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Artigo

Curta: Sing (2016) – Vencedor do Oscar

Ficha Técnica de Sing.

Diretor: Kristóf Deák
Elenco: Zsófia Szamosi, Dorka Hais, Dorka Gáspárfalvi…
Nacionalidade: Hungria.

Recentemente no Brasil houve uma discussão sobre o quanto a arte influencia na vida de uma criança/adolescente. Essa discussão se deu pelo fato de que a “reforma” no ensino médio tiraria a obrigatoriedade das aulas de artes, enquanto aumentaria a responsabilidade do aluno em escolher mais cedo uma profissão. Mas, afinal, a arte importa? Em Sing, baseado em fatos, fica mais do que claro não só a importância da arte, mas também como a ganância do capital em querer sempre o prêmio/dinheiro em vez de priorizar o júbilo faz mal para todas as pessoas.

A história se passa na Hungria nos anos 90 e conta uma pequena parte da vida de Zsófi que se muda para um colégio que possui um dos melhores corais do país, porém ao chegar lá descobre o sujo segredo sobre a qualidade dele. Enfim, tecnicamente o filme funciona em alguns aspectos básicos, mas se compromete em outros. A montagem do longa é muito acelerada, os acontecimentos saltam na tela e deixam o espectador um pouco distante da maioria das crianças. Infelizmente a fotografia também não ajuda a desenvolver melhor os sentimentos, ela é chapada e monocromática em todo curta.

Entretanto, há de se destacar o belo trabalho das atrizes principais Dorka Hais e Dorka Gáspárfalvi. Compondo Liza e Zsófi com uma aparente ingenuidade, mas uma latente rebeldia que aflora aos poucos. E também o belo trabalho musical do coral que faz a música ganhar vida e a importância que merece.

Mas sua principal característica como obra de arte é a discussão do impacto dela em uma criança. Ao ser privada da arte Zsófi não só aparenta uma tristeza como demonstra uma piora em se relacionar com os seus colegas. Muito por conta do instinto da competitividade de sua mentora onde fica claro que o mais importante é ganhar e ser melhor do que os outros, e não ser melhor para os outros. E é ai que a arte cria forças para transcender uma ideologia e nos mostrar o prazer de ir contra o status quo.

(A partir daqui o texto conterá alguns spoiler, mas como a história é baseada em um acontecimento não acredito que afetará a experiência)

Desobediência sempre é visto como algo errado, mas será mesmo? Ao escolherem desobedecer e irem contra as regras hostis criadas pela mentora, as crianças criam um vinculo maior entre elas e saboreiam uma força que jamais teriam sozinhas. A arte, então, cumpre seu papel de transformar pessoas e essas pessoas transformam a sociedade. Aqui mudaram um colégio, outra hora mudarão suas casas, e assim sucessivamente.

Por fim, Sing é um curta-metragem que toca em várias questões sobre arte, sociedade e o prazer de fazer o que amamos. Mas não pude deixar de pensar em como ele valida a incrível frase do anarquista mexicano Ricardo Flores Magón: “Não são os rebeldes que criam os problemas no mundo, são os problemas do mundo que criam rebeldes”. Viva a arte.

Escrito por: Will Bongiolo

  • Nota Geral
5

Resumo

Sing é um curta-metragem que toca em várias questões sobre arte, sociedade e o prazer de fazer o que amamos. Mas não pude deixar de pensar em como ele valida a incrível frase do anarquista mexicano Ricardo Flores Magón: “Não são os rebeldes que criam os problemas no mundo, são os problemas do mundo que criam rebeldes”. Viva a arte.

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