Eu Cinéfilo #22: Beasts of no Nation
Não é de hoje que assistimos filmes sobre a África, suas guerras e mazelas, por isso podemos achar que “Beasts of no Nation“, primeiro Longa metragem produzido pela Netiflix, vem para ser apenas mas um nessa longa lista. Quando li a sinopse do filme confesso ter imaginado se tratar de um novo “Diamante de Sangue” ou mais um “Lagrimas do Sol”, porém fui surpreendido com um filme totalmente novo abordando um assunto ja explorado em outras produções sem cair na mesmice. Fiquei muito feliz em ser surpreendido positivamente por essa produção, o filme é forte, chocante, impactante e ferozmente dramático.
“Beasts of no Nation” conta a angustiante história de Agu ( interpretado brilhantemente pelo jovem ator Ganês Abraham Attah) pobre menino africano e sua família que se encontram em meio uma violenta guerra entre os rebeldes e o governo africano, apesar de todo esse ambiente hostil eles tentem levar uma vida relativamente “normal”, até que forças rebeldes lideradas por Comandante (Idris Elba) chegam em sua aldeia, matando, estuprando, saqueando e sequestrando. Apesar da tentativa de fuga Agu é capturado e obrigado a se tornar um garoto guerreiro nesse inferno na terra. O pobre menino assustado, sozinho e sem família, começa a ver em Comandante a figura de um líder, facilitando assim sua transformação de jovem estudante a guerreiro assassino. Com o passar do tempo essa confiança e admiração começam a perder força devido o comportamento controverso e agressivo apresentado por Comandante.
O filme se desenvolve muito bem, mostrando como um duro e perverso treinamento associado a uma maléfica lavagem cerebral transforma jovens meninos em monstros sem pátria, uma vez que aliados aos rebeldes seu governo os vê como inimigos do estado nessa guerra que parece não ter fim.
Um dos filmes mais fortes e marcantes que já assisti nesse gênero, toca em pontos importantes e no impacto que nossas posturas e atitudes sobre os outros seres humanos, principalmente nas crianças. Intenso e muito triste, um drama de tirar o folego e chocar o telespectador.
O diretor Cary Fukunaga não cria nada novo, nem repete os planos sequência que sempre marcam suas produções, mas conduz a historia com destreza e nos mostra um novo prisma, sem nos deixar com a sensação de estarmos assistindo a apenas mais um filme de guerra civil na África.
“Beasts of no Nation” foi um dos causadores de polêmica na última edição do Oscar, onde diversos atores e diretores negros se negaram a participar da premiação alegando discriminação racial nas indicações. Idris Elba e Abraham Attah, ambos premiados em outros festivais, inclusive concorrendo a um Leão de Ouro em Veneza, nem se quer foram citados no Oscar.
Texto escrito por:
Natan Rufino