Crítica: Circle (2015)
Circle se propõe a ser uma metonímia da sociedade, mas falha em muitos aspectos.
Ficha técnica:
Direção e roteiro: Aaron Hann, Mario Miscione
Elenco: Michael Nardelli, Allegra Masters, Molly Jackson, Jordi Vilasuso, Rene Heger, Lisa Pelikan
Nacionalidade e lançamento: EUA, 2015 (catálogo da Netflix Brasil em 2016)
Sinopse: 50 pessoas acordam em um ambiente desconhecido e percebem que cada uma está restrita a um pequeno círculo. De minutos em minutos uma delas é assassinada. A escolha de quem morre e o derradeiro destino daquele grupo causa uma enorme comoção no local.
Circle mescla Cubo (1997) com 12 homens e uma sentença (1957). Há o elemento ficção científica e o convencimento de outrem em um único ambiente, dado por uma certa crítica social. Mas sem dúvidas sem o mesmo vigor das duas obras citadas.
Somos jogados em um ambiente que não sabemos nada sobre. Temos que descobrir o funcionamento do “jogo” junto com os personagens. Quando passamos a conhecer a mecânica a coisa fica bem tensa. E sustenta, mesmo com uma certa repetição, tal elemento por uma hora de filme (o tempo total é de 1h27). O final pode alternar entre reflexivo, decepcionante e até surpreendente.
“Um único cenário com efeitos especiais fracos e atuações ruins”. Você pode encarar Circle desta forma e não estará errado. Por outro lado, o longa te dá oportunidade de tentar se colocar no lugar daquelas pessoas e pensar o que faria. Quais caminhos tomaria? Pensaria em alianças? Iria se sacrificar? Conseguiria ser totalmente frio e calculista?
Porém, mesmo no lado positivo, o de construir um ambiente análogo ao da sociedade que conhecemos e o de suscitar aqueles questionamentos, o filme possui falhas. Algumas atitudes são pouco críveis. Por exemplo, alguém acabou de fazer algo que desencadeou a própria morte e vem outro cidadão e repete a mesma coisa – vamos chamar isso de complexo de Homer Simpson. E os tipos escolhidos (mulher grávida, velhos, criança) são colocados em tela de maneira unidimensional. Raras vezes tal artifício funciona, foi o caso recente de A Vingança Está na Moda. A descoberta inicial é feita de forma atropelada e gera atitudes improváveis (aqui o demérito cai na conta da atuação, roteiro e direção).
Circle, que está atualmente no catálogo da Netflix, foi produzido com baixo orçamento e isso pesa no resultado final – o fato de Aaron Hann e Mario Miscione estarem no trabalho de estreia também conta negativamente. Todavia, há uma boa ideia na proposta ou pelo menos uma abordagem instigante que pode valer o tempo gasto. Circle se presta mais por uma ou outra pergunta feita após o filme e um entretenimento passageiro do que por méritos cinematográficos em si.