Crítica: O Dono do Jogo
O Dono do Jogo é uma boa história para aqueles que gostam de xadrez ou biografias. Mas não é um filme excelente.
Ficha técnica:
Direção: Edward Zwick
Roteiro: Steven Knight
Elenco: Tobey Maguire, Liev Schreiber, Michael Stuhlbarg, Peter Sarsgaard
Nacionalidade e lançamento: EUA, 2014 (28 de abril de 2016 no Brasil)
Sinopse: trajetória Bobby Fischer (1943-2008) um dos maiores enxadristas de todos os tempos. Fischer era dono de uma memória fora do comum e uma personalidade forte.
O Dono do Jogo estreia esta semana e traz a biografia de uma personalidade que marcou os 60 e 70, e toda a história do xadrez, tornando-se uma celebridade de grande alcance e ajudando na popularização do jogo nos EUA.
A história começa com Fischer aos 8 anos, em 1951, e já temos nas primeiras cenas todas as características que vão permear a personalidade dele: inteligente, determinado, paranoico (ou precavido, depende do ponto de vista).
O longa não perde muito tempo nesta etapa da vida e vai logo contar a história central. Todavia, o começo do filme é bom, principalmente pela atuação do jovem Aiden Lovekamp (que faz o Bobby na infância).
É importante realçar que não há cena ruim em O Dono do Jogo e que a parte técnica, no que tange à fotografia e ao som, está correta. O som aliás é um dos melhores elementos do longa (tanto a trilha, quanto o som da peças, por exemplo). Vale o destaque para a atuação de Peter Sarsgaard, que faz um padre que é o braço direito de Bobby. Ele tem falas divertidas e lida com o incontrolável Fischer de um jeito que convence. Liev Schreiber, interpretando o grande rival do nosso biografado, o Boris Spassky, também está bem. O personagem dele vai crescendo e atinge o ápice no arco final.
A atuação do Tobey Maguire (sim, o Homem Aranha) como protagonista é inconstante. Ele vai melhor no quando o resto do filme não está bom e no arco final, quando o filme engrena, o desempenho dele cai. Tem hora que os trejeitos dele extrapolam ou simplesmente ele é engolido por outros personagens. Em outros momentos os holofotes ficam nele e ele dá conta.
O grande problema aqui é o ritmo. A direção do Edward Zwick, que já dirigiu longas como: O Último Samurai, Diamante de Sangue e foi o produtor de Shakespeare Apaixonado, torna a história arrastada e pior do que ela realmente é. Contudo na condução de Zwick falta sutileza e ao mesmo tempo profundidade na abordagem dos temas. Ele falha em tornar o bom material que tem em mãos em uma obra cinematográfica extremamente atraente, restringindo-se apenas ao correto. Mas as partidas de xadrez são colocadas de forma dinâmica e não devem ser tão problema, mesmo para aqueles que não apreciam tanto o jogo.
O roteiro de O Dono do Jogo não desassocia o contexto político (Guerra Fria) da história de Fischer, e não poderia ser diferente. Há uma boa mescla entre os elementos do jogador e da situação de mundial, principalmente de como ele foi colocado como a esperança americana em derrotar a potencia soviética. Além disso é mostrado a corrupção da federação internacional de xadrez.
Se você gosta de xadrez, biografia e do cenário político da Guerra Fria, O Dono do Jogo pode ser uma boa pedida. Por mais que, longe de ser um filme ruim, ele provavelmente não ficará marcado na cabeça do público como os movimentos das peças ficavam na de Fischer.