Crítica: Zerando a Vida (2016)
Zerando a Vida é a prova que nem a Netflix acerta todas (mas precisava ser um erro tão feio?)
Ficha técnica:
Direção: Steven Brill
Roteiro: Kevin Barnett, Chris Pappas
Elenco: Adam Sandler, David Spade, Paula Patton, Matt Walsh, Kathryn Hahn
Nacionalidade e lançamento: EUA, 2016 (27 de maio de 2016 na Netflix no Brasil)
Sinopse: Max reencontra um amigo da escola décadas depois e lamenta que a vida do companheiro não tenha evoluído. Ele elabora um bizarro plano para que ambos possam recomeçar a vida.
A Netflix é uma empresa querida por muitos. Ela possibilitou, por um preço justo, termos acesso a um catálogo de filmes e séries bastante atrativo. Já tem algum tempo que ela tem se aventurado em produções próprias – inclusive é a tendência de ser o carro-chefe da plataforma daqui a alguns anos. Séries como House of Cards e filmes como Beasts of no Nation foram sucessos de público e crítica. Mas alguém achou que seria uma boa ideia fazer um contrato de 4 filmes com Adam Sandler…
É um pouco difícil falar sobre a história de Zerando a Vida, o segundo desses filmes, sem dar spoiler. Isso ocorre, pois o longa tem muitas reviravoltas. A maioria delas altamente previsível ou apenas conveniente, ainda assim, mesmo eu detestando o filme, não contarei detalhes da trama para não estragar a experiência de quem não viu. Mas a minha dica é: não veja.
Uma obra pode ter várias surpresas e isso, claro, é positivo. Porém quando elas são forçadas e estão ali para causar um pseudo impacto, a força narrativa se perde. E é o que mais acontece aqui. O roteiro é o elemento mais problemático em Zerando a Vida – e infelizmente essa parte estrutural é, de longe, o menor dos problemas.
O humor é bem Adam Sandler, no pior dos dias dele. As piadas são visuais e físicas com forte cunho sexual (e machista). Não espere uma comédia que te desafie ou faça pensar. A coisa é jogada na tela de uma forma fácil. Particularmente eu ri em apenas duas cenas – isso porque eu estava de muito bom humor (e já não lembro mais quais momentos foram). A imensa maioria das piadas são antevistas ou simplesmente ruins.
A química entre a dupla de protagonistas é boa. Durante todo o tempo você acredita na amizade deles e o entrosamento do atores (David Spade e Sandler) funciona. Provavelmente essa dobradinha é a melhor coisa do filme, o que não é grande coisa aqui. Os demais personagens vem e vão na trama e não trazem grande profundidade. Estão lá só para fazer parte das viradas “surpreendentes” ou para uma ou outra piada – sem sucesso, como frisei anteriormente. Há tipos como: a mãe senil, a ex-namorada psicótica, o valentão que não exatamente o que aparenta, gêmeos que irritam, etc.
Filmes de comédia permitem um certo absurdo. Faz parte da brincadeira e quando usado com perícia gera um bom resultado. Os irmãos Coen são mestres no ramo. Aqui o absurdo extrapola qualquer limite e te tira da imersão da história. Os eventos ficam demasiados inverossímeis. O último arco e toda a premissa principal de Zerando a Vida merecem quase um zero mesmo. E eu reclamando de piada ruim.
Apesar de ter muita cena inútil e de ser um pouco mais longo que o necessário (quase duas horas), o ritmo flui bem e não ficamos entediados – ficamos revoltados, mas entediados não… A parte técnica, aliás, mesmo não estando digna de elogios não atrapalha a narrativa, esta se atrapalha sozinha. Os elementos como direção, ritmo, trilha, fotografia são apenas genéricos e nulos.
Zerando a Vida é só mais um filme do Adam Sandler. Se você é fã do estilo dele pode ser que aprecie, mas há de reconhecer que não tem nada de novo aqui. Sugiro que se pergunte se será que não vale a pena usar o tempo livre para experimentar outros tipos de filme ou ainda tomar uma injeção na testa? Zerando a Vida é desnecessário, esquecível e ultrapassa o mau gosto.