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Crítica: Maravilhoso Boccaccio

Maravilhoso Boccaccio é um Decameron suave, bem suave…

Ficha técnica:
Direção e roteiro: Paolo Taviani e Vittorio Taviani
Elenco: Lello Arena,  Paola Cortellesi, Carolina Crescentini, Flavio Parenti, Vittoria Puccini, Michele Riondino, Kasia Smutniak
Nacionalidade e lançamento: Itália, França, 2015 (05 de maio de 2016 no Brasil)

Sinopse: na época  da peste negra na Europa, um grupo de jovens resolve viver em uma região afastada e trocar experiências em narrativas que discutem ética, moral e relações humanas.

Maravilhoso Boccaccio

Decameron é um dos livros mais clássicos da literatura italiana. Escrita por Giovanni Boccaccio entre 1348 e 1353, já teve inúmeras adaptações, inclusive cinematográficas. Maravilhoso Boccaccio vem como mais um integrante inspirado naquela obra.

No filme somos brevemente apresentados a uma Itália infestada pela peste, mal que assolou a Europa durante o século XIV. Basicamente as primeiras cenas só servem para pentear, an passant, aquele contexto. Logo entramos na(s) história(s) de fato.

Um grupo de 7 moças e 3 rapazes, inconformados com o destino calamitoso resolve abrigar-se em uma região afastada. Eles se estabelecem com regras próprias, algo também posto de forma simplificada. Dentre elas a principal: todo dia um deles terá que contar uma história para os demais.

As narrativas são que desenvolvem o filme. Ou pelo menos era essa a intenção. A condução lembra muito o que ocorreu no longa O Conto dos Contos. Como no compatriota, Maravilhoso Boccaccio tem, em cada conto, um começo que desperta algum interesse, um desenvolvimento cambaleante e um término que deixa a desejar. Tornando-as menos interessante que de fato eles poderiam ser.

Maravilhoso Boccaccio

Há, por exemplo, dificuldade em estabelecer empatia pelos acontecimentos e envolvidos. Todavia, sem dúvidas, existe mais aproximação daqueles personagens que dos respectivos narradores, os 10 jovens (nem todos chegam a narrar, ainda bem…). As atuações, principalmente no que tange à movimentação, tem um ar teatral que não convence. Não sei se foi imperícia dos atores ou orientação dos diretores, Paolo e Vittorio Taviani. Todo modo, o aval para tal recurso cai na conta da direção.

A mesma direção que perde viço no elemento anterior, traz enquadramentos precisamente escolhidos. Os figurinos e a exploração dos cenários também é feita de forma a ressaltar o que eles queriam contar. Porém, o resultado acaba sendo um atropelamento destes elementos em relação ao enredo.

Maravilhoso Boccaccio

A parte da crítica aos costumes, com um certo foco sexual, tem méritos. Mas varia de história para história e se perde ou pela falta de sutileza, como na narrativa da freira lasciva, ou não se impõe com força exatamente pelo excesso de sutileza. O bom humor, também é inconstante, tendendo apenas para o riso amarelo.

Maravilhoso Boccaccio pouco acrescenta no universo de Decameron e não gera uma grande consistência como obra única. Ora interessante, ora enfadonho, não ficará marcado na cinematografia italiana e tampouco promove um grande entretenimento. Para quem tem um primeiro contato com Decameron pode ser uma experiência errada: demasiada pudica e pouco mordaz. Longa com méritos, mas passável.

 

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