Crítica: Warcraft – O Primeiro Encontro de Dois Mundos (2016)
Warcraft – O Primeiro Encontro de Dois Mundos pode funcionar para os fãs do jogo, para o público leigo dificilmente….
Ficha técnica:
Direção: Duncan Jones
Roteiro: Duncan Jones, Charles Leavitt
Elenco: Travis Fimmel, Paula Patton, Ben Foster, Toby Kebbell, Daniel Wu
Nacionalidade e lançamento: EUA, 2016 (02 de junho de 2016 no Brasil).
Sinopse: a paz em Azeroth fica estremecida após a chegada dos Orcs. Um Guardião é convocado para, junto com Anduin Lothar – um líder militar, proteger o mundo da ameça desconhecida.
Warcraft dividirá o público e gerará discussões sobre adaptações e o quanto um filme serve para agradar os fãs do material original e o quanto ele tem que se sustentar como obra única. Darei logo a minha opinião: a comparação com o livro/HQ/jogo é válida, mas apenas como curiosidade e em discussões entre os fãs desses materiais. Para analisar o filme, o tempo em tela é a única fonte a ser considerada.
Dito isso, Warcraft é completamente confuso e não funciona para o público que simplesmente chegou no cinema sem a bagagem do game. O que parece é que os personagens, conflitos, universos, foram – com o perdão do trocadilho – jogados na tela de qualquer maneira.
A primeira cena temos um embate e somos posicionados do ponto de vista de um Orc. O artifício foi usado no filme Nocaute, no ano passado. Ele causa um bom impacto visual e se presta como uma certa homenagem aos jogos em primeira pessoa. Este é um dos poucos, talvez único, momento que o filme se propõe a dialogar bem com os dois universos: o gamer e o cinematográfico.
A partir daí somos metralhados com informações contextualizadas de forma bem superficial e embaralhada. A história é mal trabalhada, não convence e cai no óbvio. Perguntas necessárias no começo não são respondidas. A trama parece que não sai do lugar e há uma repetição irritante. A sensação que poderia ter mais história, mas que preferiram guardar para o segundo filme é patente ao final das mais de duas horas – pelo menos o subtítulo brasileiro foi honesto…. Outro problema é a constante sensação de que o filme vai acabar, mas não acaba… o terceiro arco é bem arrastado, com o agravante que quando acaba de fato fica o sentimento de: “era só isso?”.
Sobre os personagens há uma gama de análises a serem feitas. Durotan é um Orc com uma certa humanidade (não física, mas sentimental). O tipo funciona e gera empatia, mas não tem grandes camadas. Khadgar é um mago iniciante e tem um destaque na trama, servindo como alívio cômico – às vezes funciona outras nem tanto. Medivh é o guardião daquele reino, porém esteve ausente durante muito tempo. Ele foi um dos piores personagens em várias instâncias. Garona é a mais complexa aqui. Todavia, faltou uma camadinha a mais para que ela se tornasse uma baita figura.
O visual também é inconstante. Temos momentos bem carregados de computação gráfica ao passo que a caracterização dos Orcs está bem vívida, sendo esta um dos pontos altos de Warcraft. Os cenários nos trazem belas paisagens, mas em dados momentos o CGI pesa e nos tira da imersão.
As lutas são repetitivas e cansam. A parte dos diálogos e desenvolvimento da história traz vários problemas. O fã pode ver materializado nas telonas aquele ambiente que estava acostumado. Quem não jogou poderá ficar perdido ou entendiado. Todavia, vi o longa em uma sessão recheada de fãs e não teve uma risada generalizada ou um “uau”, comoção quase zero.
Warcraft – O Primeiro Encontro de Dois Mundos, como filme, não é uma boa experiência. Se Assassin Creed não salvar, Angry Birds será considerado o melhor longa baseado em games, isso naquele que seria o ano da volta dos vídeos games aos filmes.
Ah, a comparação com Senhor dos Anéis… bem, essa é melhor deixar pra lá…