49º Festival de Brasília, 5º e 6º dias – 13 filmes!
Cerca de 40 sessões foram programadas no 49º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro neste final de semana.
Consegui cobrir na Mostra de Brasília 6 filmes neste domingo, 3 curtas e 3 longas. A premiação será nesta terça e 12 filmes concorrem ao grande prêmio e demais categorias. Na Mostra Competitiva vi 7 obras, 5 curtas e 2 longas.
MOSTRA BRASÍLIA – CURTAS:
O Luto é um curta bem curto, dois minutos apenas. Com uma trilha ruim, uma montagem simplória e uma virada que se fosse uma esquete no Youtube talvez tivesse valor, o filme claramente está deslocado no festival NOTA: 1 estrela.
A Festa dos Encantados traz uma lenda indígena em forma de animação. Infelizmente também foi muito fraco. A parte técnica tem traços bem pobres, mas a narrativa é ainda pior. Pelo menos neste o tema foi mais condizente com o que vemos no Festival de Brasília. NOTA: 1,5 estrela.
Já Rosinha é uma das coisas mas encantadoras que passou pela mostra. Amor na terceira idade exposto em tela de uma maneira natural e muito bem construída. Um homem prestes a falecer tenta arranjar um novo companheiro para a esposa para que ela não fique só. Um deleite a forma como o roteiro é delineado. Tem um falso final que engana, tem viradas, humor, amor… Gui Campos está de parabéns por dirigir este trabalho. A atriz Maria Alice Vergueiro está igualmente fantástica. NOTA 4,5 estrelas.
MOSTRA BRASÍLIA – LONGAS:
Nos longas 3 documentários bem diferentes compuseram esta manhã e tarde em Brasília. #EraDosGigantes fala sobre política externa e já havia contado com crítica aqui no Cinem(ação). E também uma entrevista com o diretor Maurício Costa. O público reagiu bem ao tema e vaiou e aplaudiu as figuras políticas que apareciam em tela. Mesmo com uma temática pesada, em diversos momentos deu para escutar risadas e as muitas informações foram assimiladas de forma leve. NOTA: 4 estrelas.
Catadores de História trata da questão da coleta do lixo em diversas corporativas. O documentário é um desastre completo. Apela para a emoção, não propõe nada de novo, tem um discurso panfletário e narrativamente é preguiçoso, com depoimentos redundantes e reservando um tempo considerável para discursos institucionais. O tema é importante, mas a abordagem e a execução foram erradas. Pior filme do Festival e pior documentário que já vi. NOTA: 1 estrela
O curta Rosinha abriu a sessão para o longa Cora Coralina – Todas as Vidas. Se Rosinha já mereceu um 4,5 estrelas, o longa merece ainda mais… e aplausos, muitos aplausos. Não só o melhor filme da mostra. Ele é o melhor filme do Festival como um todo (dentre os que eu vi). E arrisco a dizer que foi a melhor coisa que o cinema nacional produziu este ano. O documentário encenado sobre a poetisa beira a perfeição em uma fotografia variada e bem feita, uma montagem inteligente ao dosar o ritmo do longa e uma trilha carregada de emoção, mas sem ser piegas. A força dos depoimentos e das encenações (interpretadas por atrizes como Camila Márdila, Beth Goulart e Zezé Motta) fazem todos se emocionarem. Deve ser o grande vencedor em praticamente todas as categorias. NOTA: 5 estrelas.
https://www.youtube.com/watch?v=y-NdhhnsppQ%20
https://vimeo.com/135692558%20
MOSTRA COMPETITIVA – CURTAS:
Na Mostra Competitiva tivemos os curtas: O Delírio é a redenção dos Aflitos (PE), tratando de uma forma um pouco onírica sobre a questão do espaço, em um mote análogo ao de Aquarius, também de Pernambuco. NOTA: 3 estrelas.
Já o Estado Itinerante (MG) fala sobre a violência contra a mulher. A atriz Lira Ribas vai muito bem, mas o filme se boicota. O time é horroroso tornando as boas cenas desinteressantes. NOTA: 2 estrelas.
Abigail (RJ/PE) é um documentário sobre uma personagem e a união entre candomblé e indianismo. Ele trabalha com 3 linguagens diferentes, mas a conexão entre elas é ruim e abordagem ficou superficial. NOTA: 2,5 estrelas
Confidente (RJ) é daqueles filmes experimentais que tentam emular alguma coisa que só o diretor sabe ao certo. O alerta aos epiléticos é necessário. NOTA: 1 estrela.
Procura-se Irenice (SP) é brilhante na escolha da personagem, uma atleta que foi apagada dos registros pela ditadura. E o jeito como o tema foi tratado é um exemplo a ser seguido, uma das melhores coisas do Festival. NOTA: 5 estrelas
MOSTRA COMPETITIVA – LONGAS:
Dois longas na noite de sábado trouxeram temas bem distintos. Elon Não Acredita na Morte (MG) é um suspense/drama sobre um homem em busca da mulher desaparecida. O filme tem na primeira hora uma enfadonha com cenas que não levam a lugar algum – entendi que a proposta era essa, mas o resultado ficou ruim ainda assim. O plot final dá um certo respiro, porém não suficiente para dar mais que 2 estrelas.
Antes o Tempo não Acabava (AM) foi o melhor longa da mostra competitiva, dentre os que eu vi – falta hoje ser exibido Deserto e não pude ver Vinte anos e Malícia. O filme amazonense trata da questão da identidade. O protagonista é um índio que passa por um processo de embranquecimento. Ele tem dificuldades de adaptação na tribo e na cidade. Além disso tem uma sexualidade complexa, tendo características múltiplas neste sentido. O longa é um pouco mais lento que o necessário, mas fora isso é praticamente impecável. Vale muito ser conferido. NOTA: 4,5 estrelas.
A competição acaba hoje. Amanhã tem a premiação e quarta duas sessões especiais com os vencedores.
Cobertura dos outros dias do festival:
2º Dia com: Ótimo Amarelo, Quando os dias são eternos e rifle