Crítica: Uma Viagem à Groenlândia
Uma Viagem à Groenlândia é uma interessante jornada de autoconhecimento e produção da Netflix.
Direção e Roteiro: Sébastien Betbeder
Elenco: Thomas Blanchard, Thomas Scimeca, François Chattot, Ole Eliassen, Adam Eskilden.
Nacionalidade e lançamento: França, 2016 (30 de novembro de 2016 diretamente na Netflix)
A paisagem inóspita e gélida da Groenlândia combina muito com o filme do francês Sébastien Betbeder, que basicamente fala sobre o silêncio – e como relações de amizade podem se desenvolver na base das poucas palavras.
“Uma Viagem à Groenlândia” conta a história de dois amigos que vivem em Paris como atores pouco expressivos, que têm o mesmo nome, Thomas, (tal qual os atores que os interpretam), e que estão em uma viagem para Kullorsuaq, uma cidade pequena na Groenlândia, onde vive o pai de um deles, Nathan.
Em um ritmo tranquilo, cheio de momentos de humor excêntrico e conversas estranhas, o filme vai mostrando um processo de amadurecimento dos dois Thomas. É interessante notar como os dois são diferentes (embora um flashback tenha efeito em mostrar a sensibilidade e a forma como lidam com o silêncio como uma grande semelhança). O filho de Nathan é mais tímido, introvertido e menos disposto a experiências novas, enquanto o outro tenta arrumar uma namorada, prova as iguarias (exóticas) do país e se mostra mais interessado em aprender a falar a língua inuíte.
Com personagens locais que são nascidos no país – e possivelmente habitantes locais que serviram como atores, desconfio – o filme é eficiente como estudo de personagens e não se preocupa em dar muitas respostas, apenas demonstrar como uma viagem tem a capacidade de mudar as pessoas pelo simples fato de ser realizada. Afinal, quando o diretor opta por mostrar uma última cena igual à primeira, sentimos que a vida dos personagens principais foi sutilmente mudada, mas algo continua igual.
Mesmo com uma narrativa mais lenta e aquelas “cenas engraçadas que não fazem rir”, o filme merece aplausos por transformar uma necessidade de conectar-se à internet em um momento de tensão, o que funciona como um ponto de virada à trama, retoma a energia da trama, e ainda é uma metáfora para a necessidade de Thomas e Thomas retornarem.
Mesmo assim, “Uma Viagem à Groenlândia” é uma interessante história de amadurecimento – um amadurecimento sutil e silencioso, o que combina muito bem com a vida das pessoas no longínquo vilarejo.
É uma pena que o filme não seja tão memorável.