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Crítica: A Intrometida

A Intrometida é um correto feel good movie

Ficha técnica:
Direção: Lorene Scafaria
Roteiro:  Lorene Scafaria
Elenco: Susan Sarandon, Rose Byrne, J.K. Simmons, Jerrod Carmichael, Cecily Strong, Lucy Punch, Jason Ritter, Sarah baker
Nacionalidade e lançamento: EUA, 2016 (04 de agosto de 2016 no Brasil)

Sinopse: Uma viúva de Nova Jersey acompanha sua filha para Los Angeles na esperança de começar uma nova vida após a morte de seu marido.

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A câmera de Lorene Scafaria acompanha, inquieta, o dia a dia de Marnie Minervini. As sequências, filmadas a distância, atrás de objetos, sem tripé, de forma documental até, atribuem um distanciamento que é apropriado. Estamos lentamente entrando na vida da protagonista.

Com um iPhone novo, um apartamento próximo ao The Grove e uma conta bancária confortável deixada para ela pelo falecido e amado marido, Marnie Minervini (Susan Sarandon) está feliz após se mudar de Nova Jersey para Los Angeles para ficar perto de sua filha Lori (Rose Byrne), uma bem-sucedida (mas ainda solteira) roteirista, sufocando-a com seu amor maternal. Mas quando as dezenas de mensagens de texto, visitas inesperadas e conversas dominadas por conselhos não solicitados obrigam Lori a estabelecer limites pessoais estritos, Marnie encontra formas de canalizar seu eterno otimismo e sua generosidade contundente mudando as vidas de outras pessoas – bem como a sua própria – e descobrindo um novo propósito na vida.

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 O luto segundo Scafaria

É interessante o apego agridoce que Scafaria tem pela solidão, ou como personagens lidam com estágios de luto. Se em seu primeiro longa-metragem, Procura-se um Amigo Para o Fim do Mundo, acompanhávamos Steve Carrell alheio ao fato de que o mundo acabaria (não se preocupem, isso não é um spoiler), tocando a sua vida após a partida de sua esposa como se nada tivesse acontecido, aqui vemos a Marnie de Susan Sarandon num constante estágio de negação, no sentido de não conseguir seguir em frente de fato. Carrell se negava a seguir em frente vivendo uma ilusão de rotina. Marnie se nega a seguir em frente da mesma forma. O problema é: sua rotina consiste em se intrometer (como diz o título) na vida de sua filha e de outras pessoas, negando-se a se concentrar em sua vida por tempo maior. O luto acompanha outros personagens, como mencionarei mais à frente.

O filme não é um grande estudo de personagem ou algo do tipo. Por mais que Scafaria não seja ingênua como cineasta e tenha consciência das convenções do gênero comédia “água com açúcar”, ela realiza neste A Intrometida um correto feel good movie. Uma leve comédia com pitadas de drama. Sarandon e Byrne estão ótimas, assim como a dinâmica “mãe e filha”, que em momento algum deixa de ser crível. Destaque também para J.K. Simmons, que vive Zipper, um possível interesse amoroso para Marnie.

É interessante o fato de Zipper ser retratado como um Manic Pixie Dream Girl (o estereótipo de garota dos sonhos do homem) ao contrário. Zipper é tudo que uma mulher como Marnie pode querer: é o conceito escarrado do “cara legal”. Ele até pilota uma Harley Davidson. O problema é que o filme nunca aborda esse tema de forma apropriada, e tudo acaba soando meio artificial, apesar da boa performance de Simmons.

Um correto feel good movie

O roteiro é o que podemos chamar de “redondinho” para o gênero. A estrutura é simples: personagem precisa passar por uma redescoberta para se tornar uma pessoa melhor ou superar conflitos e problemas. O que interessa mesmo aqui é o já mencionado fascínio pelo luto, de várias formas, que a diretora possui. Além do estágio de luto pela morte de seu marido em que Marnie se encontra, sua filha Lori lida com o “Luto” do fim de seu relacionamento, e Zipper com o de seu divórcio. Cada um lida com o luto de alguma forma. E é interessante acompanhá-los, mesmo que os simbolismos não sejam complexos e os momentos de catarse faltem impacto.

O destaque do filme é mesmo Sarandon, que exibe boa forma na atuação e também fisicamente, continuando bela e irradiante aos 69 anos, num filme que é divertido, mas também inofensivo como cinema, transitando entre o drama e comédia, com um ou dois momentos surpreendentemente tocantes. É um filme correto, mas é impossível não sair com leve sorriso de canto de boca após o feijão com arroz do feel good movie.

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