Crítica: Invasão Zumbi (Train to Busan, 2016) - Cinem(ação)
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Crítica: Invasão Zumbi (Train to Busan, 2016)

Invasão Zumbi é um dos melhores filmes do subgênero nos últimos anos.

Ficha técnica:
Direção e roteiro: Sang-ho Yeon
Elenco: Yoo Gong, Soo-an Kim, Yu-mi Jeong, Dong-seok Ma
Nacionalidade e lançamento: Coreia do Sul, 2016 (24 de novembro de 2016 no Brasil)

Sinopse: Um pai e uma filha estão em um trem quando um  vírus se propaga transformando as pessoas em Zumbis. Uma corrida para sobreviver onde os zumbis não são os únicos monstros.

Invasão Zumbi

O tema Zumbi sempre esteve presente nas telonas. Mas nos últimos tempos as produções têm ficado cada vez mais frequentes. Algumas genéricas, outras bem diversificadas. Há blockbusters como Guerra Mundial Z e filmes independentes nacionais como Capital dos Mortos. E até coisas como Orgulho, Preconceito e Zumbis ou Meu Namorado é um Zumbi. O coreano Invasão Zumbi poderia ser só mais um no mar de mortos-vivos que se propagaram por aí. Mas definitivamente não é o que ocorre aqui. O fato dele ter estado em um certo festivalzinho comprova isso…Para quem não sabe, Invasão Zumbi esteve em Cannes…

A fórmula é relativamente simples, mas tudo ao redor dela funciona de modo praticamente impecável. No começo é estabelecida a relação pai e filha com cenas cotidianas. Já vemos um certo distanciamento dele em relação aos anseios dela – a cena do presente de aniversário é um exemplo. O foco é nessa dupla, mas outros personagens são mostrados ao longo do filme com características idiossincráticas. O que faz com que a gente se importe com o destino deles.

Mesmo com a introdução dos protagonistas, Invasão Zumbi não perde tempo em colocar na tela os antagonistas da trama, os nossos queridos zumbis, obviamente. Há, por exemplo, uma instigante cena inicial – onde nosso sensor de “vai dar ruim” já apita… Quando o trem parte, um homem cambaleante entra de modo abrupto, o que também ocasiona um alerta no público. E mal o veículo zarpa e a coisa explode. Os seres começam a aparecer, contorcendo-se e atacando o que veem pela frente. Porém, as relações humanas estabelecidas também são aterrorizante. Cada um tentando defender o seu e o pior dos homens sendo revelado – em alguns momentos você vai torcer pelo zumbi…

Invasão Zumbi

As cenas de ação são variadas e tensas. Há o ataque de um pra um. Há uma manada contra uma criança. Há cenas no escuro – usando a fraqueza dos monstros. Enfim, o ataque vem de todos os lado e maneiras. O mérito está, portanto, na direção que conduziu os atores, e possíveis não atores, muito bem. Além, é claro, de um belo trabalho com a câmera. Os confrontos são visualmente limpos, por mais poluída que a tela esteja, enxergamos com perfeição onde cada um está e a movimentação dos personagens. E há um plano aberto, em uma cena de perseguição, que gera uma euforia generalizada. Essa cena por si só mostra que o diretor Sang-ho Yeon sabia o que estava fazendo – há até um que de Mad Max ali. Por outro lado, talvez ele peque no prolongamento de algumas cenas e no tempo total do filme, pequena mácula que não desestabiliza o todo.

Para além do terror e da ação temos um drama de qualidade. Ou seja, Invasão Zumbi tem uma história. Não é só tiro, porrada e bomba. O Seok Woo, pai da garotinha, é egoísta, enquanto a jovem Soo-an é bem zelosa com todos em volta. Esse conflito é explorado a todo momento e o arco desses personagens rende muitas  emoções. Os encontros deles com os demais também ajudam a construirmos e desconstruirmos os caracteres estabelecido. E vale muito o destaque para a atriz, homônima da personagem, Soo-ann Kim. A jovem tem uma maturidade no olhar e firmeza nas ações que coloca no chinelo várias atrizes mais velhas.

Ao não precisar de grandes exposições sobre a causa e cura, o filme ganha em ritmo. Obviamente não vou falar o que acontece no final. Mas digo que o encerramento consegue finalizar de modo muito digno. Não é previsível, gera discussões e dá um gostinho sobre um outro possível fecho que também seria bem impactante.

Invasão Zumbi merece o reconhecimento e se arrisca ao pegar um produto muito consumido e que poderia gerar um esgotamento. Contudo, tal como os zumbis, há ímpeto e fome. Fome de fazer algo bem feito e de se tornar memorável.

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