49º Festival de Brasília,4º dia: O Último Trago e A Cidade Onde Envelheço
Cinema Nacional

49º Festival de Brasília, 4º dia: O Último Trago e A Cidade Onde Envelheço

O 4º dia do Festival de Brasília de Cinema Brasileiro, 3º da mostra competitiva, contou, pela primeira vez na edição com dois longas na mesma noite, O Último Trago (CE) e A Cidade Onde Envelheço (MG e Portugal), além de dois curtas Solon (MG) e Constelações (MG). Curiosamente foi uma seleção bem distinta. Dificilmente alguém que gostou do primeiro longa irá apreciar o segundo e vice versa.

O Último Trago envereda por uma narrativa caótica, no bom e mau sentido, infelizmente muito mais neste segundo. Há muito simbolismo, empoderamento feminino, um trabalho até elogiável com a câmera, utilização da tela – razão de aspecto, fotografia e consciência daquilo que está sendo mostrado. O direção de Luiz Pretti, Pedro Diogenes e Ricardo Pretti não é amadora, no sentido de que eles tem conhecimento das técnicas de cinema. Contudo, a proposta é muito questionável e o que poderia ser uma grande alegoria só remete a um vazio que grita o tempo inteiro e diz pouco. Frases de efeito, vazias e sem sentido, tornam a exibição enfadonha. Até um momento que o filme tenta ser realista, ele carrega traços simbólicos – mas pessimamente executados. Um longa que incomoda, não por provocar reflexões, mas por ser fraco apenas. Nota: 1 Estrela (e até agora o pior filme da mostra).

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A Cidade Onde Envelheço, como falei, vai no oposto daquela linha. Tecnicamente não possui grandes destaques – talvez o sonoro ao explorar um boa diegese na trilha. Por outro lado se mostrou como o longa mais palatável até agora, facilmente exibido em cinema comercial. Diálogos afiados marcam o encontro entre duas amigas portuguesas que passam a morar juntas em Minas Gerais. Os pensamentos sobre a vida cotidiana ganham destaque, como um inacreditável papo sobre azulejos – o melhor da história do cinema (teve outro?). Choque cultural, amizades, amor,  pertencimento, saudade são temas abordados. Leve, até demais, tem um verniz muito água com açúcar, ainda mais para um festival. Agrada, porém não é marcante. Nota: 3 Estrelas.

Os curtas apresentados caminham também em direções opostas. O primeiro, Solon, é uma obra quase abstrata sobre evolução e interação com o meio. Visualmente tem méritos e passa uma mensagem também alegórica (tal qual o longa que o sucede), mas mais eficaz. O Constelações carrega um potencial dramático que faz com que o público não passe incólume. O grande mérito foi ter esse viés e não cair em pieguice ou melodrama. Dois desconhecidos, de países diferentes, que não falam a mesma língua, desabafam sobre a própria vida. Há um alívio cômico em forma de crítica para apresentar os personagens, depois é só camadas de emoção. Vale muito ser conferido – por pouco não é o melhor curta exibido, ainda perdendo para a obra prima Quando os Dias São Eternos.



PS: novamente tive problemas com o público no Festival, agora mais graves. Ontem o crítico Daniel Guilarduccim foi agredido por um homem ao pedir silêncio para o casal que estava conversando no meio do filme. Após vários entreveros, a mulher que estava com o agressor conseguiu o convencer a se retirar do local, nisso ele também se estranhou comigo proferindo um soco na minha barriga.


Cobertura dos outros dias do festival:
2º Dia com: Ótimo Amarelo, Quando os dias são eternos e rifle

3º Dia com: Martírio

Hoje será exibido na mostra competitiva do Festival:

19h, Cine Brasília

O DELÍRIO É A REDENÇÃO DOS AFLITOS, de Fellipe Fernandes, 21min, 2016, PE (livre)
ESTADO ITINERANTE, de Ana Carolina Soares, 25min, 2016, MG (livre)
ELON NÃO ACREDITA NA MORTE, de Ricardo Alves Jr., 75min, 2016, MG (16 anos)

21h30, Cine Brasília

ABIGAIL, de Isabel Penoni e Valentina Homem, 17min, 2016, RJ/PE (livre)
ANTES O TEMPO NÃO ACABAVA, de Sérgio Andrade e Fábio Baldo, 85min, 2016, AM (16 anos)

Para mais informações sobre o festival acessem:
festbrasilia.com.br

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