Como as animações infantis divertem os adultos
Está por vir a estreia de “Procurando Dory” (Finding Dory, 2016) no dia 30/06/16. Com isso, notei grande movimentação nas redes sociais com o intuito de divulgar o filme e demonstrar a ansiedade e expectativa que temos por essa animação. Mas a maioria das postagens são de adultos! Sim senhores! Oras bolas, mas o filme não é voltado para o público infantil?
É notável uma grande presença de adultos nas salas de cinema destinadas a animações infantis. É verdade que uma parte desses adultos está levando seus filhos, irmãos ou sobrinhos para assistir ao desenho. Mas grande parte não está levando ninguém. Por que será que nos divertimos tanto quanto as crianças, ou, muito provavelmente, até mais do que elas quando estamos assistindo a essas animações? Nesse momento eu admiro muito o trabalho dos diretores, produtores e roteiristas. Com um belo trabalho em grupo, eles conseguem elaborar um filme que consegue entreter crianças e adultos. É diversão garantida para todo mundo.
Vamos pegar como exemplo o filme “Divertida Mente”, vencedor do Oscar de Melhor Filme de Animação. Considerado a terceira maior bilheteria da Pixar e o nono filme de maior bilheteria da Disney, essa animação foi um dos maiores sucessos de 2015. A história acontece dentro da mente de uma garota de 11 anos, Riley. Cinco emoções controlam a mente da garota: Alegria, Tristeza, Raiva, Nojinho e Medo. Todos os personagens são extremamente cativantes e o filme é uma explosão de cores, um prato cheio para as crianças. Tudo é muito didático e bem explicado, e, como todos os filmes da Disney, carregam uma mensagem bonita no final. Colocando as coisas dessa maneira, parece que ele foi desenvolvido somente para crianças. Mas isso não é verdade. De maneira perspicaz, o filme pode representar o que é uma depressão, e como podemos lidar com a tristeza. Essa mensagem sutil está presente em várias animações. Como outro exemplo, vamos pensar em “ O Rei Leão” (1994). Vamos refletir primeiramente sobre a trama do desenho de maneira simples: o irmão do rei quer assumir o trono, e, para isso, mata seu próprio irmão e manda o seu sobrinho fugir. Essa trama definitivamente não parece voltada para o público infantil, e, se colocada dessa maneira, pode render um bom episódio de “Game of Thrones”. Mas quando colocamos no contexto dos leões e da mensagem que a história oferece, a coisa toda fica mais infantilizada e apropriada para crianças, embora contenha esses elementos ocultos mais apropriados aos adultos.
Todas essas animações estão recheadas de cenas engraçadas, sendo que algumas são especialmente para crianças (e nós rimos de todo o jeito), e outras nem tanto. Em “Divertida Mente”, lembram-se da cena em que o pai e a mãe estão conversando com Riley na mesa do jantar? Talvez uma criança não tenha captado a ironia da mente do pai estar pensando em futebol quando há um assunto sério na mesa. Mas todos os adultos captaram, o que faz o filme ficar muito mais engraçado. O processo de fabricação do filme é feito com todo o cuidado para os mínimos detalhes que irão prender a atenção das crianças e adultos. É um trabalho árduo e desafiador.
Além das cenas engraçadas que nos chamam atenção nas animações infantis, temos também a comoção que sentimos durante esses filmes. Posso citar aqui vários filmes infantis que fizeram os adultos chorarem: “Up – Altas Aventuras” (2009), “Toy Story 3” (2010), “O Rei Leão” (1994), “Monstros S.A.” (2001) e o próprio “Divertida Mente”. Obviamente alguns filmes são marcantes para os adultos porque representam o fim de uma história que se iniciou na infância, como é o caso de “Toy Story 3”. Talvez também seja por isso que estamos (sim, eu estou) ansiosos para a estreia de “Procurando Dory”. Afinal, quem não se divertiu com “Procurando Nemo” (2003)? O filme nos trará a lembrança de velhos personagens que marcaram nossas vidas, e esses elementos guardados na memória são extremamente importantes e gratificantes para o ser humano. Em outros casos, nos comovemos pela simples apresentação da mensagem bonita e inspiradora que o filme nos traz. Podemos nos apegar fortemente aos personagens, mesmo que eles sejam computadorizados, e choramos sem vergonha de admitir (ou será que não?).
Acho difícil descobrir apenas um motivo pelo qual as animações prendem a atenção dos adultos, pois é uma mistura de diversos fatores contribuintes. Acredito que esses desenhos afloram as crianças que existem dentro de cada um de nós, mas que tudo é muito bem pensado para agradar aos adultos também. Sendo assim, a indústria dos desenhos infantis está de parabéns. E que venham muitos outros pela frente!