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Crítica: A Linguagem do Coração

A Linguagem do Coração é um filme sobre inclusão, educação e amor.

Ficha Técnica:
Direção: 
Jean-Pierre Améris
Roteiro: 
Jean-Pierre Améris e Philippe Blasband
Elenco: 
Isabelle Carré, Ariana Rivoire, Brigitte Catillon
Nacionalidade e lançamento:
França, 2014 (17 de março de 2016 no Brasil)

Sinopse: um instituto, o convento Notre Dama de Larnay, abriga meninas com deficiências auditivas. Marie, que além de não escutar não enxerga, não é bem recebida no local. Mas irmã Marguerite insiste em cuidar da nova integrante e tenta dar uma edução digna para ela.

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Um grande apelo à emoção. Esse é o resumo de A Linguagem do Coração. O longa deixa a desejar em alguns aspectos, mas emociona (e muito). Quem é educando ou lida com pessoas que tem algum tipo de necessidade especial ou, ainda,  quem simplesmente é um ser humano… deve se sensibilizar bastante aqui…

A Linguagem do Coração mostra as transformações de uma menina que não enxerga e não escuta. Se hoje os educadores, e a sociedade como um todo, não estão 100% preparados para lidar com essa questão, imaginem há alguns séculos… e a realidade do longa é a França do século XIX.

A Marie chega no instituto com características quase animalescas. Ela grita, debate-se e não permite que penteiem o cabelo dela, deem banho e troquem a roupa que ela está vestido.

Marguerite, que tem um problema de saúde, tenta passar por cima das dificuldades e ensinar à menina a se comunicar. Porém os meses se passam e os progressos são praticamente nulos.

A dupla começa a se entrosar e finalmente Marie aprende, ainda que bem vagarosamente, a se expressar e perceber o que os outros têm a transmitir. Cada momento de conquista de Marie geram um YES coletivo no cinema, é realmente muito lindo essa transformação.

Contudo, o filme falha muito neste ponto. Os primeiros aprendizados são cortados. Não sei se não foi filmado ou se retiraram na edição. Fato é que a parte que talvez fosse a  mais interessante simplesmente não aparece em tela.

Em contrapartida, algumas cenas mostram bem, e de forma quase poética, o aprendizado de Marnie. Tem uma cena no balanço e outra sobre a explicação de morte que são lindas e torna-se difícil segurar as lágrimas nesses instantes. Explora-se aqui a linguagem em diversos prismas.

Um certo furo é que demora muito para aparecer algo relacionado com fé/deus na relação de Marnie e Marguerite. Era de se esperar que uma educação religiosa fosse prioridade em um convento. E para piorar temos cenas nesse sentido, mas colocadas de modo mais geral e não no ensino-aprendizado de Marnie.

A Linguagem do Coração

Por outro lado, mais para o final do filme, há um discurso, proferido pela Madre Suprema do local, que é sensacional. Ele trata de como a religião dela é baseada na revolta. A fala em si tem muito impacto e no momento do filme mais ainda.

A atuação de  Isabelle Carré (a Marguerite) é muito boa. Ela dosa bem os sentimentos e dificuldades que a personagem passa. Já a interpretação da jovem Ariana Rivoire (Marnie) me causou uma certa dubiedade: há momentos de entrega física que impressionam, mas há outros que beiram o caricatural.

Há um certo alívio cômico em algumas cenas que fazem o público rir e até gargalhar. Mas o foco maior aqui é o drama da menina e da tutora. E demostrando como uma linguagem nova pode ser trazida para o convívio de todos. O filme aliás é baseado em fatos reais.

A linguagem do Coração

A direção do Jean-Pierre Améris não me agradou. Ele até tem alguns bons momentos, mas o tom geral é de uma certa preguiça. E ele utiliza repetições desnecessárias de situações que já entendemos e nos emocionamos, o que as fazem perder muita força. O filme corre em momentos que não era para correr e fica lento onde dava para acelerar.

A Linguagem do Coração, apesar de falhar na execução de alguns pontos e tornar óbvios outros tantos, toca fundo, adivinhem… no nosso coração. Faz o público pensar sobre preconceito e refletir se estamos, hoje em 2016, preparados para lidar com a diversidade…. infelizmente acho que a resposta é negativa.

Apesar dos problemas o longa, que estreou em março em poucas salas, vale o ingresso. Mas corram que provavelmente ele não deve ficar mais do que uma ou duas semanas em cartaz.

[o trailer revela algumas passagem que seriam melhores apreciadas no calor do filme. Mas não chega a estragar a experiência como um todo]

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