Crítica: Os Capacetes Brancos (2016)
“Os Capacetes Brancos” é um dos indicados ao Oscar de Melhor Documentário em Curta-metragem, mas seu conteúdo requer atenção.
Ficha técnica:
Direção: Orlando von Einsiedel
Montagem: Masahiro Hirakubo
Elenco: Khalid Farah, Mohammed Farah, Abu Omar.
Nacionalidade e lançamento: Reino Unido, 2016 (16 de setembro de 2016 no Brasil – mundialmente via Netflix)
Sinopse: Enquanto bombas diárias atingem civis na Síria, o grupo conhecido como “Capacetes Brancos” fica alerta para seguir imediatamente para os lugares atacados e resgatar as vítimas.
Em meio ao caos da Guerra na Síria, um grupo de voluntários atua para tirar inocentes civis dos escombros que se formam após os bombardeios: são os Capacetes Brancos, ou White Helmets.
O documentário original da Netflix, do diretor Orlando von Ensiedel (Virunga), mostra em 40 minutos o funcionamento e o treinamento do grupo que hoje é conhecido como a “defesa civil” da Síria.
Sem tomar qualquer partido da complexa guerra que ocorre atualmente no país, o documentário busca apenas mostrar uma visão positiva dos voluntários como seres humanos benevolentes. E, de fato, pessoas que se sacrificam para salvar quem se encontra preso em escombros devem ser valorizados por isso.
No entanto, “Os Capacetes Brancos” é, estruturalmente, um documentário totalmente mediano e sem nenhuma construção especial. Mostra um grupo de voluntários prestando alguns socorros, intercalando com cenas de entrevistas, e depois segue para mostrar um treinamento deles em um ambiente externo e fora da zona de conflito.
Ao longo do filme, é possível se emocionar com uma cena em particular, que envolve o resgate de um bebê, e fica óbvia a dedicação dos personagens principais que narram os acontecimentos. No entanto, é no mínimo estranho que o longa não se preocupe em mostrar como é financiado o grupo, cujo treinamento parece ser extremamente caro, e sobre o qual deposita uma grande parte do tempo do documentário, o que desperdiça tempo que poderia, ao menos, discutir a situação do país de forma mais abrangente.
Por fim, é importante frisar que existe uma outra visão da organização, que teria objetivos escusos e financiamento dos países que defendem a saída de Bashar Al-Assad do governo sírio – e que pode ser melhor compreendida em três vídeos: uma análise crítica, um depoimento e uma pergunta a uma jornalista. E por favor: não quero tomar partido nenhum (mesmo porque tenho pouco conhecimento sobre o assunto), apenas mostrar que existem os dois lados da moeda – o que forma um paralelo deste filme com “Winter on Fire“, outro documentário original Netflix que mostra apenas um lado de uma situação política também complexa (e ambas acabam desembocando no posicionamento dos Estados Unidos dentro da geopolítica internacional, e sempre em confronto com a Rússia… mas isso é um debate que vai longe).
“Os Capacetes Brancos” é um documentário em curta-metragem importante, mas que não realiza nada substancial do ponto de vista narrativo, e ainda exige discernimento do espectador para que ele não acabe saindo mal informado – ainda mais quando há pessoas que acusam o documentário de ser uma “propaganda terrorista”.
Resta saber como ficará a versão ficcional dramática que George Clooney vai dirigir em breve.
Resumo
“Os Capacetes Brancos” é um documentário em curta-metragem importante, mas que não realiza nada substancial do ponto de vista narrativo, e ainda exige discernimento do espectador para que ele não acabe saindo mal informado.