Crítica: Em Nome da Lei
Em Nome da Lei traz um tema interessante, bons atores, mas o roteiro… ah o roteiro….
Ficha Técnica:
Direção: Sergio Rezende
Roteiro: Sergio Rezende e Rodrigo Lages
Elenco: Mateus Solano, Paolla Oliveira, Chico Díaz e Eduardo Galvão
Nacionalidade e lançamento: Brasil, 21 de abril de 2016
Sinopse: um novo Juiz chega em uma cidade, perto da fronteira Brasil-Paraguai, com o objetivo de desarticular o crime organizado na região. Mas a corrupção é mais complexa que ele pode imaginar.
Qualquer tentativa no cinema nacional que fuja do velho chavão das comédias genéricas da globo filmes é uma boa, certo? Não. Não podemos nos contentar com pouco, mesmo que seja em um gênero não tão explorado pelas bandas tupiniquins.
Em Nome da Lei traz um tema importante: o tráfico de drogas na região da fronteira, contrabando de um modo geral e a corrupção em diversas instâncias. Mas a forma como foi trabalhado o texto o torna previsível, clichê e algumas vezes sem sentido.
O começo nos traz outro problema do longa: a edição. Vemos cortes rápidos, na tentativa de acelerar, mas prejudicando, a narração. Os primeiros 5 minutos praticamente só tem isso. Ceninha sem fala. Corte. Mais outra. Corte. Imagem. Corte. Enfim, é um artifício um tanto chato e que não acrescenta muito. Em menor medida, é verdade, o recurso se repete ao longo do filme inteiro, atrapalhando a fluidez.
Quando os personagens são apresentados vemos o Juiz Vitor (Mateus Solano), um jovem magistrado que é destemido e decidido a acabar com a bagunça local. Ele é bastante resoluto nos ideias dele, algumas vezes sendo até inocente. Alice (Paola Oliveira) e Helton (Eduardo Galvão) o auxiliam nesta empreitada, ela como promotora e ele como membro da Polícia Federal.
Há também o outro lado da história personificado pelo Gomez “El Hombre”, chefe do crime da região. Gomez comanda as coisas há 30 anos e é visto pela população como um messias, sendo mais respeitado que as forças policiais locais (atentando-se para o fato de que ele as controla).
Tem certas situações, principalmente neste começo, que não parecem verossímeis e soam um tanto forçadas. Há um ar de artificialidade muito grande, nunca vemos algo mais profundo. Rapidamente sabemos o que vai acontecer.
Por exemplo, a formação do casal é feita de forma abrupta e, mesmo ela (a Paola) se esforçando para ter alguma tensão sexual, não há química entre a dupla. Algumas conversas entre eles e o modo como é desenvolvida a relação simplesmente soam, por vezes, absurda.
Já o arco da bandidagem é mais elaborado. De fato fica mais interessante que o resto, mas ele por si só não salva a obra como um todo. E mesmo aqui há subtramas demais – nenhuma com camadas dignas de elogios. As histórias até são apresentadas de forma coerente, mas pecam pelo clichê e pela ausência de um peso para a trama central, mesmo elas estando correlacionadas.
As cenas de ação tem um ar de galhofa não intencional que deprimentemente arranca risadas do público. Os bandidos quando morrem soltam urros que parecem que estão em um jogo do mega drive. Sobre o lado comédia, intencional, tem um personagem que exerce o alívio cômico de forma muito boa, mas tem um momento sério (também não funciona como tal) que fico na dúvida se a intenção era fazer rir ou não…
Os atores até que vão bem. Principalmente dois. A Paola de Oliveira vai no limite que o material fonte dela permite. Ela usa da sensualidade de um jeito correto, explode nas horas devidas e não traz uma expressão monotônica, varia bem conforme a situação pede. Já o Mateus Solano alterna bons e maus momentos. Ele traz a solidez de pensamento do personagem, mas não passa muito além disso. Quando tenta fazer algum gesto mais efusivo deixa a desejar.
O grande destaque vai para Chico Diaz, o Gomez. Toda vez que a história cai nele sentíamos um peso maior e credibilidade. Desde atitudes simples como fumar um cigarro, até na relação com outros personagens. Além da boa atuação bilíngue.
A direção, em certa medida responsável pela não fluidez da história ao dar o aval para aqueles cortes que citei, falha na movimentação da câmera e ao tentar ressaltar alguns aspectos de forma desnecessária. A história capenga também, portanto, por culpa do diretor Sergio Rezende. Além de muitas cenas sobrando, alguns momentos mais tranquilos ficam entediantes e os acelerados confusos.
Pelo trailer achamos que Em Nome da Lei poderia ser um filme ruim… bem, pelo menos não podemos acusá-lo de tentar nos enganar…ah, ele tem alguns spoilers e mostra as poucas cenas de impacto do longa, portanto não recomendo, mas pra quem quiser conferir: