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Crítica: A Era do Gelo: O Big Bang

Diversão para crianças e não tanto para adultos.

Ficha técnica:
Direção: Mike Thurmeier, Galen T. Chu
Roteiro:  Michael Berg, Yoni Brenner
Dubladores:  Ray Romano, John Leguizamo, Denis Leary, Queen Latifah, Keke Palmer, Jennifer Lopez, Simon Pegg
Nacionalidade e lançamento: EUA, 2016 (07 de julho de 2016 no Brasil)

Sinopse: A épica perseguição de Scrat pela noz o impulsionou ao universo, onde ele acidentalmente desencadeia uma série de eventos cósmicos que transformam e ameaçam a Era do Gelo. Para salvarem-se, Sid, Manny, Diego e o resto do grupo devem deixar sua casa e embarcar em uma missão cheia de comédia e aventura, viajando por novas terras exóticas e encontrando uma série de novos personagens coloridos.

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Atualmente, animação não é mais sinônimo de “filme para crianças”. Estúdios mainstream como a Pixar realizam obras que podem ser apreciadas por adultos. Antes, alguns se entediavam e, mesmo que se divertissem, não as consideravam de fato. Hoje, animações como Divertidamente e Zootopia trazem simbolismos e mensagens que só serão compreendidas de verdade pelos mais velhos (o que não impede a diversão da criançada).

Meio Retrógrado, meio consistente

A Era do Gelo: O Big Bang representa ao mesmo tempo um retrocesso e uma espécie de consistência. Retrocesso por ir contra o atual parâmetro, sendo essencialmente um filme para os mais novos. É inevitável a diversão para os mais velhos também, mas é tudo muito leve e esquecível. E representa consistência com os últimos filmes da franquia pré histórica, que já tinha um pé no humor nonsense e diversão descompromissada, seguindo a linha Dreamworks de trabalho. O starter pack da Dreamworks é: animações divertidas mas muitas delas sem coração (que tem suas exceções, é claro), com cantores pop e atores famosos interpretando os personagens, e inúmeras sequências que não possuem a alma do filme original. E não se esqueça da inclusão de uma música com todos os heróis e vilões dançando no final, como se eles mesmo soubessem que estão em uma animação “divertidinha”.

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O primeiro Era do gelo, dirigido por Carlos Saldanha e Cris Edge, foi um sucesso inesperado para o novato Blue Sky Studios. Rendeu uma indicação ao oscar de melhor Animação e 4 sequências, contando com este A Era do Gelo: O Bing Bang. O trio inusitado composto por um mamute, um tigre dentes de sabre e um bicho preguiça que desenvolvem uma amizade enquanto tentam levar um bebê humano de volta para sua família era carismático, tinha alma e coração, enquanto o adorável esquilo que entrava em várias enrascadas apenas pela sua noz conquistou todo mundo. O filme era divertido e até triste em muitos momentos. No melhor estilo Shrek, as sequências perderam muito disso (o que não quer dizer que não sejam igualmente divertidas).

O Problema da vez

No mais novo capítulo de A Era do Gelo, Sid, Manny, Diego e seus amigos se encontram em mais um perigo de extinção após uma “viagem cósmica” de Scrat dar errado, colocando meteoros em direção à terra. É um enredo bem simples. Todos os coadjuvantes dos filmes anteriores retornam. por obrigação do roteiro, cada um dos personagens do trio tem algum “problema” da vez. No caso de Manny, é o medo de “perder” a filha Amora para o namorado dela, o mamute Julian. Com Diego, o dilema é o medo que ele e sua parceira Shira sentem, de que eles não conseguirão ser pais por não terem jeito pra coisa. Sid quer encontrar uma fêmea para ser sua parceira. Todas essas situações não são exploradas de forma competente. O dilema de Diego, por exemplo, é citado literalmente no começo e final da projeção.

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Além dos coadjuvantes que já conhecemos, o filme conta com novos, entre eles a preguiça Brooke (dublada no original pela cantora Jessie J), a Lhama budista Shangri Llama e o mamute Julian, já mencionado aí em cima. Por ter tantos coadjuvantes, a produção pula de piada em piada, a maioria delas com apelo infantil. Quando tenta fazer alguma “piada adulta” ou ironia direcionada aos pais, as piadas soam forçadas e até meio gratuitas.

Buck, o herói de todos

O filme brilha e diverte quando se foca na doninha caçadora de dinossauros Buck (voz de Simon Pegg), melhor personagem da série, que retorna com suas insanidades, roubando o filme para si sempre que entra em tela. A avó de Sid diverte com seu mau humor e os gambás Eddie e Crash sempre divertem com sua falta de noção. O esquilo Scrat, antes tão divertido com as gags visuais e humor físico, começa a perder a graça justamente pela repetição excessiva.

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A dublagem brasileira continua boa. O youtuber Whindersson Nunes dubla o passarossauro Roger, e não compromete. O sempre competente Alexandre Moreno dá vida de forma brilhante a Buck. mas a inclusão de frases e piadas que só apelam ao público brasileiro retiram qualquer envolvimento emocional que a audiência possa ter e tornam o filme datado. Em certo momento, devo dizer, senti uma pontada na vergonha alheia quando Sid solta um “TÁ TRANQUILO E FAVORÁVEL” de forma aleatória. O “Ronaldo!” do Corinthiano Zina  proferido por um personagem em A Era do Gelo 3 tinha mais graça e não era tão gratuito.

Mesmo demonstrando um claro desgaste, A Era do Gelo: O Big Bang é diversão garantida para as crianças. Já para os pais que as acompanharão nas férias… será bem esquecível. O lado bom é que o filme só tem 1 hora e meia de duração, e a doninha Buck tem o carisma necessário para carregar até um filme solo.

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