Crítica: Até o Último Homem
“Até o Último Homem” é um drama que engrandece seu protagonista.
Ficha técnica:
Direção: Mel Gibson
Roteiro: Robert Schenkkan, Andrew Knight
Elenco: Andrew Garfield, Rachel Griffiths, Hugo Weaving, Teresa Palmer, Luke Bracey, Vince Vaughn, Sam Worthington.
Nacionalidade e lançamento: EUA, 2016 (26 de janeiro de 2017 no Brasil)
Sinopse: A história de como o médico da 2ª Guerra Mundial Desmond Doss, que serviu durante a Batalha de Okinawa, se recusou a matar pessoas e se tornou o primeiro homem na história dos Estados Unidos a receber uma medalha de honra sem dar um único tiro.
Quando Desmond Doss (Andrew Garfield) decide que vai salvar os homens feridos espalhados pelo campo de batalha, a câmera de Mel Gibson não hesita em mostrar o soldado em um contra-plongée que o engrandece, com a trilha sonora enaltecendo o personagem – que já era mostrado como um homem sem falhas desde o princípio. Já nos momentos finais do filme, a câmera mostra Doss “nos céus”, com os braços estendidos, em uma imagem quase santificada do protagonista.
Muito em “Até o Último Homem” é grandioso, grandiloquente e enaltecedor. Afinal, estamos falando do diretor que eternizou William Wallace em “Coração Valente” e fez um dos retratos mais violentos da crucificação de Jesus “A Paixão de Cristo”.
Em “Até o Último Homem”, acompanhamos a história real de Desmond Doss, menino do interior da Virginia que, após alguns episódios em sua infância, torna-se um “pacifista”. Apaixonado pelas ciências médicas, decide se alistar para a 2ª Guerra Mundial com o objetivo de salvar vidas, e jamais tirá-las – e ele até salva alguns japoneses, sendo um deles em uma situação pouco provável de ter acontecido na história real.
Eficiente ao mostrar um bom desenvolvimento do personagem principal, o filme não tem pressa em seguir para as cenas de ação, o que aumenta ainda mais o sentimento de perda das vidas na batalha, já que o espectador consegue entender alguns dos personagens soldados e dar valor às dificuldades pelas quais Doss precisa passar para conseguir “servir seu país” sem precisar tocar em um rifle.
Enquanto Andrew Garfield vive o protagonista com a doçura necessária para seu papel, Hugo Weaving consegue dar toda a carga dramática necessária para pai dele, veterano da 1ª Guerra que não conseguiu superar os horrores que presenciou. E se vale ressaltar o ator Luke Bracer como um dos personagens mais aprofundados, cuja função é aumentar a dor do protagonista, é curioso notar como Vince Vaughn consegue dar a dramaticidade necessária para o que a trama exige, sua experiência com comédias o permite passear sutilmente pelo humor em cenas claramente inspiradas em “Nascido Para Matar“. Fica apenas dúvida a respeito da necessidade de repetir duas falas já tidas como clichês em filmes de guerra, como “You are not in Kansas anymore” e “We got company”.
No que se refere a cenas de ação, o que “Até o Último Homem” traz é a melhor forma de Mel Gibson: cenas de guerra impactantes e sem medo de mostrar as maiores atrocidades da guerra promovem uma interessante visão de uma batalha contra os japoneses. Ainda que Gibson não seja condescendente com os japoneses, pelo menos não os coloca como vilões malignos, mas apenas um exército inimigo.
Poucas coisas incomodam em “Até o Último Homem”. Se a grandiloquência já citada poderia ser mais aquietada, a transformação de Doss em uma figura quase messiânica quando os soldados exigem sua presença no campo de batalha, fazendo-o confrontar seu repouso sabático, soa como um momento desnecessário e que pouco acrescenta ao processo de enaltecimento do protagonista.
Ainda assim, “Até o Último Homem” é um filme impactante e que consegue emocionar, especialmente pela excelente atuação de Andrew Garfield.
Resumo
“Até o Último Homem” é um drama que engrandece seu protagonista. Confira a crítica do longa que está na lista de indicados ao Oscar.