaram a vida dele, os desejos mais íntimos e os explícitos, os seus gostos…. Tudo que puder escrever, escreva! Quando você começar a escrever o roteiro, irá apenas REVELAR quem é esse personagem que você já conhece tão bem, mostrando-o através das atitudes dele. Como dizia o diretor de cinema italiano Michelangelo Antonioni: “Filme é comportamento”.
7º PASSO – OS TRÊS ATOS
A divisão dos três atos existe desde sempre no universo de narrar estórias. Nas peças de teatro é uma ferramenta muito marcante. Mas quando se traz para a construção de roteiro, essa estrutura se transforma praticamente em um projeto de engenharia.
Os três atos se dividem em:
. ATO I – Apresentação
. ATO II – Confronto
.ATO III – Resolução
Veja em gráfico
30 minutos 60 minutos 30 minutos
Apresentação Confronto/desenvolvimento Resolução
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PLOT 01 MIDPOINT PLOT 02
E dentro dessa estrutura narrativa são aplicadas várias ferramentas como os 7 pilares da narrativa, a jornada do herói, os elementos do drama e muitos outros instrumentos de construção de roteiro. Você pode até querer ousar e não utilizar essa estrutura e seus utensílios. Mas o fracasso será certeiro. Para fazer diferente, antes de tudo, é necessário dominar o paradigma básico.
Além dessa divisão dos três atos, temos também o Plot I, O MidPoint e o Plot II. Eles são os pontos de viradas mais importantes do roteiro. Pode haver outros pontos, mas esses são os que seguram a estória nos trilhos e que precisam ser definidos antes que você comece a escrever uma só palavra do seu roteiro.
8º PASSO – O ARGUMENTO
No argumento você já colocará a divisão básica dos três atos. Ele é um puxadinho maior da sinopse. Nesta fase, você escreverá o roteiro em prosa, sem diálogo e sem as ferramentas técnicas. Somente a estória. Geralmente, uma página de argumento dará umas 8 ou 9 páginas de roteiro. Sugiro que faça sempre umas 16 páginas. O ideal é que seu roteiro chegue a 120 páginas no máximo. Aqui, além de desenvolver o conflito central, você também já pode desenrolar um pouco das subtramas.
9° PASSO – O ROTEIRO
Chegou a parte mais prazerosa! Depois de todo sofrimento construindo as etapas anteriores, você chegará no roteiro já sabendo como vai ser toda a sua estória. E o melhor de tudo, estará sem fugas desnecessárias, sem clichês e muito bem amarrada, bem construída e com propriedade em relação ao assunto. Porém, aqui, você terá que prestar muita atenção nas criações dos diálogos, na descrição das ações e nas regras de formatação. O mercado é muito exigente quanto a isso. E o mais importante é ter a consciência de que roteiro não é literatura, ensaio, tese acadêmica, ou crônica. Trata-se de um guia para a produção coletiva de uma obra cinematográfica.
10º PASSO – 2º TRATAMENTO
Achou que já estava tudo terminado?! Nãnãninãnão! Depois que terminou a primeira versão do roteiro, deixe-o de molho por algumas semanas e vá fazer outras coisas. Volte para ele com a cabeça bem tranquila e relaxada. Releia todo o seu roteiro e com certeza você achará algumas partes que poderão ser melhoradas. Comece um processo de revisão minuciosa. Faça quantos tratamentos achar necessário. Mas cuidado para não ficar apegado a esta fase. Chegará o momento em que você precisará entregar o seu filho para o mundo.
Bom Trabalho!